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SURPRESA

Petistas reagem mal às declarações do procurador-geral da República

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publicado em 10/05/2012 às 09h27

Os integrantes da CPI se surpreenderam com o tom adotado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. A avaliação unânime era de que as declarações tendem a piorar o clima, que já não era bom, entre Gurgel e os integrantes da comissão. Principais defensores da convocação, os parlamenares do PT reagiram agressivamente. Integrante da CPI, o ex-líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), foi áspero:

— Acho melhor o procurador explicar para a sociedade por que ele não denunciou o Demóstenes e os outros implicados. Quero crer que ele não estivesse imbuído da disputa eleitoral. Porque se ele tivesse denunciado o Demóstenes, ele não teria sido eleito senador. Ele não tem autoridade para mandar recado para o PT, ele escondeu a operação Vegas. Ele tem que deixar de ser arrogante. Porque para ficar de pé essa explicação dele, só com o carro do filme do Spielberg (De volta para o futuro) — reagiu.

O deputado Paulo Teixeira, que na terça-feira foi um dos principais defensores da convocação do procurador, também foi duro:

— Ele acabou politizando um tema que não tem o caráter político que ele deu. É fundamental o pronunciamento dele para explicar o fato de ter paralisado a Operação Vegas. Queremos respeitosamente as explicações dele. Acho que a postura dele demonstra desrespeito com o conjunto de CPI — disse.

Tidos como dois dos mais independentes parlamentares da CPI, os senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) mantiveram-se nesta quarta-feira contrários à ida do procurador.

— Estão querendo transformar na CPI do procurador. Esse não é foco da CPI, o foco determinado. O foco determinado são as relações de Cachoeira com parlamentares e a empresa Delta — defendeu Taques.

Randolfe preferiu não entrar no mérito das declarações de Gurgel, mas vê necessidade de esclarecimentos, ainda que sem a presença do PGR:

— Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Tenho sido um dos maiores defensores da não convocação do procurador, ainda acho que há um impedimento constitucional, mas a partir do depoimento de ontem (terça-feira), acho que há razões para que ele preste esclarecimentos — afirmou.

Para Onyx Lorenzoni (DEM-RS), a convocação do procurador não deve ser feita no momento. Ele diz que a melhor opção é fazer uma consulta, a qual Gurgel poderá responder por escrito. Caso essas explicações não sejam satisfatórias, aí será preciso discutir o que fazer

— Do ponto de vista institucional, não devemos servir a alguns, trazendo o procurador-geral. Porque isso criaria um conflito institucional, como vários expuseram, porque tira dele o poder de investigador. É inegável que um conjunto de parlamentares quer desde o início chamar o procurador. Uma aliança curiosíssima, entre Collor e parlamentares do PT. O PT e o governo querem fazer da CPI um instrumento de vendetta. Nós não podemos ser inocentes úteis.

Marco Maia diz que Gurgel tem que dar explicação de seus atos

O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), comentou as declarações do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que associou a reação de alguns parlamentares à sua postura nas denúncias da Polícia Federal no caso Carlinhos Cachoeira ao receio da votação do mensalão. Para Maia, o procurador não está acima da lei e precisa explicar seus atos.

– Atribuo as declarações do procurador ao calor e emoção do debate. Nenhum cidadão está acima da lei e tem que dar explicações de seus atos. Principalmente quem exerce função pública, esteja na procuradoria ou qualquer outro cargo – disse Marco Maia na noite desta quarta-feira.

O Globo

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