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‘Foram 10 contra mim’, diz motorista do Uber agredido em Porto Alegre

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publicado em 27/11/2015 às 10h22

O motorista do Uber agredido em Porto Alegre no fim da tarde de quinta-feira (26) foi até uma delegacia após ser liberado do hospital, durante a noite. No local, contou que dez pessoas bateram nele após sofrer sequestro relâmpago e ter como destino final o estacionamento de um supermercado na Zona Leste da capital.

“Sofri um sequestro relâmpago por alguém que eu não conheço. Se passou por passageiro, me fez passerar por várias partes da cidade e me levou até o estacionamento de um supermercado na Bento Gonçalves, onde sofri uma agressão. Foram dez pessoas contra mim eu fiquei o tempo todo preso dentro do carro. Usaram cinto de segurança… Eu não conseguia me mover nem sair do carro, sofri agressão de todos os dez. Danificaram meu carro a ponto da perda total”, relatou Braulio Pelegrini Escobar, ainda na delegacia, à reportagem da RBS TV.

A polícia prendeu dois taxistas como autores. Eles prestaram depoimento, mas negaram as agressões. Um deles disse que chamou o motorista do Uber para testar o serviço, mas desceu antes do tumulto. O outro falou que estava trabalhando no ponto do supermercado e foi alertado por outros taxistas que o homem agredido era do Uber, então foi até lá tentar tirar a chave da ignição. Também negou ter agredido o motorista.

Um representante do Uber em Porto Alegre foi até o Palácio da Polícia onde ocorreram os depoimentos, mas não quis falar com a imprensa.

Apesar das negativas, a delegada de plantão registrou o flagrante por tentativa de homicídio e também por dano qualificado, já que danificaram o carro. Eles já foram encaminhados ao Presídio Central. O motorista reconheceu os dois agressores.

“Reconheci. Um foi o que se passou por passageiro, e outro foi o grande autor de toda a agressão”, afirmou.

Delegacia de Homicídios vai investigar o caso
Depois de a ocorrência ser registrada no plantão da 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), no Palácio da Polícia., o caso será encaminhado para a Delegacia de Homicídios. Ainda não está definido qual delegado dará sequência à investigação.

De acordo com a delegada plantonista Cristiane Ramos, que fez os indiciamentos, pode ser que o enquadramento dos taxistas mude nesse processo. “Se o delegado entender que foi uma lesão corporal grave, pode mudar”, destacou.

Testemunhas relatam agressões
A comerciante Rosa Ramos, 33 anos, saía do supermercado com os filhos quando viu o Fiesta do motorista do Uber prensado junto a uma mureta. “Ele não conseguiu sair, quebraram os vidros do carro”, conta.

Conforme a comerciante, o condutor foi agredido no interior do carro com chutes e pontapés. “Eles também utilizaram umas garrafinhas de água que estavam dentro do carro para bater nele”, conta Rosa.

Já o funcionário público Marcelo de Lucena, 36 anos, estava guardando as compras no carro quando ouviu o “pneu  do carro do Uber cantando”. Em seguida, o veículo bateu na pilastra do estacionamento. “Os taxistas estavam no ponto de táxi dentro do estacionamento. Quando viram que ele estava deixando uma passageira partiram para cima dele. Ele tentou fugir e bateu no poste.”

Lucena conta que, após o motorista perder o controle e bater, os taxistas correram até o carro. “Agrediram ele pela janela aberta e chegaram a abrir a porta para bater nele.” O funcionário acrescenta que dois agrediram, mas outros “três ou quatro taxistas” estavam na volta.

Um funcionário do supermercado tentou acalmar os taxistas, mas em vão, relata Lucena. “Não adiantou. Eles quebraram tudo. Foi horrível.”

A comerciante confirmou que houve a participação direta dos dois taxistas, mas outros motoristas de táxi participaram, segundo ela. Rosa chegou a gravar pelo celular a agressão ao homem (assista).

 ETPC vai abrir procedimento

A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informou que vai abrir processo administrativo para suspensão dos taxistas caso eles, de fato, estejam cadastrados.

Uber considerou ato como “inaceitável”
Em nota, a Uber disse que “se solidariza com o motorista parceiro” vítima das agressões. “O uso de violência em qualquer forma, sobretudo contra cidadãos trabalhadores, é inaceitável. A Uber está oferecendo todo o apoio ao motorista atacado e todas as medidas legais cabíveis serão tomadas. Vamos colaborar com as autoridades locais durante a investigação.”

Taxistas já tinham impedido outra corrida do Uber
No dia 21 de novembro, taxistas impediram um motorista do Uber de transportar dois passageiros no início da madrugada em Porto Alegre. O incidente aconteceu na Rua Tenente Coronel Fabricio Pillar, no bairro Mont’ Serrat.

O passageiro, um estudante de publicidade e propaganda de 20 anos que preferiu não ser identificado, estava acompanhado da namorada. Ele relata que o motorista do Uber não conseguiu parar o carro em frente ao bar, pois o local estava ocupado por táxis – alguns estacionados inclusive sobre a calçada, segundo ele. Quando o casal entrou no Ford Fiesta preto, o veículo foi cercado.

Serviço começou a operar antes do previsto
O Uber começou a operar em Porto Alegre a partir de 19 de novembro, antes mesmo doanúncio inicial da empresa, de dezembro. Até o momento três carros já foram multados e guinchados pela EPTC, que considera o serviço como clandestino, já que não foi regularizado.

Na quarta-feira (25) os vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre aprovaram, por 22 votos favoráveis e nove contrários, o projeto de lei que proíbe o transporte de passageiros em veículos particulares cadastrados por aplicativos como o Uber.

G1

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