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Brexit

Brasileiros que vivem no Reino Unido dizem que saída da UE é ‘xenofóbica’

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publicado em 26/06/2016 às 08h32

Brasileiros que vivem no Reino Unido afirmaram, em entrevista ao G1, que a decisão de o país deixar a União Europeia é xenofóbica e excludente. Eles destacaram ainda que estão incertos sobre seu futuro depois do resultado do referendo.

Renata Silva, de 25 anos, deixou São Paulo há nove meses para fazer mestrado em sociologia urbana em Londres, onde teve algumas facilidades em relação à entrada no país por conta de sua cidadania italiana.

Até a semana passada, seu plano era terminar o curso e ficar mais um ano trabalhando, mas, depois da decisão do Reino Unido de se separar da União Europeia (UE), seu futuro é incerto. “Até então, tinha certeza de que faria isso, mas hoje eu já não sei. Não se sabe ao certo o que isso significa para os europeus”, disse.

Para ela, a saída do bloco europeu foi bastante negativa. “Há um pensamento de que o imigrante está roubando emprego dos locais, utilizando o sistema de saúde de graça e se aproveitando dos impostos. Para mim, é evidente o quão xenofóbico isso é”, criticou. “Estão chamando de Dia da Independência. Vindo de um dos maiores colonizadores do mundo, isso é no mínimo muito insensível.”

O paulistano e cidadão português Francisco Torres Neto, 24 anos, vive na capital inglesa há dois anos e conta que também vê a medida como um ato xenofóbico. “Eu mesmo não me sinto bem-vindo aqui”, disse.

Atualmente ele está procurando emprego e acredita que a busca deve ficar ainda mais difícil com a desvinculação da UE. “Por mais que o governo tenha dito que nada vai mudar em dois anos, acho que as empresas ficarão com um pé atrás [em contratar pessoas da UE] por pensar que vai ser mais difícil conseguir o visto para esse trabalhador”, afirmou.

Seus planos de ficar mais tempo mudaram: agora ele pensa em se mudar dali em dois anos. “Não quero ficar num lugar que não quer receber estrangeiros. Penso em procurar algo em Portugal ou na Alemanha”, conta. “Estão pedindo calma, pois não sabem o que de fato vai acontecer, mas assim não posso planejar minha vida. É um sentimento horrível.”

A incerteza também é daqueles que já conseguiram um emprego. Martina Gurgel, 24 anos, saiu de Campinas (SP) para Londres há seis meses e logo conseguiu uma vaga numa pequena empresa italiana do setor de moda. Sua cidadania italiana, que facilitou sua contratação, não é mais uma garantia.

Brexit
Os britânicos decidiram em referendo na quinta-feira (24) sair da União Europeia. Foram 17.410.742 (51,9%) votos a favor da desvinculação contra 16.141.242 (48,1%) votos pela permanência no bloco europeu.

A votação ficou conhecida como Brexit, que vem da junção de Britain (Grã-Bretanha) e exit (saída).

Após a vitória pela saída da UE, o primeiro-ministro David Cameron anunciou que vai renunciar ao cargo em até três meses. “Os britânicos votaram pela saída e sua vontade deve ser respeitada”, disse.

A consulta popular foi uma das promessas da campanha de Cameron caso ganhasse a última eleição no ano passado, mas ele se posicionou desde o princípio contra a separação.

G1

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