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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Reviver não é bom

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publicado em 20/02/2021 às 06h33
atualizado em 20/02/2021 às 08h25

Há muito tempo eu espero pela gargalhada geral. Vou dormir pensando nela. Meu amigo, minha senhora, minha vizinha, minha namorada, quando tudo isso passar a gente vai invadir a cidade e se abraçar, tomar umas e outras, saborear o tutano do mocotó ((foto) (que eu detesto), espetinhos nem de longe, ou um pastel chinês, quem sabe.

Nada do que foi seria – de um lado a outro lago. Quando tudo isso passar, os amores vão festejar nas praias, bares e praças, onde não deveriam estar nessa pandemia. Quando tudo isso passar, o sol vai estar mais quente e chamaremos o vento. Olé, olá.

Quando tudo isso passar, eu vou desligar a televisão, te levar para sambar naquele quarteirão, vamos ao Rio, caminhar pelas calçadas do Leblon. Tão bom, kibon.

Vamos mudar de assunto. Antípodas.

Eu li que o princípio não utilitarista afirma que o homem foge do prazer e busca a dor (o mal-estar). Logo, devemos imaginar uma sociedade que vise produzir em larga escala a infelicidade, a dor e o mal-estar. Não, eu não acredito. A dor há de nos salvar.

Vamos mudar de assunto. Cicatrizes.

Ontem conversei com a metáfora. Ela está uma fera. Disse que já desconfiava, na verdade, que todas as figuras de linguagem são parentes dela.

A senhora metáfora, compreendendo no sentido simbólico, ou um símbolo cuja função é ocupar, com o mesmo tom, o lugar de outro objeto, mas eu achei um tanto sem nexo. E tú? Não conseguimos viver sem ela, né? Quem?

Vamos mudar de assunto. Supinamente louca.

Vejamos: hipérbole: metáfora do exagero; eufemismo: metáfora da atenuação; aliteração: metáfora sonora; antítese: metáfora da oposição; onomatopeia: metáfora de imitação sonora; pleonasmo: metáfora da repetição, e por aí vão ou não chegam a nenhuma lugar, nenhuma dor.

A vida não era assim. Mas reviver não é bom.

Vamos mudar de assunto – Vamos falar de você o que você acha de mim.

Kapetadas
1 – O primeiro dinossauro extinto foi o otariossauro.
2 – Alguém que já leu a Constituição toda sabe se o Brasil sobrevive no final?
3 – Som na caixa – “Podem me prender/Podem me bater/ Podem, até deixar-me sem comer/ Que eu não mudo de opinião/Daqui do morro/ Eu não saio, não”, Zé Keti

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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