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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Procurando um tema

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publicado em 02/07/2023 às 09h16

Ok. Talvez a ideia de embarcar num submarino e ir visitar o cativeiro do Tinatic não tenha sido das mais brilhantes, mas esse tema já se esgotou.

Nem sempre temos grandes ideias. Às vezes temos ideias modestas, às vezes acertamos na mosca ou morremos na praia. Outras vezes temos ideias muito pouco iluminadas, daquelas fraquinhas, que atribuímos a preguiça de ir para o computador escrever a coluna.

Li um texto de Nelson Barros, sobre a bondade que pega, que envolve vários personagens, com destaque para o menino bonito, Álvaro. Ai pensei: vou escrever sobre Nelson, que acho bacana os textos dele, mas também penso que ele não vai dar a mínima…. Fica a ideia para o Verão 1942.

Aliás, ao excesso de trabalho (o excesso de trabalho é o new influencer, pois, se não trabalhamos demais, não somos fixes), ao tempo, que anda tão esquisito, ao fato de não dar nada ou nada é de graça, igual as séries batidas da Netiflix.

Outros dias ainda temos ideias que, só pelo fato de nos terem impedido de as pormos em prática, quase nos devolvem a fé na humanidade, em Jesus Cristinho, no Buda, no Elvis, no chocolate diet, no Alá ou nos livros de Simone B e até nos totós da democracia. Eu acho linda a cachorrinha de Janja da Silva, mas nunca a vi mais cafona que a mamis.

Outra ideia sem nexo é a solução de problemas, partilha de heranças, irmãos intrigados porque a mãe não libera a grana antes de morrer, além das justas manifestações delirantes sobre o orgasmo ou, se está dentro, deixa.

Pensei em escrever sobre as pessoas que fumam sem parar, nos gozos tortos da nicotina, na dieta da moda, no mestrado que eu não fiz, na declinação única da america latina ou na latrina da sala preta do antigo DAC da UFPB, nos anos 80.

Mas a boa ideia não era dessas boas, sabe? Era só uma ideia. E o problema foi, parece-me que todos concordarão, o azedume da plateia alucinada nas noites sertanejas do Parque do Povo, além da descrença e a desilusão e da moçada que ainda pinga nos olhos o colírio de Raul Seixas.

Pensei em escrever sobre Bananeiras, mas João Donato (foto) me ligou e achou melhor na voz de Bebel Gilberto “Bananeira não sei, Bananeira sei lá” Deixa pra lá.

Quer saber? Vou escrever sobre nosso pé de Oliveira que já passou dos cem anos, mas onde está o Silva? Tanta gente que acorda tarde, ao meio-dia e já não gosta de nada que o Brasil possa oferecer – são neo-imbecis demais.

Ô de casa meu pé de Oliveira, namorado da Laranja Lima, lima do pé (que ainda é minha, de mais ninguém). Tem gente sobrando na Praça da Pedra, diz que assim que puder, vai arranjar um trampo e sair deste quintal, mudar-se para o jardim de Êpa Babá e eu lá no meu pé de coco, pra saber se o coco é oco.

Vou escrever sobre a biblioteca pobre de contemporaneidade, cheia de poetas mortos e de livros amarelados e feios.

A vida já não quer saber dos mortos, porque outro dia ouvi alguém dizer que íamos todos sobreviver e que o sol ia morrer e que depois não havia mais nada, nada, nada, nada. Cuidado, ideia fixa é doideira.

Kapetadas

1 – Eu acho cansativo demais a pessoa ficar o tempo todo mostrando o quanto é culta, sofisticada etc. Às vezes a vida pede uma brusinha curta pra poder mostrar o umbigo.

2 – Quer ser meu amigo? Então, não seja delinquente, não seja carente, não durma na rua. Lute

3- O som na caixa está no miolo do texto.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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