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Jornalista, cronista, diácono na Arquidiocese da Paraíba, integra o IHGP, a Academia Cabedelense de Letras e Artes Litorânea, API e União Brasileira de Escritores-Paraíba, tem vários publicados.

Dois bispos e a igreja dos pobres

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publicado em 16/11/2022 às 07h00
atualizado em 15/11/2022 às 13h57

 

         Hoje, desejo falar de dois bispos que deram rumo a minha possibilidade de melhor integrar a Igreja, pois deles absorvi procedimentos de amor ao próximo.

         Quando frequentava os Templos apenas para comunhão e orações coletivas, com seus gestos, Dom José Maria Pires (foto) induziu-me a olhar as novas práticas da Igreja. Minhas atividades na Imprensa nos aproximaram. Outro foi Dom Marcelo Pinto Carvalheira, acolhido na minha necessidade de orientações espirituais, desde quando ele andava pelas terras do Brejo.

Estes dois padres a quem tributo homenagens, ganharam espaço privilegiado no ciclo de minha admiração, com a amizade que me fiz merecedor, sem desprezar os amigos da Imprensa e da Literatura que arrebanhei para perto de mim, a fim de ampliar meus conhecimentos. Sou devedor no agradecimento a ambos porque tiraram-me da leseira da fé para a vivência em comum na comunidade cristã, “sobretudo uma igreja de pobres”, como profetizou Dom Helder Câmara.

       Quando Dom Helder Câmara pronunciou palavras de boas-vindas a Dom José Maria Pires, em 1966, na qualidade de novo arcebispo da Paraíba, falou da “mística do desenvolvimento”, evocou a necessidade para a compreensão da nova paisagem desenhada em todo o mundo e na Igreja, e destacou o modo de viver a Palavra, a partir do Vaticano II.

         Primeiro passei a admirar Dom José lendo suas mensagens natalinas, ricas em palavras confortantes, e as cartas pastorais esporadicamente publicadas. Observava os posicionamentos acerca dos fatos políticos e sociais no âmbito da Paraíba em um período de incertezas políticas.

         Bispo que trouxe do Pacto das Catacumbas o voto de pobreza e o olhar com desvelo para os excluídos, Dom José pode até não ter agradado a muitos na Paraíba, mas conquistou mentes e corações com sua proposta de sair do centro para as margens periféricas de cidades e grotões.

        Como Bispo da Ternura e da Solidariedade, Dom Marcelo Pinto Carvalheira revelou-se nas sementes plantadas nas terras paraibanas, onde, em quase três décadas, enfrentou desafios e construiu ambiente para o novo humanismo cristão.

         A oração no silêncio modelou Dom Marcelo para batalhas em favor da vida. Foi presença na defesa dos pobres entre os mais pobres. Um aliado das causas dos excluídos. Para ele, quem não é solidário com os semelhantes, tampouco é com Deus.

         Homem de ação e de contemplação. Homem da esperança. Na noite escura fazia raiar luzes.

      Envolvido pela ternura de Deus e impulsionado pelo Espírito Santo, iluminou corações com suas pregações, gestos e atitudes solidárias. Com Maria, estabeleceu uma ponte de amizade entre Jesus e os fiéis. Ele foi um sinal da unidade e de alegria para o povo da Paraíba.

        Dom Marcelo foi, essencialmente, um evangelizador. Um homem de Deus que atuava com equilíbrio. Um pastor que fez muito pela Igreja na Paraíba. Dom Marcelo continua conosco.

     Estes dois bispos extremosos para conosco, semelhantes no ver e agir segundo os princípios dos Evangelhos, anunciavam a esperança. Eterna esperança na terra renovada pela Palavra que se fez pão e vinho sagrados. Eles assumiam nossas inquietações e nossas dores.

     Como eles, somos chamados a repetir seus gestos de lançar a rede, mesmo em pescaria com águas agitadas. Ambos serão sempre lembrados pelos seus gestos.

           Destes dois bispos guardei a lembrança da voz serena e das mãos que afagavam. Cada uma com sua mística e seu carisma, ambos conduziram seu rebanho com denodo. Abriram as portas ao Deus dos profetas e a Jesus de Nazaré. Deixaram inesquecíveis lições. Deixaram testemunhos evangélicos para os tempos atuais e vindouros.

 Obs.: No domingo, 13-11-2022, a Igreja Católica celebrou o Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco. 

 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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