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Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar, diretor da Comércio PB, presidente da CDL de Cajazeiras e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).

O Narcotráfico esmaga a democracia

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publicado em 30/01/2024 às 17h55

A escalada da violência vivida pelo Equador sendo subjugado e humilhado impiedosamente pelo o crime organizado suscitou aqui no Brasil o debate sobre a real e temerária possibilidade do Brasil se tornar também em médio prazo refém de organizações criminosas internacionais vinculadas ao narcotráfico.

A explosão do caos e da barbárie que abalaram os equatorianos se originou com a fuga de dois lideres de facções que desencadeou uma onda de mortes, sequestros e invasões a universidades, emissoras de televisão e hospitais. Especialistas atribuem a grande parte desta crise a desastrada privatização da Segurança Pública implantada no país. Um disfuncional e hipertrofiado sistema que possui mais de 125 mil homens armados atuando na segurança privada, mais do dobro dos policiais.

Encravado entre o Peru e a Colômbia, os dois maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador entrou na rota de tráfico internacional devido à localização estratégica do porto de Guayaquil para exportação de drogas para os Estados Unidos e Europa. Hoje, a teia do crime organizado internacional se entranhou naquele país esfacelando o seu poder de estado que o afundou numa crise politica e econômica sem precedentes. O recrudescimento desta crise eclodiu em agosto do ano passado com o assassinato do candidato à presidência Fernando Villavicencio deflagrando uma ferrenha polarização politica partidária, financiada pelo narcotráfico, que rachou irremediavelmente o país.

Os acontecimentos do Equador é apenas a ponta de um volumoso iceberg que denota claramente a ação destrutiva do narcotráfico no mundo que esmaga a Democracia e o Estado Democrático de Direito avançando sobre governos, instituições, empresas e mercados onde sutilmente infiltrado fica imperceptível à distinção de uma atividade licita de uma ilícita. O grave é que o Equador não está sozinho nesse processo, enquanto perdurar a alta demanda por cocaína da Europa e dos Estados Unidos os países sul-americanos continuarão sob pressão. Hoje, o narcotráfico é a atividade criminosa mais lucrativa do planeta que vai desde a produção, comercialização e distribuição de drogas ilegais, um negócio que movimenta 900 bilhões de dólares por ano, uma bagatela que corresponde a 35% do PIB brasileiro algo em torno de 1,5% do PIB mundial.

Afinal, corremos o risco de ocorrer aqui no Brasil uma crise segurança pública semelhante a que ocorreu no Equador? Segundo especialistas em Segurança Pública o episódio do Equador é um sério alerta para o Brasil vir a se tornar refém do crime organizado considerando fatos recentes que atestam o enraizamento destas organizações dentro o Estado brasileiro. Com ramificações internacionais o PCC (Primeiro Comando da Capital) deita e rola nas barbas das autoridades brasileiras se expande e se impõe exibindo sucessivos recordes de faturamento são quase cinco bilhões de reais por ano, fruto da arrecadação da atividade em São Paulo e da exportação de cocaína pura para a Europa.

Sem um projeto consistente para enfrentar o narcotráfico e com uma legislação penal frouxa e leniente aliado a uma política de desencarceramento sem critérios que gera impunidade e a plena certeza que no Brasil o crime compensa corremos, sim, o sério risco de nos tornarmos amanhã, o Equador de hoje.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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