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Reportagem MaisPB

Antônio Maria, cem anos nesta quarta-feira

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publicado em 17/03/2021 às 13h02
atualizado em 17/03/2021 às 11h57
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Kubitschek Pinheiro MaisPB

Pernambuco de Joaquim Nabuco, o abolicionista brasileiro que nos mostrou vastas solidões, ao escrever que “a escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil”, frase célebre do seu livro “Minha formação”, (Memórias, 1900), que Caetano Veloso musicou e gravou no disco “Noites do Norte” no ano 2000.

Pernambuco de João Cabral de Melo Neto, de Manuel Bandeira, de Gregório Bezerra, de Lenine e Alceu Valença. Pernambuco de Nelson Rodrigues, de Gregório Bezerra, Francisco Julião, Abelardo da Hora, Francisco Brennand e tantos outros, também teve seu Antônio Maria.

Compositor e jornalista, Antônio Maria foi um profissional do rádio e da televisão e um dos cronistas mais influentes de sua época. Sem saber tocar qualquer instrumento, compunha cantarolando. Compôs, com Luís Bonfá, a música “Manhã de Carnaval”, para o filme “Orfeu da Conceição”, dirigido por Marcel Camus, que ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes. Essa canção foi gravada por vários artistas brasileiros. Também por Franck Sinatra e Joan Baez.

1950. O pernambucano Antônio Maria já estava estabelecido no Rio de Janeiro. Antônio Maria é assíduo frequentador da boate Vogue, em Copacabana, o marco da noite carioca. Se estivesse vivo, o cronista e compositor pernambucano celebraria cem anos nesta quarta-feira.

Era o colunista de assuntos da noite e da vida policial, um homem de 1,80 m e 120 quilos, tinha voz marcante, adorava a boemia e era romântico. Tão romântico que compôs o hino nacional da derrota amorosa, o “Ninguém me ama” (1952), eternizado nos versos: “Ninguém me ama, ninguém me quer. Ninguém me chama de meu amor. A vida passa, e eu sem ninguém. E quem me abraça não me quer bem.”

Sozinho, sem amor para a vida inteira, sim. Mas solitário, nunca. Maria, como era conhecido, era homem de muito amigos. Entre eles o poeta Vinícius de Moraes, a quem se referia como sua alma gêmea. Eram parceiros nas noites e nos bares, mulherengos e compositores. Juntos, compuseram quatro canções. “Quando tu passas por mim”, que fez sucesso na voz de Aracy de Almeida, fala justamente sobre um amor infiel e impossível de ser esquecido.

Dono de um humor excepcional, Maria dirigiu e apresentou programas como a “Rua da Alegria” (1948 a 1952) na Rádio Tupi. Programa que levou para a Rádio Mayrink Veiga com o nome “Alegria da Rua” (1952 a 1960). Nos enredos, personagens de maridos traídos e mulheres assanhadas e “caipiras” na cidade grande

Ao morrer, aos 43 anos, de infarto fulminante no miocárdio na calçada do restaurante Round Point, em Copacabana, em 15 de outubro de 1964, Antônio Maria deixou os amigos arrasados. Ele não cuidava da saúde do coração nem com remédios, nem com amores. Entre os amigos, muitos diziam que morreu de “cardisplicência”. Morreu como um samba-canção. Morreu de amor!

António Maria nasceu em Recife, no dia 17 de março de 1921 e faleceu no Rio de Janeiro, em 15 de outubro de 1964.

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