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POLÍTICAS PÚBLICAS

Dr. Damião reúne partidos e cobra mais igualdade racial

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publicado em 23/03/2016 às 15h36
Damião Feliciano, deputado federal

“Para que o negro seja visto e aceito em qualquer ambiente, ainda temos um longo caminho a percorrer”. A declaração foi dada ontem pelo deputado federal Dr. Damião (PDT-PB), durante sessão da Comissão Geral sobre Discriminação Racial, no Plenário da Câmara dos Deputados. Autor da propositura para  realização da sessão, o parlamentar cobrou políticas públicas abrangentes e eficazes para corrigir essa distorção histórica, principalmente investimentos em educação e ações de combate ao racismo.

O parlamentar lembrou que, apesar da maioria da população brasileira se autodefinir como preta ou parda, de acordo com dados do IBGE, essa composição racial não se reproduz na direção de grandes empresas, nas universidades ou em cargos funcionais de maior relevância do país. “Os negros ainda são maioria nas periferias das grandes cidades e nos bolsões de miséria que existem pelo Brasil”, afirmou.

A sessão ocorreu por ocasião do Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, comemorado na segunda-feira, dia 21.

“O racismo existe, sim, no Brasil. É um problema que temos que enfrentar, desarticulando o discurso dos hipócritas, combatendo o comportamento discriminatório e criando condições para que o negro possa se afirmar como cidadão, como um igual”, defendeu.

Além dos convidados ligados à causa da igualdade racial, deputados de todos os partidos, da base aliada e da oposição se uniram para parabenizar a iniciativa do parlamentar, e empenharam apoio à luta pela igualdade racial.

“As políticas advindas do Governo e passadas por esta Casa, encontram resistência, mas muitas ações de governo têm o recorte racial. 70% dos beneficiários do Bolsa Família são negros. A política de cotas muito ainda tem que ser debatida, por isso eu desejo que todos tenham esta como uma data não apenas de reflexão, mas de ação”, lembrou a deputada  Benedita da Silva (PT-RJ).

Participaram da sessão, entre outras autoridades e representantes de movimentos pela igualdade racial, o ministro das Comunicações, André Figueiredo, a deputada estadual Cristina Almeida (PSB-AP), Jezelicio Freitas, do Círculo dos Palmares, Vanderley Lourenço, presidente nacional do PMDB AFRO, e Luislinda Dias, a primeira desembargadora negra da Bahia.

“Nós queremos uma pátria que seja realmente dos brasileiros, e não de um grupo que nos comanda. Nós sabemos que o Brasil é machista e branco, mas nós vamos vencer. No dia em que nós negros dermos as mãos, nós venceremos, e haverá nesta Casa muitos deputados negros”, disse a desembargadora.

“O que nós precisamos fazer é a unidade da raça, a unidade das pessoas. O Brasil precisa fazer essa reflexão para que, daqui a pouco, nós não coloquemos os nossos irmãos entrincheirados uns contra os outros. Neste instante, a união é fundamental para que possamos seguir em frente”, disse Dr. Damião, definindo o espírito que pauta as ações da comissão.

No Brasil, o racismo passou a ser crime inafiançável em 1989. A pena pode variar de dois a cinco anos de prisão. Em 2010, foi instituído o Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010).

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