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crise no afeganistão

Esforço de duas décadas foi um fracasso, diz professor

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publicado em 17/08/2021 às 10h18
atualizado em 17/08/2021 às 11h17
Foto: Reprodução

As cenas gravadas no Afeganistão e que chocaram o mundo nesta segunda-feira (16) demonstram o fracasso da operação dos EUA no país durante duas décadas. Mesmo assim, para o professor Augusto Teixeira, doutor em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), não é possível apontar um único culpado pelo caos registrado. Em entrevista ao programa Hora H, da Rede Mais Rádio, o professor explicou que a crise envolve vários atores e que a solução para a garantir o respeito aos direitos humanos entre os afegãos depende de esforço mútuo.

“Infelizmente todo o esforço de duas décadas na tentativa de construir um Afeganistão democrático e sustentável – do ponto de vista político, de segurança e econômico – se mostrou um fracasso. O talibã é um grupo político, religioso, extremista que já controlou o país entre 1996 e 2001, que tem uma interpretação muito rígida da lei islâmica e tem repercussões muito negativas não apenas para as minorias, mas, em particular, para as mulheres”, destacou Augusto Teixeira.

O professor salienta o esforço do grupo para demonstrar que não terá uma atuação radical, mas reforça que o comportamento não e democrático e que, sem dúvidas, haverá retrocesso da liberdade civil da população. “Para o mundo, se tem o risco de ver o Afeganistão novamente sendo celeiro de grupos extremistas não apenas no Oriente Médio ou Ásia Central, mas com repercussões na Europa e Estados Unidos”.

Augusto lembrou ainda que foi o próprio EUA que patrocinou o conflito contra o talibã em resposta aos atentados de 11 de setembro de 2001, mas que não possível apontar um único culpado pela situação atual. “Eu não coloria culpado na figura de algum presidente. Infelizmente, ocorreu que o cronograma de retirada das tropas dos EUA caiu na presidência do Joe Biden, mas o fato é que desde o final de 2009 os presidentes americanos sempre deixaram claro o interesse de sair do Afeganistão”, diz.

O resultado mais dramático, contudo, na visão do professor, é que “não se conseguiu construir instituições que se tornassem sustentáveis. O talibã tomou várias províncias sem lutas. O presidente fugiu do país. Postos militares foram abandonados deixando armas e munições para o talibã. Como os EUA poderiam gastar sangue e dinheiro para libertar o Afeganistão quando o próprio Afeganistão não lutou. O que não se esperava é que o governo afegão ruiria da forma de ruiu”, conclui.

MaisPB

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