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A economia é uma ciência social, tem cinco fatores de produção e é dividida em três setores básicos: o setor primário, o setor secundário e o setor terciário. Esta relevante divisão da economia foi criada pelo economista Colin Grant Clark (1905-1989) na década de 1930, por ser o pioneiro no estudo e uso do Produto Nacional Bruto (PNB).
Colin Grant Clark foi um economista e estatístico britânico que trabalhou no Reino Unido, e, posteriormente, na Austrália, onde se tornou Conselheiro Econômico do Governo de Queensland. E o Professor Clark lecionou Estatística de 1931 a 1938 na Universidade de Cambridge, foi naturalizado australiano e escreveu vários livros, entre eles, destacam-se: A Renda Nacional 1924-1931 (1932), A Situação Econômica da Grã-Bretanha, juntamente com o economista inglês Arthur Pigou (1936), Renda e Despesas Nacionais (1937) e As Condições do Progresso Econômico (1940).
De acordo com o economista Paulo Sandroni (2014, p. 142), “Colin Clark parte dos estudos sobre a renda nacional para relacionar os graus de evolução dos países e a produtividade do trabalho. Nestes estudos, reintroduziu uma distinção já esboçada pelos demógrafos do século XVIII: a divisão das atividades em setores primário (agricultura), secundário (indústria) e terciário (serviços)”.
O setor primário é basicamente formado pela agricultura, pecuária, extrativismo mineral, extrativismo vegetal e extrativismo animal (pesca e aquicultura). Esse tipo de atividade econômica vem sofrendo grandes transformações tecnológicas, onde a mão de obra é cada vez menos requisitada. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve uma forte redução na participação da mão de obra no setor primário no Brasil, caindo de 70,2% em 1940 para 7,0% no ano de 2016.
O setor secundário é composto por indústrias na produção de máquinas, equipamentos, alimentos, bebidas, automóveis, brinquedos, eletrônicos, computadores, celulares, calçados, televisores, geladeiras, fogões, móveis, confecções, entre outros produtos industrializados, além da construção civil, naval e aeronáutica. Em geral, o setor industrial vem sofrendo as mesmas transformações do setor primário, em decorrência do avanço tecnológico, sofrendo reduções na participação da população economicamente ativa (PEA) no País a partir da década de 1980.
Finalmente, o setor terciário, um setor econômico composto por serviços, comércio e turismo, com destaque as redes de transporte e distribuição de produtos no continental Brasil e o setor de educação e de saúde num país emergente. Ele ocupa mais de dois terços da mão de obra no País, com 67,7% da PEA em 2017 (SESCAPLDR, 2022). Atualmente, o setor terciário emprega mais de 70% da PEA. Tornando-se assim, o setor com maior empregabilidade nas cinco regiões do País, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do IBGE.
É preciso destacar que o setor terciário participa de 72,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Seguido pelo setor industrial com 20,0% do PIB, e por fim, o setor agropecuário com apenas 7,2% do PIB nacional, conforme os dados de 2021 do IBGE. E o crescimento do setor terciário vem sendo registrado a partir do final do século XX. Essa é, na verdade, uma tendência mundial, que ocorreu em maior grau nos países desenvolvidos e que também vem se manifestando nos países emergentes, entre os quais o Brasil se inclui.
Entre as causas do crescimento no setor terciário brasileiro, podemos destacar: a) o processo de êxodo rural e a diminuição proporcional do número de empregos no campo; b) a emergência do sistema de produção flexível da indústria, gerando menos empregos nesse setor e exigindo uma maior qualificação profissional de seus trabalhadores; c) o crescimento do consumo da população, que fez com que o setor comercial passasse a receber mais investimentos nacionais e internacionais; d) a intensificação do processo de globalização no Brasil, que proporcionou a expansão de práticas relacionadas com o setor terciário, tais como as telecomunicações, os transportes e outros; e) o processo de terceirização, ou seja, a designação de serviços específicos para empresas especializadas (limpeza, vigilância, entregas, etc.) (BRASIL ESCOLA, 2022).
Constatamos que no site do Brasil Escola (2022) que os dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) indicam que 98% dos estabelecimentos do setor terciário brasileiro são de micro e pequenas empresas e que estas empregam 52% de todos os trabalhadores contra 48% das médias e grandes empresas. Assim, além da informalidade, crescem também os postos de trabalho caracterizados pela precariedade nas condições de exercício e também pelas baixas remunerações.
Apesar do aumento no número de pessoas que estão no mercado de trabalho, os salários estão mais baixos do que antes e há também muita contratação sem carteira assinada. No segundo trimestre encerrado em agosto deste ano, o salário médio das pessoas ocupadas era de R$ 2.652. No mesmo período do ano passado, era de R$ 2.794, o que representa uma queda de 5,3%. E a taxa de informalidade ficou em 39,7% no trimestre junho-julho-agosto, atingindo 39,3 milhões de pessoas em todo o País.
Entre os aspectos preocupantes do crescimento do setor terciário no Brasil, destacam-se: a elevada informalidade dos empreendimentos, a redução dos direitos trabalhistas e os baixos salários (BRASIL ESCOLA, 2022). Nos dias atuais, podemos acrescentar também a alta rotatividade e as condições precárias de trabalho em certos segmentos.
Este setor econômico apresenta uma geração de um enorme volume de emprego e renda para PEA. Por se tratar de uma vertente econômica que vem se transformando desde a Primeira Revolução Industrial, no século XVIII, o setor secundário vem rigorosamente empregando uma mão de obra mais qualificada e com mais habilidades técnicas pré-requisitadas para desenvolver atividades de níveis mais operacionais.
