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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Paraibucolismo

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publicado em 03/12/2022 às 07h00
atualizado em 03/12/2022 às 06h52

O vento que chega ao jardim imenso da Usina Cultural Energisa, antiga “Cruz do Peixe”, sítio que pertenceu aos beneditinos, é algo deleitoso. É como se estivéssemos no Éden. Nem precisa chamar o vento, já está ali, a comer mais a noite, a se alimentar das flores.

O lugar é tão bonito. Fomos eu, Jória Guerreiro e a mãe dela Eliane, para o lançamento do livro de Juca Pontes. Juca nos liga a outras pontes da cidade. É puro bucolismo.

Um silêncio daqueles e à borda quase um lamento, onde braços e abraços vêm nos acalentar, bem melhor que o noticiário maldito do Brasil.

Lá encontramos o jornalista Helder Moura, autor do romance “O incrível testamento de Dom Agapito”, que narra a história de um homem de Óbidos, Portugal, mas não precisa cantar um fado para saber que HM é um bom romancista.

Vai mais bonito o que a gente pensa e diz, o que a gente vislumbrava, na antiga hospedaria do cronista Luís Augusto Crispim.

A moça sai da janela e senta num banco da Praça dos Independentes. Da Energisa dá para ir a pé. É puro bucolismo. O olhar hospitaleiro que trago em mim, Paraibucolismo.

O mar é lá, diz Epitácio Pessoa, apontando com o indicador, na cabeça da avenida –  que leva seu nome até o mar de Tambáu, mas o mar não é bucólico, é cosmopolita.

Um outro jeito de usar a cabeça. Qual? Alguém me contou que na Pedra da Boca, o bucolismo incita e excita, mas não ficará pedra sobre pedra.

Vai fundo, repara onde o pé pisa, segue o bucolismo e não oprima os outros, saia do seu (esgoto)mento e venha contemplar o som das árvores nas calçadas de João Pessoa.

Dalmar Medeiros, o jovem mercante, da mata dinossaurica de Sousa, circula pelos eventos culturais como um Dandy. Ele me apresentou a artista Marlene Almeida e sugeriu a pintora uma visita solene ao jardim da Francis, mas Marlene tirou de letra dizendo que eu tinha uma cadela chamada Marlene em sua homenagem.

O nome do vira lata era em homenagem a “Marlene” Dietrich, a Lili Marlene. A cadela foi enterrada no bucolismo do nosso quintal.

Aqui ancoro mais bucolismo, a Praça São Gonçalo, cheia de árvores que ultrapassam cumeeiras.

Quando existia pai e mãe, íamos aos Porções, antigos sítios, pureza, zélins, saiamos a pé de madrugada com sensações de arrepiar a pele em contato com o bucolismo.

Ângela Bezerra foi criada numa fazenda e ela  aos 80 anos, se revela mais bonita que seus olhos turquesa. Mulher bucólica, inteligente e ainda menina, viveu grande amor.

Mesmo na agonia das palavras, vivemos a chegada da beleza, o espanto original e por isso nos falam de outro mundo, onde o bucolismo é uma linha com que se cose tudo,  eu, você, você e eu.

Kapetadas

1 – A desgraça de agora é o meme de daqui a pouco. Te cuida, te dana!

2 – Não descobria a diferença entre clitóris e clítoris, mas queria descobrir onde era o ponto G.

3 – Som na caixa: “Sertaneja, por que choras quando eu canto?”, de Rene Bittencourt

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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