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REPORTAGEM ESPECIAL

Pacientes sem identificação são realidade na PB

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publicado em 16/07/2017 às 14h29
atualizado em 16/07/2017 às 18h03

Luciano aparenta ter entre 40 e 45 anos, é morador de rua e está internado no Hospital Ortotrauma de Mangabeira, desde o dia 19 de junho. Sem identificação oficial, a equipe médica tem dificuldades para diagnosticá-lo e encontrar seus familiares. Assim como ele, vários pacientes, principalmente idosos, permanecem sem identificação nos hospitais paraibanos.

Em entrevista ao Portal MaisPB, coordenador do Serviço Social do Ortrauma, Edval Avelino, relata que este tipo de paciente é fluxo constante no hospital. Os idosos ainda são maioria, mas também há registros de jovens na mesma situação.

Em sua maioria, são moradores de rua, geralmente usuários de drogas, que abandonam a família e chegam ao hospital sem documentos, desorientados e não conseguem passar nenhuma informação que possa auxiliar na identificação. Muitas vezes, os pacientes passam até dois meses na unidade sem identificação.

“Nos últimos meses a gente vem percebendo que essa entrada de pacientes sem identificação, sem documentação, tem aumentado entre pessoas mais jovens, 30, 40 anos”, destacou Avelino.

Grande parte dos que chegam com essas características, após a recuperação conseguem explicar sua origem para os médicos. Isso faz com que a equipe do hospital consiga localizar a família ou os documentos do paciente.

Edval Avelino explica que para alguns procedimentos é necessário (um exame fora do hospital, por exemplo) a formalização, o que exige a entrega de documentos.

“É comum a família já estar à procura do parente desaparecido, ligando para os hospitais e acabam indo à instituição para reconhecê-los”, explica.

Para facilitar a identificação dos pacientes, a unidade hospitalar costuma utilizar de publicação em rádios, com a descrição das características físicas. Quando, mesmo assim, as famílias não são encontradas, o hospital aciona os abrigos, os Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e os programas assistenciais do governo.

Em caso de óbito, a unidade hospitalar precisa de autorização judicial para encaminhar o corpo à Gerência de Medicina e Odontologia Legal (Gemol).

“Quando chega a óbito e permanece sem identificação, a gente vai até a delegacia e faz um registro com o delegado de plantão. Ele dá uma autorização pra exames cadavéricos, o Gmol é acionado. O corpo permanece no Gmol por 30 dias. Quando não nenhum familiar faz a identificação, ele é sepultado como não identificado ou o corpo é encaminhado para estudo, o que também é uma possibilidade”, destacou o coordenador de serviço social do Trauminha.

Em Campina Grande, identificação leva em média 72 horas

Realidade não muito diferente ocorre no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande. O setor de Serviço Social da unidade hospitalar leva em média 72 horas para identificar pacientes que chegam ao local sem documentos pessoais.

Este é o período obedecido para iniciar uma intervenção, segundo explicou ao Portal MaisPB a coordenadora de Serviço Social da unidade, Cecília Aragão. Após este prazo, a Assessoria de Imprensa, aciona as mídias e as redes sociais para descrever todas as características do paciente e descobrir o  município de origem.

“A maioria dos casos são resolvidos em 72 horas”, afirmou Cecília Aragão. Os casos mais demorados são aqueles em que o paciente é oriundo de um município distante, tem costume de ausentar-se de casa ou está sem nenhuma identificação. O maior período que um paciente permaneceu sem identificação foi três meses.

A preocupação principal dos hospitais é dar a assistência necessária a estes pacientes já que partir da melhora muitas informações ficam mais fáceis de serem obtidas. Caso não consigam, tentam buscar um local para inseri-los e o fazem com todo o respaldo judicial. A principal medida, para não gerar abandono, é transferi-los para abrigos ou acionar a Assistência Social dos municípios.

Juliana Cavalcanti – MaisPB

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