Em princípio, é relevante ressaltar a valorização que o setor industrial proporciona aos trabalhadores, principalmente por ser o setor econômico que mais gera emprego com os melhores salários, que agrega mais valor e que vem beneficiando cada vez mais o trabalhador com a concessão dos seus direitos trabalhistas.
Diferente do setor terciário, o setor secundário é responsável por contemplar as atividades industriais. Nele, a principal característica é a transformação de matéria-prima em produto final, em bem industrializado e a indústria possui uma perspectiva de contratação mais “formalizada”, em sua grande maioria por seguir as normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e valoriza os direitos trabalhistas, garantindo assim seguridade social de todos os seus benefícios ao colaborador que se disponha e adeque-se a possuir uma posição de empregado dentro de uma organização industrial.
Ademais, esse tipo de atividade econômica tem se modernizado cada vez mais e melhorando a qualidade da força de trabalho, investindo em contratação técnica e de nível superior, além de ser altamente atrativa por questões de reconhecimento técnico profissional e melhor remuneração salarial.
Quando tratamos de qual setor da economia mais emprega homens, o setor terciário continua sendo um destaque na economia brasileira (UOL, 2022). Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), entre 2019 a 2021, as funções de vendedor, cabeleireiro e motorista são as que mais geraram ocupação no mercado de trabalho (UOL, 2022).
Um fenômeno que podemos observar é que as vagas de emprego que menos exigem formação acadêmica foram as que mais cresceram no País, devido às barreiras de entrada serem muito baixas, o que aumenta a concorrência e baixa os salários.
O setor de hospedagem e alimentação tem, por sua vez, entrado em uma crescente alta, onde no primeiro trimestre desse ano teve um aumento de 29,2%, sendo um total de 1,2 milhão de novas vagas no período, segundo a PNAD Contínua. Por mais que esses sejam números motivadores, devemos fazer uma breve análise do que está acontecendo na economia brasileira.
O número de desempregados no Brasil já alcançou 9,7 milhões de pessoas, no trimestre terminado em agosto de 2022, de acordo com a PNAD Contínua, do IBGE. E novamente a taxa de desemprego no País caiu de 9,1% para 8,9% da PEA, no trimestre encerrado em agosto de 2022, porque o número de empregados sem carteira assinada e ganhando menos do um salário mínimo (R$ 1.212,00) no setor privado bateu recorde da série histórica e chegou a 13,2 milhões de pessoas (IBGE, 2022).
Com certeza, é melhor trabalhar informalmente do que continuar no enorme contingente de desempregados no Brasil. O ideal seria o pleno emprego com carteira assinada e o pleno emprego é um cenário econômico no qual não falta trabalho para quem estiver disposto a trabalhar nos três setores econômicos e sempre indica a menor taxa de desemprego possível. E a criação de novos postos de trabalho no setor primário (fornece a matéria-prima), no setor secundário (transformação da matéria-prima) e no setor terciário (consumo direto de bens e serviços) é importante para as famílias brasileiras.
Conclui-se que há nas cidades brasileiras uma fila enorme de desempregados em busca de uma vaga de emprego, devido à mecanização na agropecuária, a robotização na indústria automobilística e a informatização nos bancos, como também, a falta de qualificação profissional e o menor dinamismo da aquicultura, da indústria de transformação e do turismo. E muitos desempregados, sobretudo, os jovens não formados desejariam trabalhar formalmente ganhando um salário mínimo por mês numa fábrica, mas não encontram vaga disponível no mercado de trabalho cada vez mais competitivo e globalizado. Enfim, precisamos urgente, de mais projetos de geração de emprego e renda no Brasil.
Referências
BRASIL ESCOLA. Crescimento do setor terciário no Brasil. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/crescimento-setor-terciario-no-brasil.htm. Acesso em: 20 Set. 2022.
BRASIL ESCOLA. Setores da economia. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/videos/setores-da-economia.htm. Acesso em: 01 Out. 2022.
FGV IBRE. Mercado de trabalho no Brasil: situação atual e desafios para o futuro. Disponível em: https://blogdoibre.fgv.br/posts/mercado-de-trabalho-no-brasil-situacao-atual-e-desafios-para-o-futuro. Acesso em: 20 Set. 2022.
IBGE. Desemprego. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php. Acesso em: 20 Set. 2022.
SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. 8ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2014.
SESCAPLDR. Setor de serviços é o que mais emprega no Brasil, segundo o IBGE. Disponível em: https://www.sescapldr.com.br/imprensa/novidades/17-1-2017/setor-de-servicos-e-o-que-mais-emprega-no-brasil–segundo-o-ibge. Acesso em: 20 Set. 2022.
UOL. Setores de serviço e comércio são os que mais geram renda e empregos no Brasil. Disponível em: https://www.band.uol.com.br/radio-bandeirantes/noticias/setores-de-servico-e-comercio-sao-os-que-mais-geram-renda-e-empregos-no-brasil-16465493. Acesso em: 20 Set. 2022.
(*) Nota: Artigo elaborado pelos estimados alunos Eduardo Henrique Silva Macedo do Curso de Administração e Luiz Henrique Lima Santos do Curso de Gestão de Recursos Humanos (RH) no UNIESP, noturno, em parceria com o economista Paulo Galvão Júnior, professor de Economia e Mercado, dos Cursos de Administração e de Gestão de RH, no UNIESP, localizado na cidade portuária de Cabedelo.
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