João Pessoa, 07 de agosto de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
'BAIÃO GRANFINO'

MaisPB Entrevista: Jorge Du Peixe, da Nação Zumbi, grava 11 canções de Luiz Gonzaga

Comentários: 0
publicado em 07/08/2021 às 11h41
atualizado em 07/08/2021 às 09h25

Kubitschek Pinheiro/MaisPB

Fotos José de Holanda

Com o single “Rei Bantu”, o cantor e compositor pernambucano Jorge Du Peixe deu o pontapé inicial para seu novo álbum “Baião Granfino”, que será lançado em setembro e terá 11 faixas com versões das músicas de Luiz Gonzaga, um dos maiores personagens da música popular brasileira.

Jorge Du Peixe diz que Luiz Gonzaga faz parte de sua memória afetiva e que gravar “Baião Granfino” é concretizar um desejo antigo. Ele está certo ao misturar o baião com o maracatu. O músico já disponibilizou sua versão de “Rei Bantu” (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas) nas plataformas de streaming com produção por Fábio Pinczowski.

Para esse single Du Peixe convidou os músicos Carlos Malta (sopros), Mestrinho (sanfona), Pupillo (ex-Nação Zumbi, bateria e percussão) e Swami Jr. (violão sete cordas), além do coro formado por Naloana Lima, Sthe Araújo e Victória dos Santos

Du Peixe encarou a responsabilidade e o desafio e tem cumprido bem o papel de sucessor natural de Chico Science na condição de frontman da banda Nação Zumbi, desde “Rádio S.Amb.A.” (2000), primeiro disco da banda sem seu mentor.

Acertadamente Jorge Du Peixe se envolveu também em projetos paralelos, como a banda Los Sebosos Postizos, em que integrantes da Nação Zumbi dedicam-se ao repertório de Jorge Benjor. Ou seja, um plural nesse terreiro musical.

Não é a primeira vez que o músico canta Gonzagão: com ele à frente, a Nação Zumbi colocou sua versão de “O fole roncou” de Luiz Gonzaga e Nelson Valença em “Baião de Viramundo – Tributo a Luiz Gonzaga” (2000). Nele, artistas e bandas – pernambucanas em sua maioria absoluta – reliam clássicos e lados B do Velho Lua.

Chico Science teve vida mínima, morreu no dia de Iemanjá em 1997, em um acidente automobilístico.

Na estrada desde 1993

Jorge Du Peixe começou a sua carreira na música em 1993. O cantor e compositor pernambucano é vocalista da Nação Zumbi, uma das bandas mais importantes e revolucionárias da música brasileira. Nascida no início da década de 1990, a banda originalmente se chamava Chico Science e Nação Zumbi e era liderada por Chico Science, cantor, compositor e um dos principais representantes do movimento manguebeat. Depois da morte precoce de Chico, Du Peixe, que já era membro da banda, assumiu os vocais.

Com a Nação Zumbi lançou 13 discos, fez parcerias com diversos artistas e shows em vários países. Algumas de suas músicas entraram em trilhas sonoras de filmes e novelas. O artista também integra outros projetos musicais, como a banda Los Sebosos Postizos, com quem lançou o disco “Los Sebosos Postizos Interpretam Jorge Ben Jor” (Deck), produzido por Mário Caldato Jr., e o grupo Afrobombas, que tem como vocalista, além de Du Peixe, Lula Lira, filha de Chico Science.

Jorge também compõe trilhas para filmes nacionais. Em “Amarelo Manga” (2003), do diretor Cláudio Assis, assinou a trilha com Lúcio Maia. Em 2011, ganhou o prêmio no Festival de Paulínia de melhor trilha sonora pelo filme “Febre do Rato”, de Cláudio Assis. Em 2017, fez a direção musical do espetáculo “Cão Sem Plumas”, da Cia de Dança Deborah Colker, ao lado de Berna Cepas. Em 2019, fez a trilha do filme “Piedade”, também de Cláudio Assis, que foi premiada no 13º Los Angeles Brazil Film Festival. Lançou em 2020 o livro juvenil “A Nave Vai”, pela editora Barbatana. Em formato de compacto, a publicação conta com o texto e a narração de Jorge Du Peixe e as ilustrações do artista Rodrigo Visca. Recentemente, fez parcerias com os artistas Marcelo D2, na música “Pela Sombra”, e Edi Rock, na música e clipe “Vai”.

