João Pessoa, 14 de dezembro de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
POLÊMICA

Defesa de Lula e dono de Triplex em SP se contradizem

Comentários: 0
publicado em 14/12/2016 às 08h54
atualizado em 14/12/2016 às 07h23

O dono de uma cobertura usada pelo ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo, Glaucos da Costamarques, e o advogado do ex-presidente, Roberto Teixeira, apresentaram versões contraditórias sobre como era o pagamento pelo aluguel do imóvel. A Polícia Federal (PF) desconfia que o imóvel tenha sido comprado com recursos irregulares destinados ao ex-presidente e que o contrato de aluguel tenha sido simulado para dar caráter formal ao uso do apartamento. O ex-presidente foi indiciado por corrupção passiva. A PF também pediu o sequestro do imóvel.

Glaucos, que é primo do pecuarista José Carlos Bumlai e amigo de Lula, tem contrato de locação assinado desde fevereiro de 2011 com Marisa Letícia, mulher do ex-presidente. Em depoimento à polícia, em outubro deste ano, ele disse que Roberto Teixeira recebia em seu nome os aluguéis provenientes do imóvel e fazia a compensação com valores devidos por ele a Teixeira, também em função da prestação de serviços advocatícios. “Essa renda de aluguéis era frequentemente usada para encontro de contas”, afirmou Glaucos.

Intimado a dar sua versão para o caso, Teixeira negou ter recebido o aluguel do ex-presidente ou que houvesse “encontro de contas”. Ele admitiu ter atuado como advogado de Glaucos, mas afirmou que valores devidos por ele ao escritório “foram pagos por meio de transferência de valores”, todas elas registradas no extrato bancário do escritório, anexado ao processo.

Em depoimento por escrito à PF, Lula disse não ter participado da aquisição do imóvel nem da celebração do contrato de aluguel. Ao ser perguntado sobre como se deram os pagamentos, o ex-presidente respondeu de forma genérica: “os pagamentos foram realizados na forma estabelecida no contrato, mediante a emissão de recibos e declaração às autoridades fiscais”. O contrato diz apenas que aluguel deveria ser pago todo dia 5, “em local indicado pelo locador”.

Nesta segunda-feira, O GLOBO perguntou novamente à assessoria do ex-presidente, a Teixeira e a Glaucos como os aluguéis eram pagos e quem, afinal, os recebia. Eles não quiseram comentar.

Em depoimento à PF, Tatiane de Almeida Campos, que vendeu o apartamento para Glaucos, disse que seu advogado lhe informou que ela assinaria a “venda da cobertura, apt 121, para o Lula”. A PF não conseguiu identificar a verdadeira origem dos recursos que bancaram a compra do apartamento por Glaucos, em 11 de agosto de 2010.

O rastreamento das contas de Glaucos apontou que, em julho daquele ano, ele recebeu três pagamentos que somaram R$ 800 mil, dos quais quase metade foi proveniente de contas de um de seus filhos, Fernando Marques. A outra metade, R$ 400 mil, não teve origem identificada. Em dezembro daquele mesmo ano, Glaucos recebeu R$ 800 mil da DAG Construtora, investigada por ser usada pela Odebrecht para negócios ilícitos.

Lula comprou o apartamento 122, onde mora, em 2000. Durante o período em que foi presidente, o governo federal alugou o imóvel vizinho, de número 121, para ser usado por agentes que cuidavam de sua segurança. Entre 2011 e 2015, Lula declarou à Receita ter pagado R$ 236,1 mil em aluguéis a Glaucos.
G1

Leia Também