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Donald Trump pode encarecer viagens e imóveis no Brasil, confira

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publicado em 10/11/2016 às 09h03
atualizado em 10/11/2016 às 06h04

O que a vitória de Donald Trump para comandar os Estados Unidos pelos próximos quatro anos muda no seu bolso? A eleição do republicano pode deixar a viagem internacional, o preço dos celulares, artigos para a casa importados e até o financiamento imobiliário no Brasil mais caros para o trabalhador brasileiro.

Mas fique tranquilo: esse terremoto não não deve acontecer em 2016, garantem os economistas ouvidos pela reportagem do R7. Só a viagem para o exterior, se programada para este final de ano, pode ser ameaçada pela valorização do dólar.

Na última quarta-feira (9), com o anúncio da vitória de Trump, a Bolsa de Valores brasileira acompanhou os mercados internacionais e recuou. A incerteza do mercado externo também deixou o dólar mais caro para o brasileiro. Isso deve se prolongar até a chegada efetiva de Trump até a Casa Branca, em 20 de janeiro de 2017.

O professor da Faculdade Fipecafi e economista Silvio Paixão explica que, “daqui até quando ele tomar posse, vai ter muita especulação em função da equipe que ele está montando”.

— Para quem tem dinheiro para aplicar e estava pensando em comprar dólar para viajar, tem que se preparar para muita volatilidade. […] Se for viajar dentro das próximas semanas, entendo que não existe muito o que o investidor pequeno possa fazer. É melhor comprar dólares aos poucos.

O professor de economia do Ibmec/MG Reginaldo Nogueira entente que é natural a reação negativa dos mercados dias após a escolha de Trump. Para ele, “vai ter muita instabilidade e muita preocupação nos mercados, até que a equipe do presidente Trump seja definida”.

— Isso, no Brasil, afeta a Bolsa de Valores, o câmbio e pode vir a afetar a política de redução das taxas de juros do Banco Central. Como vai aumentar a insegurança, talvez o Banco Central brasileiro vai se tornar um pouco reticente e cauteloso com a política de redução de juros. Ao menos num primeiro momento. Esse é o principal risco aqui para o Brasil.

O professor de economia internacional da PUC-SP Antônio Corrêa de Lacerda afirma, porém, diz não ver sentido em uma interrupção na tendência de redução dos juros básicos da economia no Brasil, mesmo com uma eventual onda de incertezas no mercado, iniciada em outubro.

— A taxa de juros está muito acima do que deveria estar. Demorou muito tempo para o BC reduzir os juros [foram quatro anos de altas ou manutenções consecutivas].

Em outubro, o Banco Central brasileiro reduziu a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano. Foi a primeira diminuição da taxa em quatro anos. A medida foi interpretada pelo mercado como um sinal de uma nova política de queda da taxa, que pode ser freada com a eleição de Trump.

Os juros básicos da economia influenciam diretamente aas taxas praticadas nos financiamentos imobiliários brasileiros — ou seja, a vitória de Trump também está ligada à compra da sua casa própria. Na última terça-feira (8), a Caixa anunciou uma redução de 0,25 ponto percentual nessa linha de crédito e deu como motivo a queda dos juros básicos.

A partir de agora, porém, o cuidado deverá pautar as próximas reuniões do BC, explica Nogueira: “Vai aumentar, pelo menos num primeiro momento, a cautela do Banco Central, porque, de um lado, essa turbulência pode subir taxa de câmbio e ter impacto na inflação. Isso atrasa a redução dos juros”.

Preço do celular

Com o dólar mais caro, os produtos importados em geral são impactados e ficam mais caros para os brasileiros. Isso vale tanto para celulares que são montados no Brasil com componentes e peças fabricadas no exterior artigos de casa em geral, em grande parte importados da China.

Nogueira, do Ibmec/MG, explica que, se o mercado continuar desconfiado e o dólar aumentar, “não só a viagem para o exterior, mas também os produtos importados também podem subir”. Isso, porém, está num horizonte um pouco mais distante.

— Esse impacto não necessariamente vamos sentir imediatamente. […] A gente vai passar por muita turbulência, o cenário é difícil de prever.

O professor da Fipecafi concorda com o colega do Ibmec: “Não vejo na economia brasileira potencial de subida dos produtos eletroeletrônicos no futuro, a menos que Trump fale uma bobagem muito grande depois de eleito”. Quanto ao preço de celulares e outros eletroeletrônicos e de produtos e serviços importados e cotados em dólar, Paixão faz uma metáfora com a situação econômica dos EUA.

— O Trump está recebendo o Jumbo em velocidade de cruzeiro, ou seja, um país com as finanças em ordem.

R7

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