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Formada pela Universidade Federal da Paraíba, Alessandra Torres é apresentadora do Jornal da Correio, da TV Correio/Record, e do programa Balanço Geral, da 98 FM, de João Pessoa.

Perplexidade

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publicado em 29/03/2015 às 23h18
atualizado em 29/03/2015 às 20h19

O mundo ficou inteiramente chocado com a queda do avião da companhia alemã Germanwings nos Alpes franceses que matou cerca de 150 pessoas, entre passageiros e tripulação. Parecia que nada poderia ser pior, mas era, ao descobrir que o copiloto, Andreas Lübitz, tinha derrubado, conscientemente, a aeronave.

Diante, de trágico surrealismo, as autoridades alemães, com bastante eficiência, começaram a procurar razões, motivos, um pouco de explicação para um mundo totalmente aterrorizado com tal atitude. De um egoísmo, beirando a loucura, até porque o próprio Andreas também morreu, a perplexidade de todos deixava um ar de torpor e a sensação do quanto somos vulneráveis. Voar, viajar de avião, talvez seja o medo mais comum em todo o mundo e as tragédias envolvendo esse meio de transporte tão utilizado e seguro, impressionam por causa do número enorme de vítimas, apesar da raridade de acidentes comparados aos automobilísticos ou até à violência urbana que enfrentamos todos os dias. Entretanto, assim como atos terroristas, essa tragédia com a companhia alemã mostra a face da maldade humana e há especulações de que o copiloto já poderia ter problemas emocionais, depressões, porém, um outro caminho das investigações, mostra que o sonho de galgar posições dentro da empresa se distanciava de alguma maneira do autor de tal irracionalidade. As causas talvez nunca sejam descobertas e as especulações tomem proporções enormes diante do acidente, porém, o que ficou evidente para mim foi como está difícil no mundo atual pensar no outro, querer para alguém o que queremos para nós mesmos. É aterrorizante!

As doenças da alma, como defino as depressões, são compreensíveis e há inúmeros tratamentos eficazes para quem as possuem, mas uma mente em crise e com alto grau de egoísmo é quase impossível tratar porque tem que ser descoberta, mesmo estando embaixo de uma capa de sociabilidade, de profissionalismo. E continua o dilema: é preciso viver com medo de tudo e de todos?

Não. O ser humano, temos que acreditar, é melhor do que gestos horrorosos como este. A cabeça pode ser curada, ao contrário do coração que sente, ressente, ama ou odeia. E coração foi o que demonstrou o piloto da aeronave, o capitão Patrick Sondenheimer, trancado fora da cabine, lutou com tudo que tinha, com alma e coração para entrar e reassumir o avião. Não conseguiu, mas é um alento diante da tragédia, saber que aí sim está um verdadeiro ser humano responsável, digno e comprometido, que mesmo de frente com um grave obstáculo, não esqueceu que a vida deve ser respeitada, defendida como dádiva e não baseada em razões pessoais, mesquinhas e egoístas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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