Senado homenageia Linduarte Noronha

Para a segunda edição da Comenda Senador Abdias Nascimento, criada para agraciar nomes que se destacaram na proteção e na promoção da cultura afro-brasileira, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB/PB) indicou o nome do cineasta radicado na Paraíba, Linduarte Noronha (in memoriam). O Conselho do Senado, composto por um representante de cada partido político com assento na Casa, se reuniu nessa terça(27) e acatou a indicação do parlamentar paraibano.

A comenda será entregue em sessão solene destinada a comemorar a Semana da Consciência Negra, marcada para o dia 26 de novembro. Para receber a honraria em nome do pai, a expectativa é que o filho do homenageado, Leonardo Ponce Leon Noronha de Oliveira,  participe da cerimônia.

A justificativa do senador Cássio Cunha Lima para indicação do nome, se fundamentou no documentário paraibano Aruanda (1960), que teve roteiro e direção de Linduarte (também é narrador do filme) que aborda a vida rural de uma comunidade de antigos negros escravos, isolada do convívio social.

A distinção é conferida anualmente a sete personalidades. Entidades governamentais e não governamentais de âmbito nacional, ligadas à cultura afro-brasileira, além de senadores e deputados federais, também puderam fazer a indicação.

“Na história do cinema brasileiro, desconheço outra obra que tão bem retrate a história dos quilombos, como o filme Aruanda, de Linduarte. Com essa obra ele se tornou o precursor do cinema novo e deixou também um legado que até os dias atuais é, sem dúvida, uma referência na produção audiovisual na abordagem da luta entre escravos negros”, justifica Cássio.

Aruanda –  é uma palavra que, segundo a etimologia bantu (dialeto africano), significa paraíso, céu. Como a Canaã hebraica. A palavra tem uma relação com o conteúdo do filme, que mostra a história de descendentes da raça negra, oprimidos, perseguidos e explorados devido ao latifúndio monocultor de base escravocrata. Os personagens sonham com sua terra prometida.

Abdias Nascimento – Abdias Nascimento (1914–2011) foi senador e deputado federal pelo Rio de Janeiro, jornalista e militante do movimento negro. Passou 13 anos em exílio após a edição do Ato Institucional n°5, em 1968. Foi um dos principais idealizadores do Dia da Consciência Negra, que se comemora na data da entrega da comenda. Em 2010, chegou a ser recomendado pelo governo federal para uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz, mas não foi incluído entre os finalistas.

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