João Pessoa, 29 de junho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Areia, cidade do Brejo paraibano, abre com charme e identidade a edição 2025 da Rota Cultural Caminhos do Frio, dia 30 de junho. E se a serra já encanta com sua neblina, casarões coloniais e clima acolhedor, o que dizer da gastronomia dessa época? A cidade oferece uma experiência multisensorial que une sabores afetivos, vivências culturais, trilhas na natureza e muita história contada pelas ruas e sabores.
A cozinha regional é o grande destaque. O chef Adilson Santana, que estuda e valoriza os saberes alimentares do Brejo, diz que “adentrar nas cozinhas de Areia, sejam rurais ou urbanas, é como abrir um livro vivo da cultura alimentar nordestina”. Entre os ingredientes desse período de colheita e frio estão a galinha de capoeira, o bode guisado, a macaxeira em diversas formas, o rubacão, a fava com mocotó, o maxixe com feijão verde, a buchada e a valorizada piaba frita, servida com arroz de leite. Pratos que atravessam gerações e ainda ajudam a manter viva a economia de base familiar e agroecológica.
Esse é o momento em que as cozinhas se abrem para filhos e netos que vêm visitar suas famílias nas férias juninas. E é aí que entra também a tradição das mulheres guardiãs da cozinha rural, que transformam a preparação de alimentos em rituais de memória e resistência. “Elas são joias da nossa biodiversidade alimentar”, destaca Adilson. Entre os pratos mais consumidos estão o purê de macaxeira com carne de charque e bacon, o caldo de quenga, a canjica, o milho cozido, a carne de sol na nata e o arroz de leite com galinha torrada na panela de barro.
Cultura da cachaça
Além de nutrir, a gastronomia também harmoniza. Areia é produtora de cachaças premiadas, e pratos típicos combinam perfeitamente com os destilados locais. O chef recomenda, por exemplo, harmonizar pamonha com cachaça envelhecida em bálsamo, ou canjica aromatizada com leite fervido em anis estrelado com cachaça de umburana ou carvalho. Para ousar ainda mais, uma sugestão curiosa e deliciosa: picolé de cupim desfiado com cachaça branca.
Quem busca uma experiência gastronômica mais contemporânea e gourmet pode visitar os restaurantes do centro, como o da chef Regiane Tavares, Restaurante Bambu Brasil, que propõe pratos elaborados, mas com insumos locais. Para entrada, uma burrata fria com tomate cereja, rúcula, tapenade e focaccia artesanal.
Entre os principais, opções como filé mignon com risoto de cogumelos frescos produzidos em Areia, camarão ao molho de queijo do reino com arroz de castanha e banana caramelizada no mel de engenho, ou o sofisticado bacalhau à lagareiro confitado no azeite, acompanhado de batatas ao murro, pimentões coloridos, cebola,alho glaciado, azeitonas e arroz branco. São pratos perfeitos para serem apreciados com um bom vinho nos dias frios da serra.
Fondue de carnê e de chocolate nunca a saem de moda no inverno de Areia. E essa é a dica da Chef Carla Santos que atua no Restaurante Azul Histórico. “É um prato quente que aproxima e quando chega o friozinho, muita gente opta por um bo fondue.”
Associação aposta na cultura e gastronomia
O presidente da Associação de Turismo Rural e Cultural de Areia-PB (Atura), Leonaldo Alves de Andrade, aposta na força da gastronomia de inverno como um dos grandes atrativos turísticos da região. “Em Areia, a combinação de pratos autorais com cachaças premiadas e vinhos selecionados transforma cada refeição em uma experiência sensorial. É essa vocação gastronômica, marcada por sabor e sofisticação, que tem seduzido visitantes e consolidado a cidade como referência no turismo de inverno no Brejo paraibano.”
Além de gastronomia, Areia também é história, arquitetura e natureza viva. O centro histórico é um convite à contemplação. O Teatro Minerva, fundado em 1859, é o mais antigo da Paraíba e segue sendo palco de arte e cultura. O Museu Casa de Pedro Américo guarda objetos e referências do ilustre artista plástico areiense. Já o Casarão José Rufino, imponente e carregado de memória, é um símbolo do ciclo dos engenhos e da força da herança arquitetônica da cidade e um espaço para reflexão no combate à escravização, já que nele funcionou uma senzala urbana.
Engenhos para visitação
Muitos engenhos produtores de cachaça estão abertos à visitação. Uma excelente opção de lazer e de conhecimento sobre o produto que tanto colabora com a economia da Paraíba, gerando empregos e na eleição de números do produto interno bruto.
A cidade também é cheia de cafés charmosos que servem doces e cafés coados na hora, criando uma pausa aconchegante entre um passeio e outro. Sentar numa mesa com vista serrana e observar a vida passar, em meio ao friozinho, é uma vivência única.
Para quem busca contato com a natureza, as trilhas da Reserva Ecológica do Pau Ferro oferecem caminhadas entre árvores centenárias, nascentes e um silêncio que só a mata nativa é capaz de oferecer. É possível também visitar balneários e pequenos açudes que se tornam destinos tranquilos para banhos gelados e contemplação.
A rede de hospedagem é outro ponto alto de Areia. Hotéis e pousadas com estruturas charmosas são um convite ao aconchego. Areia, neste inverno, é um mergulho no que o Brejo tem de melhor: tradição, sabor, cultura e afeto. E os Caminhos do Frio é a rota perfeita para redescobrir a força da gastronomia regional, a beleza das paisagens serranas e a riqueza de um povo encantador.
Confira a programação oficial do Caminhos do Frio 2025 – Areia, de 30 de junho a 06 de julho
30 de junho: abertura oficial às 19h e show com Adilson Ramos, às 21h, no Pavilhão Cultural;
1° de julho: música na Praça Pedro Américo – Grupo de Chorinho, às 17h, III Encontro de Filarmônica, às 19h, w shows de Mayara Soares e Trio Tá Danado de Bom , às 21h30;
2 de julho: apresentação teatral, Teatro Minerva, Catiço, às 16h, música na Praça Pedro Américo, 17h, Quinteto de Cordas, e Forró Karapeba, Fábio e Eliana, às 20h, também na praça;
3 de julho: Encontro de Dança, Grupo Moenda e Convidados, 16h, Praça Pedro Américo, Xote Jeito Manhoso, às 17h, show de Calouros, às 20h30; e show de Yan Caio e Banda, 22h30, também na praça;
4 de julho: na Praça Pedro Américo, 15h, Coral Música da Capoeira, Capoeira na Senzala, Casarão José Rufino, 15h, Entrega da Comenda Mestre da Cultura, 16h, no Casarão José Rufino, na Igreja Matriz , às 19h, apresentação musical Prima, e No Calçadão João Cardoso, Bebeu Quirino e Nonato Nero, 21h30;
5 de julho: lançamento do livro de Geraldo Beltrão, Casarão José Rufino, às 16h, apresentação do Grupo Coral Voz Ativa, às 17h, no Espaço de Cultura e Arte, e às 21h, no Calçadao João Cardoso, Kiel do Acordeon, Banda Tuaregs e Nando Cordel;
6 de julho: Pagode na Praça e I Festival de Forró Brega, no turno da tarde, na praça Pedro Américo.
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centenário - 27/06/2025