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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Centrão

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publicado em 13/08/2021 às 07h18
atualizado em 13/08/2021 às 04h20

Nem poderia. O centro das coisas tem dessas coisas. Está em todo lugar, no meio delas. Ora, no meio das coisas, chamado centrão, as moscas-varejeiras (foto) circulam, sobretudo as mais avariadas. Claro que os poderosos estão no meio do centrão. O centrão é dessas entidades que são desejadas, por gregos e troianos, por uma questão bem simples: É acoplamento estrutural entre a fome e a vontade de comer.

O centrão é uma bola de fogo, em torno da qual as mariposas inocentes, mal-amadas ou deslumbradas morrem esturricadas, posto não terem a força de rejeição daquilo que, paradoxalmente, tanto a atraem. O centrão nunca foi transparente. É matéria suja que suga para seu deleite os arroubos estridentes da incompetência e da prepotência.

O centrão, como todo buraco que expele inutilidade, fede. O centrão é avaro e fútil. Come de tudo, em todas as partes, de todo mundo. Se achar uma viúva subtraída do juízo, como zumbi, ataca com um tino aguçadíssimo de oportunidade e mau-caráter, capaz, inclusive, de vender a mãe em qualquer mercado que se formar em seu entorno. O centrão é um mercado sem lei, sem ética, sem freios.

A alma do centrão é sua plasticidade e desfaçatez, tudo depende do naco de poder de que precisa. Há quem se fie no centrão; são ingênuos. Há quem dependa do centrão; são seus capachos. Há quem coloque os fundos em direção ao centrão, confiando em algum pijama mal dormido das casernas… Coitados, cabeças de camarão!

Oportunistas, sim, mas donos de todos os tempos. É impossível elaborar uma teoria sobre o centrão. Seus tentáculos são autopoiéticos, debruçam sobre si mesmos e, como um buraco negro, engolem toda energia ao redor, principalmente a que gosta de negociatas. O centrão é escorregadio e mau. Deus nos livre do centrão!
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