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Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar, diretor da Comércio PB, presidente da CDL de Cajazeiras e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).

Para que serve mesmo a Sudene?

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publicado em 04/07/2023 às 10h40

A visita do novo superintendente da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), Danilo Cabral, ao governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, João Azevedo, se revestiu num misto de expectativas e frustações. Esperava-se, no mínimo, o anúncio de parcerias inserindo a Paraíba no Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), mas isso não aconteceu, aguçou ainda mais a desconfiança dos paraibanos com essa autarquia conhecida nacionalmente como um verdadeiro sumidouro de dinheiro público que não entrega resultados levantando um contundente questionamento: para que serve mesmo a Sudene?

Idealizada pelo brilhante economista paraibano Celso Furtado e criada no Governo Juscelino Kubitschek, em 1959, a Sudene é um notório exemplo brasileiro das desvirtuações dos propósitos das nossas instituições para que foram concebidas. Furtado, autor da obra clássica “Formação Econômica do Brasil”, que viria a se tornar o primeiro superintendente desta autarquia,começou a garimpar números para fundamentar a sua proposta de que o Nordeste não tinha futuro sem um poderoso órgão de fomento desenvolvimentista para aquela região. Os números garimpados na sua bateia eram preocupantes, nos 1950, os nordestinos tinham uma renda per-capta de menos de U$ 100 dólares um terço dos habitantes das regiões centro-sul, com uma população que correspondia a um terço da população brasileira. Foram finalmente com esses números estarrecedores que o economista de Pombal convenceu JK a implantar a Sudene.

A ideia era boa, pensada com a função precípua de planejar articular e coordenar todas as ações do governo, a Sudene Já nascia lastreada com recursos de 2% das receitas da União com um fundo de apoio para combate as secas, na época, um cruel flagelo que dizimava os nordestinos. Era um lampejo de esperança que prometia quebrar as amarras do atraso com um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico que promovia a geração de oportunidades de emprego e renda promovendo justiça social e cidadania para uma legião de excluídos.

Mas não foi isso que aconteceu. Capturada por políticos inescrupulosos e abalados por uma sucessão de escândalos de corrupção, inoperância e sérias denúncias de desvio de recursos públicos e fraudes Finor,seu principal fundo de investimento, a Sudene foi extinta 42 anos depois da sua fundação, no governo FHC,quando em 2001 o Governo Federal Aplicou um “cala boca” no Nordeste a transformando na esvaziada Agência de Desenvolvimento do Nordeste (Adene). Eis o esdrúxulo caso clássico brasileiro onde em vez de punir severamente os corruptos, se extingue a instituição, ou seja, o Governo não queria matar o carrapato e sim a vaca.

Depois de forte pressão da bancada nordestina a Sudene foi criada em 2007, no Governo Lula, mantendo sua área de atuação noves estados nordestinos e incluindo o Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais e o norte do Espirito Santo se tornando uma autarquia inexpressiva, transformada em cabide de emprego para acomodações politicas.

No governo passado a Sudene ganhou Sobrevida passando a ter visibilidade ao lançar um vigoroso e consistente programa para enfrentamento dos desníveis socioeconômicos da região, o G52-Rede de Cidades Indutoras do Desenvolvimento, que consiste numa estratégia inovadora de interiorização do desenvolvimento regional que contempla 52 municípios-polo nordestinos entre eles Cajazeiras, Patos e Sousa. Mesmo que atual gestão não consiga apresentar algo novo a preservação do G52 já fica de bom tamanho.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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