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Autora de ‘Os Dez Mandamentos’: ‘Eu não gosto de religião’

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publicado em 12/09/2015 às 13h23
Cena da novela

Viviam Oliveira. Esse é o nome da pedra no sapato da TV Globo. Ela é a autora de ‘Os Dez Mandamentos’, que tem alcançado ótimos índices de audiência e impedido ‘A Regra do Jogo’ de decolar (isso sem falar no desastre que foi ‘Babilônia’). Aos 44 anos, mãe de Benjamim, de 6 anos, e moradora da Barra da Tijuca, Vivian foi colaboradora do autor Tiago Santiago na Record em ‘Caminhos do Coração’, ‘Mutantes’ e ‘Promessas de Amor’. Formada em Publicidade, ela revela ter sido criada na igreja adventista, mas com o tempo optou por seguir a linha protestante da Igreja Nova. Mesmo assim, Vivian é categórica: “Não gosto de religião”.

É difícil fazer essa tradução da Bíblia para a linguagem coloquial?
Para mim, foi fácil. Acho que fica mais atraente.

Rola uma popularização, não é?
Acho que rola uma naturalidade. É mais acessível a quem está ouvindo.

E como surgiu ‘Os Dez Mandamentos’?
Na verdade, era uma minissérie com 40 capítulos. O (diretor Alexandre) Avancini já tinha falado para fazer uma novela bíblica, mas ninguém tinha pensado que ‘Os Dez Mandamentos’ seria essa novela. Quando eu já estava com a sinopse e o projeto prontos, a Record perguntou se eu achava que teria fôlego para fazer uma novela de cem capítulos. Disse que tinha porque é uma história muito rica. Mas antes mesmo de estrear, eles passaram para 150 capítulos.

Ela foi esticada?
Agora foi esticada para 170 capítulos. É uma história que rende.

Se a Record quiser esticar mais, você tem conteúdo, então? É isso o que você quer dizer?
Não. Quero dizer que eu acho 170 capítulos um bom tamanho (risos).

Qual é a sua religião?
Sou protestante. Frequento a Igreja Nova.

Você já era evangélica antes de começar a escrever?
Sim. Sempre fui. Minha família é adventista. Quando eu nasci, era adventista. Na minha adolescência, meus pais deixaram a igreja e eu continuei buscando. Fui para o catolicismo, para o espiritismo… Estava buscando Deus mesmo. Quando fui fazer intercâmbio nos Estados Unidos, a família que me recebeu era protestante. Conheci a igreja e fiquei encantada. Eu não gosto de religião… Sou apaixonada por Jesus. Não gosto dessas proibições que nem existem na Bíblia.

Gosta de Jesus, mas não nas igrejas? Me explica isso?
Eu gosto de Jesus, mas Ele mesmo não veio para pregar religião. Jesus veio para pregar o amor, a doação, a entrega… Muitas vezes, o homem distorce.

Viu ‘Babilônia’?
Não vi… Vi muito pouco, sabia?

Você e o mundo, né?
Mas posso te falar, Leo… É que ‘Os Dez Mandamentos’ é a primeira novela que eu escrevo. Tenho filho pequeno, marido… Então é difícil conciliar tudo. Dou uma olhadinha, mas não dá para acompanhar.

Você acha que o sucesso das novelas bíblicas é resultado do conservadorismo do público brasileiro?
Não. Acho que são histórias muito bem contadas. Existia muito preconceito, mas agora as pessoas olharam e gostaram. A Bíblia tem histórias riquíssimas. E os conflitos são os mesmos que a gente vê hoje em dia. A gente mostra pessoas oprimidas, romances…

Quantas vezes você já leu a Bíblia?
Inteira? Uma vez só, mas não adiantou nada. É mais legal o que eu faço agora: pego um trecho, medito… Vejo o que ele quer passar. Para mim, funciona mais.

Os atores ainda veem de maneira preconceituosa a novela?
Hoje em dia? Não!

A Globo paga entre R$ 600 mil e R$ 1 milhão para os autores. Quanto ganha um autor da Record?
Muito menos do que isso!

Mas você está feliz na Record?
Estou. Mas você falou do salário da Globo… (risos)

A Record dá prêmio de acordo com a audiência?
Dá. Eu estou feliz lá. Eles não pagam salários altíssimos, mas me sinto privilegiada porque estou fazendo um bom trabalho.

Qual foi o pico de audiência da novela?
Em São Paulo deu 20 pontos de média. Era o que eu esperava mesmo.

Mas você pensa alto, hein, Vivian?
Mas é porque a história é muito boa!

Léo Dias 

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