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Pedro Luís homenageia Luiz Melodia em Inhotim, Minas Gerais, neste sábado

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publicado em 14/08/2021 às 10h02
atualizado em 14/08/2021 às 11h53

Kubitschek Pinheiro MaisPB

Fotos Vicente de França

Um dos maiores nomes da música brasileira, Luiz Melodia, (autor de Pérola Negra, Juventude Transviada, Magrelinha, Estácio, Eu e Você), falecido em abril de 2017, aos 66 anos, será homenageado neste sábado, pelo cantor e compositor Pedro Luís na edição do Inhotim em Cena, programação cultural patrocinada pelo Instituto Cultural Vale. O show será transmitido às 11h, no Instagram @inhotim e no canal do instituto no YouTube InstitutoInhotim.

Acompanhado por sua banda e pela Orquestra de Câmara Inhotim, regida pelo maestro César Timóteo, o artista apresenta novos arranjos para canções do álbum “Vale Quanto Pesa – Pérolas de Luiz Melodia” (Deck/2018), em show gravado na cobertura da Cosmococa – galeria que abriga obras do artista Hélio Oiticica do cineasta Neville de Almeida. Pedro Luís (voz e a guitarra) toca com Élcio Cáfaro (bateria), Miguel Dias (baixo) e Pedro Fonseca (teclados).

Entre os destaques do repertório “Feto, Poeta do Morro” de Luiz Melodia. Originalmente criada para o disco Pérola Negra (1973), a música foi censurada pela ditadura e só foi liberada em 2020 pela esposa de Melodia, Jane Reis, para que Pedro tivesse a honra de gravá-la. “Feto, Poeta do Morro” traça paralelos entre o Rio de Janeiro no qual o Luiz Melodia cresceu e as peculiaridades do Brasil setentista.

Pedro Luís conversou com o MaisPB, falou da “alegria imensa” de homenagear Melodia em Inhotim e da importância da obra de Luiz Melodia para Música Popular Brasileira.

Inhotim em Cena com Pedro Luís e Orquestra de Câmara Inhotim
Neste sábado, 14 de agosto, às 11h.

Novidade – Pedro Luís está cantando com Taïs Reganelli o sigle “Medo”, lançado ontem (sexta-feira) nos aplicativos de música distribuído pela Loop Discos. A nova canção da cantora e compositora suíço-brasileira retrata os diversos temores que permeiam a existência humana – dos mais específicos, como o de perder a voz, aos mais comuns, como o medo da morte. O clipe, filmado em Lisboa e dirigido por Juliano Luccas, reforça, em imagens, o desconforto que o medo causa.

MaisPB – Além da homenagem do CD a Luiz Melodia, você agora estende na sua apresentação na edição do Inhotim. Fala aí dessa alegria?

Pedro Luís – Poder dar seguimento à minha homenagem à Luiz numa cena tão especial é sem dúvida uma imensa alegria, ampliada pelo fato de somar a Orquestra de Câmara de Inhotim à bela história que construí com a banda que me acompanha neste trabalho. Isso tudo em um momento ainda muito complicado pra arte e cultura. Tudo foi muito emocionante.

MaisPB – Nesse show em que você vai estar acompanhado por sua banda e pela Orquestra de Câmara Inhotim, regida pelo maestro César Timóteo, serão apresentados novos arranjos para canções do álbum “Vale Quanto Pesa – Pérolas de Luiz Melodia”?

Pedro Luis – A construção do acontecimento que começa entre minha empresária Heloísa e Antonio Grassi, diretor artístico do Museu, veio lenta e cuidadosamente, até decidirmos que seria banda + orquestra. Em seguida vem a aproximação com o maestro César, que além de seu talento e competência é uma pessoa de uma gentileza ímpar. Essas qualidades se disseminam pelos músicos da orquestra e tudo então conspira para o melhor acontecer. A partir dos arranjos de meu álbum Vale Quanto Pesa os arranjos começam a ser adaptados e/ou criados especialmente para este encontro.

MaisPB – Fale-nos da importância de cantar na cobertura da Cosmococa, a galeria que abriga obras do genial Hélio Oiticica e do cineasta Neville de Almeida?

Pedro Luís – Estar num Museu com a grandeza do Inhotim já é de uma importância singular, tanto mais sobre uma galeria que é o encontro da obra de Oiticica com a do cineasta Neville de Almeida. Oiticica sobe o Morro da Mangueira para aprender, Melodia desce o Morro de São Carlos para ensinar. Estar sendo vetor dessa conjunção é motivo de orgulho máximo em minha trajetória de cantautor.

MaisPB – No show você canta “Feto, Poeta do Morro”, que foi criada para o disco “Pérola Negra” (1973), mas foi censurada pela ditadura. Qual é a sensação de cantar e gravar uma canção, que Melodia não conseguiu?

Pedro Luís – Na verdade a canção é posterior ao Pérola Negra. Melodia não quis retomar a canção depois de censurada. Jane Reis, que foi companheira do Luiz por quase 40 anos, muito generosamente me ofereceu a possibilidade de revelar ao público uma canção que Luiz nunca chegou a gravar. Isso se dá quando resolvemos lançar a versão de luxo do álbum, com 6 faixas a mais do que já havíamos disponibilizado na 1ª edição. Foi um desafio e um prazer, na mesma medida, Gosto muito do resultado.

MaisPB – O show é todo cantando com as músicas de LM?

Pedro Luís – Com exceção de Negro Gato, de Getúlio Cortes, que foi gravada e imortalizada por Luiz, aponto de render-lhe a alcunha com o nome da canção, todas as outras são de Melodia.

MaisPB – Você está compondo, podemos esperar algo digital para 2022?

Pedro Luís – Apesar de toda estranheza e adaptação de rotina que estamos experimentando tenho sim conseguido compor. Tanto sozinho quanto com parceiros já clássicos e outros que acabaram de chegar no meu universo de autor. Sem dúvida virá álbum novo, não demora.

MaisPB – Esse material gravado em Inhotim vai virar DVD e CD?

Pedro Luís – DVD não creio. Álbum digital com certeza. Formatos físicos não pensamos ainda.

MaisPB – Você acredita que vamos sair dessa pandemia, que o Brasil melhorar?

Pedro Luís – Sim para as duas questões, resta saber quando. Poderíamos estar mais perto disso aqui no país, não fosse o descaso escolhido por um projeto que aposta e investe na destruição. Mas não há mal que dure para sempre.

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