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Irmã diz que Planalto ofereceu cargos pela morte de ex-PM ligado aos Bolsonaros

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publicado em 06/04/2022 às 15h55
atualizado em 06/04/2022 às 12h57
Foto: Divulgação Polícia Civil

A Folha de São Paulo divulgou nesta quarta-feira (6) uma escuta telefônica da Polícia Civil do Rio de Janeiro onde a irmã de um policial militar, suspeito de envolvimento no esquema das rachadinhas, revela que foram oferecidos cargos comissionados no Palácio do Planalto para a execução de seu irmão.

Adriano Magalhães da Nóbrega , ex-capitão da polícia, foi morto há dois anos após ficar foragido sob acusação de comandar a maior milícia do Rio de Janeiro.

Na gravação que a Folha teve acesso, Daniela Magalhães da Nóbrega, irmã do ex-policial, afirma a uma tia, que ele soube de uma reunião envolvendo seu nome no Palácio do Planalto e do desejo de que se tornasse um “arquivo morto”.

“Ele já sabia da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto. Ele já era um arquivo morto. Já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele, já. Fizeram uma reunião com o nome do Adriano no Planalto. Entendeu, tia? Ele já sabia disso, já. Foi um complô mesmo”, disse ela na gravação autorizada pela Justiça.

Em contato com a reportagem da Folha, o Palácio do Planalto e a defesa de Daniela não se posicionaram sobre o conteúdo das escutas.

O caso

Adriano foi morto em 9 de fevereiro de 2020. Ele era apontado como um dos comandantes de uma milícia no Rio de Janeiro também era suspeito de envolvimento no esquema da “rachadinha” no antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Assembleia Legislativa fluminense.

Após a morte de Adriano, o presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou as ações policiais decorrentes de uma operação que estava sendo realizada na Bahia. Bolsonaro e Flávio chegaram a defender uma perícia independente para analisar o caso.

A atuação do presidente na ocasião foi alvo de elogio de Tatiana em outra conversa.

“Ele foi nos jornais e colocou a cara. Ele falou: ‘Eu estou tomando as devidas providências para que seja feita uma nova perícia no corpo do Adriano’. Porque ele só se dirige a ele como Adriano, capitão Adriano.”

Em outra gravação que a Folha de São Paulo teve acesso sobre o caso, outra irmã do ex-policial, Tatiana Magalhães, sugere que o mandante da execução foi o ex-governador Wilson Witzel.

“Foi esse safado do Witzel, que disse que se pegasse era para matar. Foi ele.”

Nas escutas, a família de Adriano se posiciona contra as acusações do ex-policial comandar uma milícia e afirmam que os apontamentos, na verdade, tinham a intneção política de vinculá-lo à imagem do presidente Jair Bolsonaro. Tatiana classifica o irmão como bicheiro.

“Pessoal cisma que ele era miliciano. Ele não era miliciano não. Era bicheiro. […] Querem pintar o cara numa coisa que ele não era por causa de coisa política. Porque querem ligar ele ao Bolsonaro. Querem ligar ele a todo custo ao Bolsonaro.”

“Aí querem botar ele como uma pessoa muito ruim para poderem ligar ao Bolsonaro. Aí já disseram que foi o Bolsonaro quem assassinou. Quando a gente queria cremar diziam que e a família queria cremar rápido porque não era o Adriano. Uma confusão.”

Bolsonaro tem vínculo anunciado com Adriano desde 2005. Na época ainda como deputado, ele defendeu o então tenente da PM em discurso na Câmara dos Deputados. Ele criticou a condenação do ex-policial na morte de um flanelinha decorrente de uma operação policial.

MaisPB com Folha de São Paulo

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