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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Topadas e cocorotes

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publicado em 04/07/2020 às 07h00
atualizado em 04/07/2020 às 06h55

Todos os dias chegam saudades de gente que partiu. Ao mesmo tempo, crianças brotam na luz e elas não pegam Covid. A não ser, uma raridade. Eu estava vendo os depoimentos sobre o uso de máscaras nos blogs do mundo, de “que é coisa de comunista, a máscara ofende a liberdade de expressão, a máscara é uma invenção do demo, o que é bonito é para se ver”. Ora, que besteirol. Tem gente à beça a ser analisada onde se escutam tais argumentos.
Acho que tem gente que pensa que as “outras” mascaras podem vazar pelas de pano. Esquece.

Esta semana eu estava conversando com o artista João Bosco, (não o sertanejo), o parceiro de Aldir Blanc, falecido há pouco tempo e, em determinado momento da entrevista, ele falou em topada. Disse que Aldir costumava dizer que as topadas botam a gente pra frente. Também parece não ser novo. Como assim, João Bosco? “Aldir dizia que a gente deve cair pra frente, sempre pra frente”. Eu gostei.

Também nesta semana o advogado e colunista do MaisPB, Marcos Pires caiu num bueiro e ficou todo tatuado de escoriações, mas gravou vídeo dizendo que estava bem “e que o melhor é a gente agradecer e Deus e seguir em frente”. Ora, Sr. K, seu pai dizia que é pra frente é que se anda. Esqueceu? Acorda, Brasil.
Topadas. Nem sei o que diga. Foram tantas. Toda vez que eu levava uma topada na rua e o dedão ficava em carne viva, minha mãe ainda me dava uns cocorotes. E metia mertiolate em meu dedo. Ardia que só a bexiga.

Saudade da professora Zarinha. Ela sempre me alertou para não ficar disperso. É bom, principalmente, nesse tempo de pandemia, se concentrar no que está fazendo. Outro dia fui tirar acerolas aqui no jardim de casa e aquele besouro fedorento (que eu esqueci o nome), pulou em minha mão. Ai lembrei dos pés de algarobas do sertão. Era um odor infernal. Infernal mesmo foi uma live que Nando Reis fez sem a banda “Os Infernais” tocando em suas janelas. Esquece.

Havia em mim uma certa vontade de riscar paredes, mas entre quatro paredes o riscado é outro gozo. Minha mãe pegava na minha mão e saímos para o mercado. Com a mão esquerda eu riscava a parede com o indicador. Era o suficiente para ela puxar minha mão com força, e tome cocorote. Mas, uma mão lava sempre a outra, né? Então, sabão nelas.

O meu coração reclama a falta de correspondência e condescendências. Essa pandemia veio alterar qualquer coisa no meu modo de olhar para as pessoas. A nuvem tóxica que sobrevoa o planeta é mesmo a ignorância. Como tem gente ignorante. Uma pessoa pode ter as convicções políticas e religiosas que quiser, pode até ser ateu, o que faz a diferença é só a ignorância, a burrice, a estupidez, a boçalidade para o qual tem contribuído a ganância, a ambição, a grana, a luta desenfreada por audiências virtuais. Tergiversei, foi?

Topadas. Muitas topadas…Topas? Mas voltando para as máscaras do primeiro parágrafo, sorria meu bem, sorria, que seu clareamento custou uma nota pra ficar escondido. Escondido é um lugar que existe, né? Topas?

Kapetadas
1 – Ontem fui ao mercado e comprei a verdade, mas ainda não sou a dona dela.
2 – Eu só sei que nada sei nem sei como eu sei isso.
3 – Som na caixa: “Entre tapas e beijos, é ódio, é desejo, é sonho, é ternura”,

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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