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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Depois é nunca, né Carpinejar?

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publicado em 08/11/2022 às 07h00
atualizado em 08/11/2022 às 09h42

Acordo e cravo um prego na parede, mas não tenho o quadro para pendurar. Arranco o prego e conserto um pé de uma cadeira antiga –  eu sei que é um paliativo.

Sonhei com você: “Da janela de uma bossa nova/A esperança que hoje se renova/O vento passa, o tempo prova/Há quantos anos que você me olha?” Quer sabre?  Aliás, do jeito que você me olha…

O prego maior na cruz imaginária, onde dorme Jesus, bem acima das personagens do Kamasutra, no quarto onde me deito. Foi presente de Mariene ou Mariane, as irmãs gêmeas, sobrinhas de Luiz Brasil.

Olho o pássaro nos fios da rua mimética, onde se opera a dissolução dos caminhos. Ou abre atalhos. Faço um acordo com o pássaro, não o fotografo, deixo ele cantar a espera de outro braço. O vento passa e o outro pássaro não chega.

Depois é nunca, né Carpinejar?

Volto a minha adolescência. Algo novo aconteceu comigo. Na infância, estou nos braços do meu pai, que me ensinou a ler.

à/a frase, a face, a fase, tudo novo, que chega para cumprir o desígnio da espada. Sou a frase e o friso semeado num mel dulcíssimo, entre as ancas.

É só meu esse gesto, que ornamenta a face da minha fantasia de velhos carnavais. Não sou guerreiro, nem sou o Tao. Nem ateu. Sou um, cujas mãos consomem caricias antigas, um amor a moda dos selvagens, que se acariciam a cada instante, que vem da trégua, para depois recomeçar.

Depois é nunca, é Carpinejar?

Sem ira, sem a cordilheira das metáforas, apenas o “Sol vermelho é bonito de se ver/Lua nova no alto que beleza, Céu de azul bem limpinho é natureza/ Em visão que dá muito de prazer”  Ontem entrevistei Daniel Gonzaga, filho de Gonzaguinha, neto do Rei do Baião.

A lua é testemunha e muitos carros na pista que nos leva a um porto seguro.

O céu é tão lindo visto da estrada de Cabedelo, um favo sobre os olhos, seguindo uma paz que é quase uma vertigem, um o gesto primário de cavar um buraco no chão e plantar uma roseira.

Céu, tão grande é o céu…

Sou inteiro a prumo, eu me arrumo, arranco o prego da parede e prego noutra sala, onde não habito, mas sei que estou lá e, por isso, não me sai do pensamento.

É como a Bahia de Ary Barroso, não sai do pensamento.

Kapetadas

1 – A grande verdade é que Guilherme de Pádua morreu sem pagar pelo crime. Ele teve a infeliz sorte de nascer em um país como o Brasil.

2 – Tô vendo as coincidências em torno da morte de Guilherme de Pádua e penso que a vida é, de fato, um mecanismo. Dia 6 de novembro de 1992, foi o dia que começou a novela Explode Coração, depois ele praticou o crime. Um monstro. Dia 6 de novembro passado, o coração deve explodiu.

3 – O som na caixa está dentro do texto

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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