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Marly Lúcio é jornalista pela UFPB, com MBA em Marketing pela FGV. Foi secretária de Comunicação e de Ciência e Tecnologia do município de João Pessoa. Sócia-diretora da Múltipla Comunicação Integrada, empresa especializada em gestão de imagem e assessoria de imprensa.

CPI da Pandemia: o diferencial do media training na crise

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publicado em 17/05/2021 às 09h59
atualizado em 17/05/2021 às 07h26

A CPI da Covid em curso no Senado trouxe novamente à tona um assunto da seara da comunicação estratégica e que eu, particularmente, adoro: o media training. Essa técnica oriunda de uma expressão em inglês, nada mais é que a preparação de pessoas para se comunicar com a mídia e através dela.

Contudo, os espaços e as necessidades de comunicação foram ampliados e agora a preparação envolve não apenas saber se portar bem para conceder uma entrevista, mas falar com desenvoltura e credibilidade em vídeos para a internet, discursos, debates, reuniões e até … CPIs!

O Palácio do Planalto montou um gabinete de crise para lidar com o assunto e preparar os porta-vozes do governo para enfrentar as sabatinas, que iniciaram no final de abril. O ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, fez media training. Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, vem fazendo media training desde abril e não vem conseguindo convencer os seus treinadores. Seu depoimento na CPI teria sido adiado justamente por esse motivo; ele ainda não estava pronto para ir à Comissão.

O gerente geral da farmacêutica Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, que certamente tem esse acompanhamento profissional especializado, foi seguro, respondeu à sabatina sem mudar o tom de voz, fazendo gestos controlados e olhando no olho de quem questionava para cada resposta.

Observando a CPI temos mais certeza que investir na preparação de porta-vozes é sinônimo de uma gestão de crise eficaz e segura, que aposta na prevenção e na capacitação de seus líderes para comunicar os valores da organização de modo eficiente. Quando isso não acontece, é uma verdadeira crise dentro da crise! E, às vezes, não há bombeiro que consiga apagar incêndio de tantas proporções!

Por isso, o foco passa longe de ser apenas como dizer. Trata-se, principalmente, sobre o que dizer e de que forma a expressão verbal e corporal se aliam ao conteúdo retórico.

Das lições para a comunicação estratégica que tiramos analisando o desempenho dos inquiridos pela CPI – todos líderes e ocupando cargos de relevância – é que a preparação desses porta-vozes precisa ser realizada de modo contínuo, muito antes de haver algum evento concreto para essa necessidade.

Pois, quando a comunicação trumbica, pegando emprestado o chavão do velho guerreiro, toda a reputação da organização trumbica junto.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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