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OAS, investigada na Lava Jato, teria reformado Ap de Lula

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publicado em 27/01/2016 às 14h50
atualizado em 27/01/2016 às 18h30

Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, dois funcionários do edifício Solaris, localizado na praia de Astúrias, no Guarujá (SP), afirmaram no ano passado aos promotores de Justiça que viram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-primeira-dama Marisa Letícia visitando a reforma do apartamento tríplex número 164A.

Segundo o jornal “O Globo”, o triplex estaria sendo reformado para a família de Lula pela construtora OAS, acusada de envolvimento no esquema de corrupção que atuava na Petrobras.

Ainda de acordo com o jornal, o MP paulista investiga se o ex-presidente da República e sua mulher ocultaram de seu patrimônio declarado o apartamento de três andares na praia de Astúrias.

Os promotores de Justiça apuram a transferência de prédios inacabados da Bancoop – a cooperativa do sindicato dos bancários que se tornou insolvente – para a OAS.

Apesar de também investigar imóveis do edifício Solaris, a apuração do MP-SP é independente da nova fase da Operação Lava Jato deflagrada nesta quarta-feira (27) pela Polícia Federal (PF) em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF). A nova etapa da operação foi batizada de Triplo X.

Os procuradores da República investigam a abertura de offshores (empresas no exterior) e a compra de apartamentos no Guarujá para lavar dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras. Em entrevista coletiva concedida na manhã desta quarta, os investigadores da Lava Jato afirmaram que todos os imóveis do condomínio Solaris estão sendo apurados.

No ano passado, quando surgiu a informação de que o ex-presidente seria proprietário do triplex no Guarujá, Lula negou que fosse dono do imóvel, mas admitiu que tenha uma cota no empreendimento adquirido em nome de Marisa Letícia em 2005 e quitada em 2010.

Em 23 de outubro de 2015, o zelador do edifício Solaris, José Afonso Pinheiro, e a porteira do condomínio, Letícia Eduarda Rodrigues da Silva Rosa, prestaram depoimento aos integrantes do Ministério Público no salão de festas do prédio.

Aos promotores de Justiça, Pinheiro relatou ter visto Lula no condomínio duas vezes na época em que o triplex estava sendo reformado pela Tallento Construtora Ltda, empresa contratada pela OAS.

De acordo com o zelador, a primeira vez que viu o ex-presidente no prédio foi em uma segunda-feira na qual estava sendo feita uma “limpeza geral” no imóvel. Na ocasião, destacou o funcionário, Lula estava acompanhado da ex-primeira-dama.

Já a segunda vez que o zelador teria visto o ex-presidente no edifício coincidido, conforme ele, com a instalação do elevador privativo no apartamento. Pinheiro não detalhou aos promotores a data das supostas visitas.

“[O zelador] destacou que a OAS limpava o prédio, inseria arranjos florais para recebimento da família presidencial. Ninguém da OAS morou ou chegou a morar no triplex. O depoente reportou, ainda, que Marisa Letícia, esposa de Lula, chegou a frequentar o espaço comum do edifício indagando sobre o salão de festas, piscina, áreas comuns”, diz trecho do depoimento de Pinheiro.

Em seu depoimento, a porteira Letícia Eduarda também relatou ter visto Lula no prédio durante a reforma do apartamento triplex, no final de 2013. De acordo com a funcionária, o ex-presidente “entrou, subiu até o apartamento 164A e foi embora”.

Ela disse que viu a ex-primeira-dama no condomínio apenas uma vez por meio da câmera de monitoramento. Letícia ressaltou aos promotores que apenas familiares de Lula frequentavam o apartamento.

Elevadores
Os dois funcionário do edifício Solaris também relataram ao Ministério Público de São Paulo que, nas ocasiões em que Lula e familiares visitaram o triplex, os seguranças do ex-presidente interditavam o acesso aos elevadores de uso comum do prédio.

A porteira destacou aos promotores que a iniciativa não chegou a gerar “muita polêmica” porque, à época, havia poucos moradores no condomínio. Já o zelador contou que a interdição temporária dos elevadores “gerava muitas reclamações”.

José Afonso Pinheiro disse ainda que um funcionário da OAS, que ele identificou como Igor, chegou a pedir depois do Carnaval de 2015 que ele não falasse que o apartamento 164A seria de Lula e da ex-primeira-dama. Segundo ele, o funcionário da empreiteira solicitou que, caso alguém perguntasse, ele deveria se limitar a dizer que o triplex pertencia à OAS.

Reforma do triplex
O sócio-administrador da Tallento Construtora, Armando Dagre Magri, também foi um das testemunhas ouvidas pelo Ministério Público de São Paulo nas investigações do suposto crime de ocultação de patrimônio. A empresa de Magri foi contratada pela OAS para fazer a reforma do apartamento triplex.

O empresário afirmou aos promotores que, durante o período em que durou a reforma (entre abril e setembro de 2014), não teve contato com o ex-presidente da República. Magri, entretanto, contou que viu uma vez a ex-primeira-dama no apartamento.

Ele relatou que “tomou um susto” quando viu Marisa Letícia no triplex durante uma reunião que ele estava realizando com um diretor e um funcionário da OAS.

Segundo o empresário, em meio à conversa, a ex-primeira-dama entrou no apartamento acompanhada de três homens que, na época, ele não identificou. Magri afirmou que, mais tarde, soube que os acompanhantes de Marisa Letícia eram Fábio Luís Lula da Silva (filho mais velho de Lula), Léo Pinheiro (ex-presidente da OAS) e um engenheiro da construtora.

“Ela os cumprimentou e, sob a ótica do depoente, ‘ela estaria conhecendo o apartamento’, tendo, inclusive, ressaltado ‘a vista'”, diz um dos trechos do depoimento de Armando Magri.

O sócio da Tallento contou que a reforma do triplex custou R$ 777.189,13. O pagamento dos serviços, observou, foi feito por meio de uma Transferência Eletrônica Disponível (TED).

Conforme Magri, a OAS contratou sua empresa para mudar o layout do apartamento, trocar os acabamentos (pintura, piso, elétrica, hidráulica), fazer impermeabilização, refazer piscina, trocar escadas e instalar um elevador privativo). Nas palavras da testemunha, eles “praticamente refizeram o apartamento”.

Apenas o elevador privativo, de acordo com o empresário, custou R$ 62,5 mil. Magri disse que sua empresa teve “bastante trabalho” para instalar o elevador, tendo sido necessário, inclusive, contratar um calculista para fazer o cálculo estrutural e abertura da laje.

O que disseram os envolvidos
Por meio da assessoria de imprensa, o Instituto Lula informou ao G1 que o ex-presidente e Marisa Letícia “jamais ocultaram” que a ex-primeira-dama possui cota de um empreendimento no Guarujá e que essa cota foi adquirida da extinta Bancoop. Segundo a assessoria, as informações foram prestadas à Receita Federal.

Ainda de acordo com o instituto, o dinheiro investido nesta cota pode ser restituído ao comprador ou usado como parte na aquisição de um imóvel no prédio.

“Nem Lula nem dona Marisa têm relação direta ou indireta com a transferência dos projetos da extinta Bancoop para empresas incorporadoras […]. Não há, portanto, crime de ocultação de patrimônio, muito menos de lavagem de dinheiro. Há apenas mais uma acusação leviana contra Lula e sua família”, informou a assessoria.

Procurado pelo G1, o advogado da OAS, Edward Carvalho, informou que a construtora não vai se pronunciar sobre o assunto.

O G1 também procurou a Tallento Construtora, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem.

G1

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