Emparedada diante das denúncias da operação Lava Jato, a presidente Dilma Roussef pode, enfim, respirar um pouco mais aliviada. Não chega ser um balão de oxigênio, mas a inclusão de quase 50 congressistas nos pedidos de inquéritos da PGR ao STF embola o jogo e tira um pouco os holofotes de cima do governo e do PT.

Acossados desde o ano passado e vivendo no auge do desgaste político, Dilma e o PT deixam de ser o alvo principal das atenções e dividirão a cena com o Congresso Nacional, exatamente com quem travam pesada queda de braço e vinham perdendo fôlego e vitamina na relação dia após dia.

Para aliviar ainda mais a barra, a inclusão na investigação de nada mais nada menos que os presidentes das duas Casas, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, os peemedebistas que manobram com perícia em Brasília para colocar o governo e a presidente em posição de refém.

Se não se livra completamente do clima insustentável de revanche de setores do Congresso, Dilma e o PT pelo menos passam a contar com alguma mínima margem de negociação política, cenário que vinha se desenhando cada vez mais difícil. Agora, também na berlinda, setores do Legislativo vão precisar pisar mais leve no acelerador.

Daqui pra frente, devem entrar em campo o jogo de cintura e articulação política federal para reabrir diálogo e impedir o achincalhe ainda maior da imagem do governo, diariamente fragilizada e bombardeada por novidades da operação e por movimentos novos da CPI da Petrobrás.

No resumo, para quem está na posição de retranca e desautorizada eticamente, nada melhor poderia acontecer à presidente do que a ampliação do raio de suspeitos de beneficiamento do esquemão instalado na Petrobrás. No mínimo, o governo passou a contar com a psicológica sensação de que não está sozinho na lama.

Cabeça… – Na noite dessa sexta-feira, quando viu seu nome incluso na lista da PGR, o deputado paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP) varou até 3h da madrugada em contatos telefônicos.

…Fria – À coluna, ele manifestou tranqüilidade, ratificando inocência nas doações recebidas em 2010 e lamentando a postura de a PGR incluí-lo “mesmo sem elementos suficientes”.

Do centro do poder – Radicado em Brasília, o jornalista paraibano Edinho Magalhães é o novo contratado do Sistema Correio de Comunicação. Conhecedor dos meandros do Congresso, ele vai abastecer os veículos do Correio com as informações mais quentes do cotidiano da Capital da República e os bastidores da política nacional.

Hemorragia – No almoço com o governador Ricardo Coutinho, o embaixador Celso Amorim, aliado fiel de Lula, externou preocupação com a situação política insustentável de Dilma.

Reforço – O prefeito Luciano Cartaxo (PT) vai trabalhar para ‘fortalecer’ a liderança do vereador Marco Antônio (PPS). Compreende que o líder precisa de autoridade ante os colegas.

Chuva – Secretários de Cartaxo comemoraram a diminuição dos alagamentos na cidade. Creditam ao trabalho de prevenção e as obras de drenagem iniciadas na gestão.

Genérico – Todos por Pernambuco. Eis o nome do programa do governador Paula Câmara (PSB) nos mesmos moldes do Orçamento Democrático, de Ricardo Coutinho, aqui na Paraíba.

Aposentadoria – Dados da Reitoria da UFPB. Metade dos servidores da Universidade já está pronta para a inatividade. Número alto que impõe a necessidade de novos concursos na entidade.

Topo – O PP, dono de uma bancada de 40 parlamentares na Câmara, tem o maior número de investigados citados no inquérito da Lava Jato. Dezoito da lista são da legenda.

Rejeição – Em Natal (RN), onde venceu com 69% dos votos, a presidente Dilma amarga atualmente desaprovação superior a 63%, segundo pesquisa recente da Consult.

Uma… – As mais novas perguntas em Brasília: envolvidos no meio do furacão, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, têm condições éticas de permanecerem no comando do Congresso?

…Duas – Com uma de suas estrelas (o senador mineiro Antônio Anastasia) apontadas na Lava Jato, qual será a postura do PSDB sobre o envolvimento do seu filiado na investigação?

…Três – Como se comportará o deputado Hugo Motta na presidência da CPI da Petrobrás, com seu aliado Eduardo Cunha incluído nos pedidos de investigação da Procuradoria?

PINGO QUENTE – “Estou cagando e andando na cabeça desses cornos”. Do vice-governador da Bahia, João Felipe Souza (PP), sem economizar na reação contra a inserção de seu nome nos inquéritos da Lava Jato.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.

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