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DEPOSTO EM 64

Filho lembra simpatia de João Goulart com a PB

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publicado em 20/03/2018 às 00h38
atualizado em 20/03/2018 às 08h20

Pré-candidato a presidente da República, João Vicente Goulart (PPL), filho do ex-presidente deposto pelo golpe militar de 64, João Goulart, abriu os arquivos desse capitulo da História do Brasil.

Durante entrevista ao jornalista Heron Cid, no programa Frente a Frente, da TV Arapuan, ele narrou com riqueza de detalhes o que vivenciou com seu pai desde o momento que ele foi deposto e exilado e  falou da relação do ex-presidente com a Paraíba e da amizade dele com o paraibano Abelardo Jurema.

De acordo com João Vicente Goulart, o pai acatou o golpe para evitar uma guerra civil e mortes no país.

“Ele disse não vou resistir ao golpe porque isso pode produzir no Brasil uma guerra civil. Um banho de sangue. A quarta frota americana estava na costa brasileira com um porta aviões, quatro destroyers, oito submarinos e quatro navios tanques. Certamente não era para retirar quatro ou cinco funcionários da embaixada americana. Então teríamos assim uma guerra civil talvez prolongada que era o que se esperava… Jango preferiu tomar a atitude de renunciar a si mesmo e não renunciar o Brasil”, lembrou.

De acordo com João Vicente Goulart, o golpe no Brasil acabou gerando um efeito dominó em outros países da América Latina o que levou sua família, além do Uruguai, também buscar exílio em outras nações.

“Quando meu pai faleceu em 76 a América Latina era toda de ditaduras militares implantadas. Todos aqueles líderes dos seus respectivos países estavam perseguidos pela operação Condor. Nós aprendemos a ser aves migratórias que migram de um país para outro. Passamos pelo Uruguai, Paraguai e depois fomos para Argentina. Eu acabei em Londres naquele momento porque as ditaduras tinham feito uma espécie de cooperativa do terror”, pontuou.

Suspeita de assassinato

João Vicente Goulart falou das suspeitas que o ex-presidente foi assassinado e que ainda está aberto um inquérito para apurar a sua morte que aconteceu na Argentina.

“O próprio Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul ainda mantém aberto um inquérito que investiga a morte dele. Fizemos a exumação dos seus restos mortais, houve uma perícia e pelo tempo não foi constatado nem que sim, nem que não porque não teria a substancia que seria usada diante de tantos indícios que existia”, enfatizou.

De acordo com ele, as suspeitas de assassinato são evidenciadas porque foi descoberto que estariam subtraindo documentos de dentro da casa do ex-presidente.

“Quem esteve subtraindo documento de dentro de nosso apartamento no exílio, do criado mudo do quarto do meu pai, pode muito bem ter trocado os seus medicamentos”, alegou.

Aberlardo Jurema

O presidenciável destacou a participação do paraibano Abelardo Jurema no Governo de João Goulart.

“Jango o trouxe para o ministério e foi um dos grandes colaboradores e dos grandes amigos dele e que sofreu o exílio também. Foi um dos grandes colaboradores e um fiel amigo do presidente João Goulart.

Ligas Camponesas

Além da boa relação com Abelardo Jurema, Jango também teria uma simpatia pela Ligas Camponesas, movimento de reforma agrária que teve grande atuação na Paraíba.

João Vicente Goulart alega que, sobre a Reforma Agrária, Jango foi mal entendido sobre suas pretensões que era gerar a independência do Brasil no mercado externo com a distribuição de cerca de dez milhões de títulos de terras.

“Isso iria desenvolver a indústria nacional, criando a necessidade de novos tratores, geladeiras, implementos agrícolas. A interpretação de reforma agrária com o comunismo eu jamais vi que dá titulo de propriedade seria uma teoria maxista”, ponderou.

Roberto Targino – MaisPB

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