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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Raquel, o cordeiro de deus

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publicado em 02/05/2023 às 07h00
atualizado em 02/05/2023 às 04h26

Largo tempo sem ver a indomável Raquel Cordeiro, quase um simbolismo, um ser dos mares, apropriado para nunca ficar no cais.

Até quando era um gato de botas, saía para o Baixo Tambaú e os passarinhos se recolhiam ao mutismo da noite. Meninos e meninas de olhos bem abertos. A noite marca muito a vida da gente. #anos80

Acho que a vi pela primeira vez no sol da meia noite, não era noite alta, ela não me dava cartaz, mas eu sonhava com um feliz ano velho.

De repente, uma visita inesperada. Veio ela e sua irmã, (a mulher de Peixinho, dona Cláudia), ao casarão de fazer notícia, no centro da cidade.

Raquel é a cara da gente, de Baia Formosa, quase  o tom de um violoncelo, quase solene, nunca o Bolero de Ravel, e com a garra de surfista sobre o sol, mas ela gosta da lua, também.

Ela me lembra os apelos meus da posteridade, o que ainda virá, com o rosto choroso de um poeta que declama um soneto sozinho para uma mulher que me acena no livro “Coração Selvagem” de Clarice Lispector.

Em outras palavras,  não sou mais romântico, mas me encanto com Raquel Cordeiro e me lembro da festa da sua mãe, Ieda e a velocidade do pai, o motoqueiro Décio, que foram postos à terra para permitir sentimentos cumpridos. O pai já foi.

Inacreditavelmente quente, Raquel com seu jeans apertado, esquentava mais meu coração sertanejo, feito uma escavadeira que surgia na cidade nos anos 70 e o meu longo trabalho de hecatombe.

Quem passou pelas possibilidades, certamente viu coisas incríveis, Raquel e suas namoradas estão emolduradas.

Eu gostei da visita dela ao casarão. Me levantei, vibrei e disse palavras bonitas e, claro, taquei um beijo no rosto dela. Mais tarde, voltei a pensar nela, que não morre nunca, a mesma mulher bonita, com sua força masculina, a elegância paterna, no próspero amor feminino.

Era comum encontrá-la sem lápis nos olhos, sem batom, sem nada, talvez um lápis, uma arma quente, apontado para  os imbecis.

Raquel é mais bonita hoje, na luz da manhã.

Agora, mais um largo tempo sem vê-la. Volta, vem me ver outra vez no trabalho.

Pena que você não me kiss

Kapetadas

1 – Às vezes vocês não tem dificuldade em manter a sua energia quântica presa nos seus átomos de carbono que personificam o seu corpo físico? Pois Raquel, não tem.

2 – Vocês acham que a gente consegue sentir quando uma pessoa está pensando na gente? Salve, Raquel e o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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