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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Impeachment: a pedagogia que fica

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publicado em 12/05/2016 às 01h18
atualizado em 11/05/2016 às 22h26
dilma-temer

Punição contra quem sai (Dilma Rousseff) é recado e regra pra quem entra (Michel Temer)

Foram sábias as palavras do senador Cristovam Buarque (PPS-DF) em seu inteligente, lúcido e coerente pronunciamento durante a votação do impeachment no Senado. “Hoje não é o fim de um processo, é o começo”.

O afastamento da presidente Dilma Roussef de suas funções não pode ficar no ato em si. O traumático desfecho precisa servir de reflexão profunda sobre voto, poder e democracia.

Na democracia, o voto é soberano. O poder não. O exercício dos cargos públicos é regido por limites. Limites que o atual governo perdeu completamente em razão da obstinação de perpetuar um projeto político, ao custo da estabilidade econômica, do despudorado uso da máquina e ao preço da penalização do interesse coletivo.

Mas a saída da presidente Dilma não pode ser vista somente como uma punição à dirigente maior do Brasil. A lição que fica é mais ampla; é uma alerta a toda a classe política e um sinal inequívoco de que o atual modelo se esgotou e a paciência do cidadão extrapolou. Uma nova política, de novas posturas e costumes, se faz imprescindível para reformar e corrigir distorções. Ou os políticos mudam, ou serão mudados.

A pedagogia desse impeachment ensina que o mandato, por mais que saia da vontade expressa das urnas, não imuniza e nem blinda. Nem muito menos a obra social de qualquer governo é suficiente para torná-lo superior a eventuais crimes. Quando confia o voto, o eleitor não está emitindo um cheque em branco capaz de oferecer o direito de transformar o votado em intocável e inimputável.

Ao eleger, o cidadão empresta um mandato ao eleito. Este deve ficar abaixo do povo. E não acima dele. Quem não entender esse recado, pode ser dar muito mal. A partir do novo presidente Michel Temer.

Contra…
Observação do suplente de senador Tavinho Santos (PT do B): “Até agora não há nenhuma sinalização de paraibanos no Ministério de Temer”.

…Mão
Em todos os últimos governos, de FHC à Dilma, a Paraíba indicou ministros. O último foi Aguinaldo Ribeiro (PP), das Cidades.

Doença…
“Dilma cometeu a maior fraude fiscal da história”. Trecho do contundente discurso do senador Cássio Cunha Lima, líder do PSDB.

…Cura
(Na fisiologia humana) Não há solução sem sangue. O sangue aqui é a contrariedade do povo”. Do senador José Maranhão (PMDB).

 Serenidade no meio da crise
Muitas vezes citado e elogiado, o senador Raimundo Lira (PMDB-foto), presidente da Comissão Especial do Impeachment, saiu maior do processo. Cumpriu o mister confiado, atuou como magistrado, e deu demonstrações de equilíbrio. “Essas referências dos colegas aumentam minha responsabilidade”, disse Lira ao 60 Minutos – Rede Arapuan de Rádios, ontem.

BRASAS
*No ventilador – Regina Sousa (PT), senadora do Piauí, fez discurso lido e cutucou senadores da oposição. Para Cássio, escolheu o Caso Concorde.

*Derrota – Ex-deputado e analista político, Gilvan Freire não tem dúvidas: “A disputa com Cássio levou Ricardo a fazer a aposta errada”.

*Filho coruja – O deputado Pedro Cunha Lima (PSDB) fez questão de assistir, do plenário, o voto do pai (Cássio), na tribuna do Senado.

*Demoção – Líder do PP, Aguinaldo Ribeiro foi interlocutor do partido junto ao rebelde Waldir Maranhão (PP-AM), ameaçado de expulsão.

*Escolha do PTB – O nome do indicado Ronaldo Nogueira ganhou força depois que Wilson Filho abriu mão da indicação “porque disputará a eleição em João Pessoa”, informou o blog de Gerson Camarotti.

FALA CANDINHA!
A bela
Ao tomar conhecimento das velhas raposas prestes a compor o governo Temer, dona Candinha não se conteve: “Por enquanto, de bom mesmo nesse novo governo só a primeira-dama…”.

PONTO DE INTERROGAÇÃO
Sem empréstimos e no auge de uma crise, como Ricardo tocará o restante do seu governo?

collorPINGO QUENTE
“A autossuficiência pairava sobre a razão”. Do ex-presidente Fernando Collor (PTN-foto), durante seu voto, lembrando que alertou Dilma várias vezes sobre os riscos do impeachment.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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