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Joesley revela novas organizações criminosas

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publicado em 02/09/2017 às 09h40
atualizado em 02/09/2017 às 06h41

O empresário Joesley Batista, do Grupo JBS, afirmou em entrevista à revista Veja que os novos anexos de sua delação premiada, ainda não divulgados, vão revelar novas organizações criminosas e que falou sobre propina com a ex-presidente Dilma Rousseff na sala da Presidência, além de ter discutido pagamentos na sala de pelo menos três ex-ministros – Guido Mantega, da Fazenda; Wagner Rossi e Toninho Andrade, ambos ex-ministros da Agricultura.

– Os políticos perderam o pudor de falar de propina. Por vezes eu tratei de propina com ministros no Ministério. Falando naturalmente, no escritório: o Guido, ministro da Fazenda, os ministros da Agricultura, o Wagner Rossi, o Toninho Andrade. A Dilma, pô! Falei de propina com a presidente na sala da presidente da República – disse o empresário.

O empresário disse, no entanto, que aprendeu a palavra “propina” recentemente, no Ministério Público, pois nos gabinetes falava que daria uma ajuda, um apoio. A exceção era o presidente Michel Temer.

– Temer sempre foi muito direto, ele pedia dinheiro mesmo. Dizia “Olha Joesley, precisava de 3 milhões, precisava de 300 mil para ver um negócio da campanha lá”. Estilo né? Eduardo Cunha sempre falou direto de dinheiro. O PMDB da Câmara é o mais explícito. Eles dizem “É tanto.”. Eram 3 milhões, 5 milhões, 10 milhões.

Joesley disse que assim como esteve com Dilma, na mesa dela, falando de “coisa errada”, esteve com Temer para tratar de negócios e nunca foram amigos. Disse ter ido à casa e ao escritório de Temer para falar sobre propina.

– (..) ele me pedindo dinheiro, eu pedindo alguma coisa a ele no Ministério da Agricultura – disse à revista.

Segundo o empresário, Temer é 100% direto.

– Temer é 100% direto. É engraçado né? Esse Temer que você vê na televisão é falso. O Temer verdadeiro é o que eu gravei. Aquele Temer que fala sem cerimônia.

Joesley disse que apesar de o presidente Temer falar baixo e formalmente, ele é 100% direto no conteúdo.

O empresário relembrou também que pousou num heliporto em Jacarepaguá para entregar dinheiro ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, que estava no local com seguranças e carro oficial.

– Ele vinha de carro, os seguranças ficavam lá fora. Tinha uma sala, a gente entrava, subia para uma sala de reuniões. Muitas vezes ele vinha com uns assessores pessoais, e esses assessores transferiam o dinheiro da minha mala para a mala deles.

Perguntado por Veja quanto chegou a entregar, afirmou que foi cerca de R$ 1 milhão, entre três e quatro vezes.

O empresário disse que ainda não se sente à vontade para sair às ruas, o que chamou de “teste das ruas”, porque sua imagem hoje é a de quem cometeu um crime e não foi punido. Outro motivo é que tem medo de ser morto, já que rompeu com um sistema que ainda está instalado no poder.

E pensa que, quando os novos fatos de sua delação forem revelados, a sociedade poderá chegar à conclusão que ele teve imunidade, mas ajudou a desbaratar a corrupção.

O Globo

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