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Quatro anos após acidente, Lais Souza celebra renascimento

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publicado em 27/01/2018 às 09h18

É quase como um segundo aniversário para Lais Souza. O dia 27 de janeiro se tornou um renascimento para a ex-ginasta olímpica e ex-esquiadora. Há exatamente quatro anos seu mundo mudou. Não se incomoda em recordar o acidente em uma pista de esqui que a deixou tetraplégica. Não há trauma. Há sim muita vontade de viver, e independente. A cadeira de rodas carrega cada vez menos limitações. Entre treinos de fisioterapia e palestras, Lais trabalha para reconquistar sua autonomia. Uma nova fase de sua vida.

– Acho que eu renasci. Não é uma data que me traumatiza, nem me traz más lembranças. Eu consegui me superar em tudo. Venho aprendendo para caramba. Levando minha vida de uma forma que consigo ser feliz e ao mesmo tempo tenho minha grana para me manter. Eu revivi. Poderia estar muito pior ou até morta, mas eu me superei, então é um segundo aniversário talvez – disse a ex-ginasta.

A adaptação ao que chama de “mundo de rodas” já está completa. Com a ajuda de seus cuidadores, Lais consegue fazer tudo que fazia antes do acidente. Até mergulha em novas aventuras – voou de paraglider no começo deste ano e já fez surfe em uma prancha adaptada. Vai a festas, à praia, estuda, trabalha. São passos em busca de recuperar sua autonomia. Algo valioso para quem saiu das casas dos pais aos 10 anos para se dedicar à ginástica e aprendeu a viver sozinha, independente.

– Hoje estou virando mulher, conseguindo enxergar alguns detalhes que antes eu não enxergava. Venho tentando pegar novamente as rédeas da minha vida, que perdi bastante depois que parei de me mexer, por depender muito das pessoas. Agora venho aprendendo a lidar com tudo, de moradia, de compras, de relacionamentos, de família, de tudo.

Estudante de psicologia, Lais comemora principalmente sua autonomia financeira. Suas palestras motivacionais já são sua principal fonte de renda. Por ter representado o país desde os 12 anos, a ex-ginasta recebe uma pensão especial e vitalícia do Governo Federal no valor do teto da Previdência Social. Ela também é patrocinada pela Estácio de Sá e tem apoio da CBDN (Confederação Brasileira de Desportos na Neve) e do COB (Comitê Olímpico do Brasil). Astro do Paris Saint-Germain e da Seleção, o amigo Neymar também dá uma ajuda importante, cedendo um quarto de apart hotel para a ex-ginasta sempre que ela precisa trabalhar em São Paulo.

Se no âmbito social Lais está mais independente, no fisiológico ainda tem muitas barreiras a superar, mas não desanima. Mantém acesa a esperança de um milagre da medicina que a permita mexer os braços ou as pernas. O sonho de andar está vivo, mesmo que em quatro anos de tratamento sua mobilidade tenha avançado em um ritmo mais lento do que gostaria.

– Aquela vontade de se mexer, de sair de mim, ainda tenho. Acho que isso que me move. Fico na esperança para ter um movimento, mas ao mesmo tempo tenho que ter pé no chão para entender que minha lesão não foi como quebrar a unha – disse a ex-ginasta.

Com o movimento dos ombros, do pescoço e da cabeça, Lais se esforça nas sessões de fisioterapia. Ela prefere chamar de treino, afinal a rotina de exercícios é bem parecida com a da época de atleta. Tem de empurrar cones e colchões, cabecear bola e pular em uma cama elástica. Muitos estímulos são passivos, até fica em pé com a ajuda de um estabilizador que chama de robozão.

– Gostei muito desse robô. Gosto de tirar o bumbum da cadeira. Dá a possibilidade de ficar em pé. Por mais que seja com ajuda, não fico na posição sentada. Se Deus quiser vai ter um robô que dê mesmo um passo para mim. Acho que não está longe não, só falta voltar as atenções para isso.

Lais compartilha em suas redes sociais os vídeos de seus treinos. Cada conquista, por menor que pareça, é comemorada. Para ela, é uma forma de se motivar e de inspirar outras pessoas com deficiências. É um exemplo de força e determinação.

Globoesporte

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