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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Diva acordou!

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publicado em 08/05/2021 às 08h07
atualizado em 08/05/2021 às 12h01

Quando a gente se encontrar, eu vou lhe contar que assisti filmes tantas vezes, dos livros, fechava meus olhos, olhava o jardim, só pensando no amanhã, que iria acontecer, aconteceu, Dina acordou.
Eu sempre quis saber de Diva, queria ela com saúde, feliz, queria ela na manhã, tão bonita manhã, no entardecer, um esplendor, como se ama uma personagem, a margem de carinho, com o nome dela a reluzir diferente, Diva, que sabe tão bem conduzir.
Diva acordou. Para ver e amar, como um poema de amar de João Cabral de Melo Neto. Os dias foram longos, nada parecidos, onde uma menina faltava a aula, uma sobrevivente da Covid 19. Diva é um anjo.

Ela despertou dos silêncios. Quem conhece Diva sabe dessa alegria minha, feito a vida da gente, feito o carnaval, uma canção e as vozes das crianças nas músicas de Milton Nascimento.

Ela despertou das intubações, dos cuidados de muitos, despertou merecidamente. Se eu fosse um biografo, feito nós loucos por Diva, faria discursos, saia pelas ruas com o livro da vida, uma difusora na boca, ou usaria a voz de um aboiador, para acordar as cidades e anunciar que Diva acordou.

Lembro de Diva como quem fica a par de Amos Oz, através ou não das ficções, algo doloroso, maduro como é a boa amizade, também dela pela vida e a morte.
Convivência de felicidade e paciência, nossa amizade surgiu da vontade de um caminho ao paraíso, do bom amigo, aquele a quem somos confidentes, amizade que dava saudade e essa saudade esteve em jogo por esses dias, mas agora renovada, porque Diva acordou.
A gente termina gostando muito de uma pessoa, duas, poucas e tudo já se transforma, fica imenso. Sabe Deus que não poderia ser diferente, que Diva precisava fechar outros ciclos. Chorei sozinho, chorei ao telefone, até com saudade de mim.

Diva acordou e essa é a melhor notícia em meio a tantos horrores, tantos mortos para quem não se escreveu uma linha, um obituário.

Diva acordou para ser menina de novo.
Quem conhece Diva, diga comigo: Diva acordou!
Quem conhece Diva, escreva no diário: Diva acordou!
Quem conhece Diva dê vivas, com a salvação da vida.
Quem ainda não conhece Diva, quem entende de amor entre amigos, diga comigo: Diva acordou!

Kapetadas
1 – O texto é dedicado a Ricardo, Cristian, Rafael e Leonardo. A Melissa, Zarinha, Jacklena, Leninha, Viviane, Claricinha, Moema, Eliane Freire, Jaqueline e a doutora Christiane Carvalho.
2 – Som na caixa: “Vou te contar os olhos já não podem ver”, Jobim

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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