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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

A contramão da esticada do recesso

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publicado em 18/07/2015 às 07h55
atualizado em 18/07/2015 às 08h18

Em junho de 2013, a população brasileira foi às ruas com dois sentimentos: o de cobrança por serviços públicos mais dignos e em protesto aos gordos privilégios dos agentes do poder. Esse recado foi explicitamente dado, mas os políticos parecem ainda resistir ou não assimilaram direito.

Essa é a primeira impressão diante do movimento de deputados na Assembleia Legislativa pela ampliação do recesso do meio do ano, de 15 para 30 dias. A justificativa chega a ser surreal e a parecer um tapa na cara do cidadão. A idéia é oficializar a gazeta de 15 dias, por já ser pública e real.

Como os deputados não cumprem mesmo o que está posto e só voltam às atividades em prazo diferente do fixo no calendário legislativo, legaliza-se o deboche e pouco caso com as obrigações e deveres regulares. Assim, na lata, como se fosse algo extremamente coerente e natural?

Quer dizer que ao invés de moralização e adaptação ao calendário, o melhor caminho é escancarar de vez e esticar o período de férias de uma classe já detentora de regalias de fazer inveja e de uma realidade completamente diferente aos simples mortais trabalhadores e trabalhadoras?

Sinceramente, o discurso não combina com o recente saldo positivo da histórica produção da Casa. Um parlamento que está prestes a sacramentar o voto aberto – uma aspiração popular antiga – e que tem muitas tarefas e demandas para responder, não pode retroagir nesse aspecto, sob pena de o deslize ofuscar essa nova etapa.

Os novos tempos indicam e recomendam outra postura mais próxima dos anseios, desejos e expectativas de uma sociedade cada vez mais atenta, crítica e ciosa do seu poder e capacidade de pressão. E é nessa constatação que reside a esperança de um surto de bom senso e conseqüente recuo dos parlamentares.

Uma simples pergunta, esclarece muito: qual deputado ousaria no guia eleitoral passado ter prometido, efusiva e bravamente, como plataforma de campanha, se empenhar para reduzir a própria jornada de trabalho, se eleito fosse? Imagine: “Vou lutar para trabalhar menos”. Quem se atreveria? A resposta é uma bússola à reflexão.

Fogo…
Defensor e autor da PEC, o deputado Ricardo Barbosa (PSB) tem um argumento. “Os parlamentares nunca voltaram em 15 dias, não há racionalidade nisso”, sustenta.

…Cruzado
Única a se manifestar contra a redução da jornada, a deputada Estela Bezerra considera produção parlamentar, no geral, incompatível com os custos arcados pelo povo.

Ricardo sobe o tom
O governador Ricardo Coutinho foi duro na sua defesa pela criação do Ministério da Segurança Pública. “A criminalidade hoje é nacional. Não se reduz isso cada estado sozinho”, observou. “Estamos sobrecarregados”. E lembrou em tom de cobrança: do convênio federal para combate ao crack, até agora o governo repassou apenas e tão somente um ônibus. Nada mais.

Reposição…
O secretário Adalberto Fulgêncio (PT) ressaltou o aumento de 3% dado pela Prefeitura da Capital. “Num momento de crise, o prefeito recompõe o salários e as perdas”, disse.

…Salarial
Para Fulgêncio, o reajuste só foi possível pelo corte de gastos: “No momento de crise, fizemos o máximo. Poucos governos fizeram isso no âmbito municipal e estadual”.

Família
O deputado e ex-prefeito Veneziano Vital (PMDB) comemorou o aniversário ontem, em Brasília. Recebeu de presente a ida à Capital Federal da mulher, Ana Cláudia, e filhos.

Ponto…
Na interinidade do governo, Adriano Galdino (PSB) visitou obras em Campina, ontem, e falou rosado. “Se for convocado, irei sem medo”, avisou sobre candidatura em 2016.

…Contraponto
O prefeito Romero Rodrigues (PSDB) contrapôs anunciando a implantação de policlínica na zona leste da cidade. “Atenderemos três mil pessoas por dia”, frisou.

Culpas
“Foi o próprio Estado que demorou a ceder os terrenos dos terminais”. Resposta do vereador Bira Pereira (PT) à Estela Bezerra, crítica à demora nas obras do BRT.

PINGO QUENTE
“Esse bando de aloprados é que precisa ser investigado”.
Do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), rompido com o governo e revoltado com os petistas por ter sido apontado na Lava-Jato.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.

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