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Formada pela Universidade Federal da Paraíba, Alessandra Torres é apresentadora do Jornal da Correio, da TV Correio/Record, e do programa Balanço Geral, da 98 FM, de João Pessoa.

Sentir é feminino

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publicado em 30/01/2015 às 17h04

No final do ano passado ganhei de presente da querida amiga de trabalho, Rejane Negreiros, o livro “Rio do Meio” de Lya Luft. Já conhecia alguns textos da renomada escritora, principalmente, os artigos que ela escreve em uma importante revista nacional, mas esta obra me encantou profundamente.

Com a simplicidade de tudo que é definitivo e direto, numa alusão clara ao que escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade no poema “Viver Não Dói”, a obra de Lya Luft resumiu alguns, para não dizer, a maior parte dos grandes dilemas do que é ser mulher.

A escritora gaúcha descreve personalidades diversas de várias mulheres, mas que têm dilemas e inseguranças quase iguais, independente da classe social ou do nível cultural.

Eu sempre ficava bastante intrigada com a mania de estar e, principalmente, de proporcionar felicidade que a mulher tem. Por muito tempo, cheguei a ter certeza de que se tratava de um perfeccionismo, quase uma obsessão, mas Lya Luft trouxe a luz e a sensação foi fantástica!

Hoje, nós mulheres, queremos tudo: filhos, carreira, boa forma física, amigos, família e ainda privacidade. Ufa, até escrever cansa! E essa maratona de desejos, com certeza, é reflexo da inquietude feminina tão essencial à vida, afinal como escreveu o filósofo Kant: “A sabedoria das mulheres não é raciocinar, mas sentir”. Essa reflexão pode soar para algumas como uma ponta de machismo, porém, sinceramente, para mim significa a essência feminina. Sentir, pressentir, antever e preparar a todos, inclusive a ela própria para a vida, formar com esse sentimento novas pessoas, novas formas de relacionamentos e, com isso, certamente, adquirir e transmitir muita sabedoria, vai além de apenas raciocinar. É condição sine qua non para viver.

Ainda em seu livro, Lya Luft defende que seria necessário dividir cada uma de nós em três, isso é claro num mesmo dia e, que se os homens percebessem mais veriam como é fácil e simples o que desejamos. Entretanto, para um dia-a-dia saudável, agradável e racional, é preciso muito esforço nosso. Fala-se que há a opção de cada uma por um estilo de vida mais simples e é verdade, mas escolher, sair da vida óbvia da mulher de hoje tem um preço. Parece até fácil pensar que mulheres com uma vida mais simples serão mais maternais, mais cheias de tempo livre do que outras com uma rotina mais complexa. Ledo engano!

Se você se dedica à carreira, além de todas as cobranças de uma em cada uma mulher no mundo, você se desgasta em um universo masculino de séculos e eu sempre me pergunto quando me deparo nessa situação: Quanto tempo levará para que essa realidade seja dividida para os dois gêneros?  E será que vale realmente a pena fazer parte desse universo como aí está?Já se você decide se dedicar à família pode parecer mais fácil, mas não acredito. E é aí onde mora o grande dilema da alma feminina.

Para nos ajudar há os homens, que na minha singela visão não são inimigos, muito pelo contrário são parte importantíssima, parceiros valiosos numa caminhada de prazer, de construção. Eles são a força que nos falta e muito menos complexos. Será?

Nós, mulheres, somos maioria em análises, psicoterapias e muitos desses profissionais são seguros em afirmar que isso é uma característica da essência feminina que sente a necessidade de se compreender para construir relações, para criar os filhos, para contribuir para um mundo melhor.

Para terminar esse breve desabafo em forma de artigo, me reportarei à autora e professora americana, Erica Jong, que escreveu: “Mostre uma mulher sem culpa, e eu apontarei um homem”. A culpa, realmente, persegue a vida feminina e talvez alguns a chamem de insegurança. Eu prefiro pensar que é aflição e muito senso de responsabilidade porque decidir como formar novos homens e mulheres, ser amada, realizar-se profissionalmente e, no final, acertar, é tarefa hercúlea, já que “muitas de nós nos desculpamos pela força, enquanto que os homens pelas suas fraquezas” (Lois Wyse).

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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