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Professor de História pela UFPB e analista político

Cartaxo aposta tudo na aliança com PSDB e PMDB

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publicado em 14/07/2016 às 08h51

A aliança que está prestes a ser anunciada entre PSD, PSDB e PMDB para as eleições em João Pessoa é a expressão mais bem acabada da força política que adquiriu o governador Ricardo Coutinho não apenas na capital, mas em toda a Paraíba.

Em outros tempos, como aconteceu em 2012, essa seria uma aliança impossível de acontecer. Isso porque em 2012 Ricardo Coutinho experimentava grande desgaste por conta dos difíceis primeiros meses de governo.

Cássio ainda alimentava a ilusão de ser imbatível na eleição seguinte, e foi de Cícero Lucena. João Maranhão, assim como Cícero, surfava a onda do antiricardismo e lançou-se na disputa na esperança de tentar recuperar poder e prestígio perdidos depois da derrota de 2010.

Luciano Cartaxo, cujas pretensões iniciais eram limitadíssimas, ganhou de presente o apoio do então prefeito Luciano Agra, preterido por RC para disputar a reeleição, o que acabou por provocar a mais improvável das reviravoltas eleitorais.

Quem fizer um esforço para entender o que aconteceu em 2012 na eleição de João Pessoa e der ênfase à mudança na cultura política do eleitorado, pode, segundo penso, projetar os impactos eleitorais que representa essa junção de forças em torno da candidatura à reeleição de Luciano Cartaxo. E isso significa ir além das meras operações aritméticas das alianças eleitorais que antecedem cada disputa.

Em 2012, a disputa real foi entre Luciano Cartaxo e Estela Bezerra, a candidata de RC. Cícero e Maranhão não tinham a menor chance de vencer aquela disputa. Qualquer um deles seria derrotado no segundo turno ou para Cartaxo ou para Estela.

Com mais uma semana de campanha no primeiro, seria Estela – e não Cícero – a ir para o segundo turno e a tornar mais acirrada aquela disputa, não o passeio que foi para Cartaxo. Nem o apoio de Maranhão Cícero Lucena teve.

O mesmo se repete em 2012, com a diferença que a liderança de Ricardo Coutinho está consolidada e a avaliação do seu segundo governo está muito, muito melhor.

Por isso, surfando no prestígio de RC, a candidatura de Cida Ramos projeta-se para entrar na disputa e força esse ajuntamento de forças cujas motivações além dos cálculos eleitorais exclusivamente voltados para 2016.

Mas, claro, não é só isso. Cartaxo teria boas possibilidades de vencer sem o apoio de PSDB e PMDB, mas, como sempre, o problema é a imprevisibilidade do segundo turno.

Cartaxo prefere apostar todas as suas fichas para vencer no primeiro turno do que arriscar-se numa disputa que pode reduzi-lo novamente à liderança periférica na política paraibana.

Para a oposição a Ricardo Coutinho uma derrota em João Pessoa seria desastrosa. Alguém tem dúvida que se RC vencer na capital elege quem ele quiser para o governo em 2018? Estela Bezerra, por exemplo?

Cássio é outro que está no fio da navalha e, como fez em 2008, olha para a montagem do palanque de 2018 e para sua reeleição ao Senado porque sabe do exato tamanho a que foi reduzido.

Cássio atingiu o estágio de José Maranhão com o fim da gangorra entre os dois: a depender do adversário, ele não vence mais disputas eleitorais para o governo do estado.

O problema para o governador Ricardo Coutinho é que Luciano Cartaxo não é Cássio nem Maranhão, por mais que o prefeito pessoense se esforce para parecer com os dois. Assim como Cida Ramos não é RC. Falta-lhe a consistência política que RC tem de sobra.

Cartaxo pertence a mesma geração política de RC e tem uma trajetória semelhante. Sua ascensão como liderança consolida essa tendência que coloca cada vez mais os políticos tradicionais para ocupar posições secundárias na Paraíba.

RC poderia transformar essa aparente grande dificuldade que representa essa aliança em torno de Cartaxo em um poderoso discurso que associar o prefeito candidato ao velho.

O PSB deve tentar fazer isso, mas a questão é saber até onde vai a autoridade política para fazer isso? O erro de RC foi não apostar na política para estabelecer suas diferenças com Cartaxo, a principal delas é que o PSB expressa a nova política, sendo a alternativa ao cassismo e ao maranhismo.

Mas, como se no palanque de Cida Ramos subirão personalidades dessa mesma velha política, todas enredadas nos velhos esquemas do tradicionalismo político, a exemplo dos Efraim, o Moraes e o Filho? Em João Pessoa, determinados apoios são dispensáveis.

Essa é a grande diferença que divide a política paraibana, hoje, e que permitiu a ascensão de Ricardo Coutinho. Deixar de apostar nela pode ser fatal, especialmente numa cidade como João Pessoa.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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