O artista conversou com o Portal MaisPB, adiantou mais algumas canções do repertório que vão constar no disco e disse com todas as letras a importância do Rei do Baião em sua vida, cuja obra ele escuta desde pequeno.

MaisPB – Você está lançando o primeiro single “Rei Bantu” que vai integrar o álbum “Baião Granfino”, em homenagem ao Gonzaga?

Jorge Du Peixe – Minha singela homenagem ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga, é uma ideia bem antiga, que só agora posso realizar, a convite do produtor Fábio (Pinczowski). Essa ideia vem de muitos anos. Luiz Gonzaga faz parte da minha memória afetiva. A gente cresce escutando e vive ouvindo. Quem é do Nordeste escuta Gonzaga para onde quer vá. Eu sou um. Esse é o momento certo de gravar essa homenagem, deu no que deu, Baião Granfino.

MaisPB – Então, já era um desejo antigo? E veio agora nessa pandemia?

Jorge Du Peixe – Não é que tenha vindo na pandemia. A possibilidade da realização veio durante a pandemia, mas como eu falei, Fábio Pinczowski já havia feito o convite há alguns anos, se eu gostaria de cantar. Ele me lembrou no começo de 2020, foi quando deu esse estalo, aí começamos a conversar sobre o repertório. Ele é conhecedor de boa parte da obra de Luiz Gonzaga.

MaisPB – Poderia adiantar outras canções, que você vai trabalhar para esse disco?

Jorge Du Peixe – O repertório, acredito, que ficaremos em onze músicas: entre elas os clássicos “Sabiá”, “Que nem Jiló” “Pagode Russo” e algumas outras que a gente prefere deixar de surpresas., disse ele rindo.

MaisPB – Como tem sido pegar os baiões, os lamentos, forrós, a arte do Gonzaga e misturar com a sua arte?

Jorge Du Peixe – A gente cresceu ouvindo o Gonzaga. O baião é universal. O baião já foi um ritmo original do Brasil. E mantendo sempre, quando se faz uma versão de um artista que você admira, a espinha dorsal, a linha harmônica vai estar sempre presente e o baião permite isso.

MaisPB – Por ser universal o baião foi longe…

Jorge Du Peixe – Sim. Por ser universal ele flerta com muita coisa. Para onde quer que você leva uma canção de Luiz Gonzaga, pelo lamento, pelas harmonias, pelas melodias bonitas que todo repertório dele oferece, sempre fica bonito. A gente tem que ter um carinho, em se tratando de uma obra de uma outra pessoa e o respeito acima de tudo e, quando se faz uma homenagem, o respeito é dobrado. Eu divido isso com quem colaborou, com quem tocou no disco, todos os músicos, o disco ao todo são vinte músicos tocando, o produtor acabou fazendo três bandas distintas para algumas músicas. Isso já é uma ideia boa em vários lugares do disco, e isso foi interessante também – a gente ver que a obra dele pode ir para vários lugares e isso é muito gostoso de mexer.

MaisPB – Você acredita que o Brasil vai melhorar, vamos sair desse inferno?

Jorge Du Peixe – Se eu acredito que o Brasil vai melhorar, não, o Brasil tem que melhorar, não apenas nos livrar do governo, esse governo tem que ser punido, que a justiça se faça presente e abra os olhos cada vez mais e, longa vida à democracia. Mas o Brasil precisa urgentemente sair das trevas. Fora Bolsonaro!

MaisPB

Leia Também