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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Damião; a essência de ser diferente

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publicado em 06/09/2016 às 12h30
atualizado em 06/09/2016 às 09h39
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Um dos poucos 22 negros na Câmara Federal, Damião Feliciano é um prova viva de superação pela persistência

Em quase um ano de Frente a Frente, prestes a completar na TV Arapuan, a conversa que tive ontem com o deputado federal Damião Feliciano (PDT) está entre as mais agradáveis entrevistas que fiz e, presumo, no rol das melhores.

Damião é econômico em aparições e exposições longas. Tradicionalmente, o deputado de quinto mandato prefere a discrição e aparece mais em seu próprio programa semanal de rádio, onde se comunica diretamente com a população.

Por esse aspecto, a entrevista já ganharia ar de revelação. O ambiente da conversa proporcionou um bate-papo muito além da política e a oportunidade de se conhecer melhor um político vitorioso, pelas origens humildes e pela raça negra, num Estado de representantes brancos e produtos de oligarquias familiares.

Damião faz questão de se situar como um dos 22 negros de uma Câmara Federal de 513 parlamentares. Uma condição que lhe fez rememorar a infância difícil de menino pobre ao lado de outros dois irmãos e a felicidade de ter em dona Mariana, dona de casa, a mãe que insistiu, persistiu e formou todas as crias em Medicina, contrariando todas as expectativas.

“Minha mãe teve trigêmios e por falta de tecnologia na época os três morreram. Depois eu e meu irmão, uma barriga de gêmeos, sobrevivemos”, contou com emoção.

Feliciano falou aberta e francamente sobre discriminações de cor que foi vítima, mas sem os ranços de costume. Lembra de situações que viveu e vive até em tom de bom humor, com o coração livre de mágoas ou frustrações. Abriu moderada dissidência do viés das lutas de movimentos negros e até certa crítica ao formato da política de cotas.

Contou descontraidamente parte da trajetória marcada pela ousadia. A começar de quando terminou a faculdade e decidiu fazer especialização em cardiologia, um ramo até então restrito aos filhos de ricos. De São Paulo, trouxe técnica inovadora de cirurgia cardíaca e fez sucesso em Campina Grande.

A fama lhe projetou para a política. Outro gesto de ousadia; começar enfrentando alta e pesada concorrência como candidato a deputado federal. Frustrando previsões contrárias, se elegeu o segundo mais votado de 1998 e em quinze dias o candidato desacreditado, o negro filho de dona Mariana, estava na cabeceira de uma restrita reunião com o presidente reeleito Fernando Henrique Cardoso.

Com um jeito simples e peculiar, o deputado falou da família, o momento em que seus olhos mais brilharam no programa. Ao ver uma foto dos filhos, esposa, noras e genro juntos, voltou a se emocionar e a declarar amor e gratidão à mulher, Lígia Feliciano, a quem atribui o impulso e a companhia que lhe fizeram acreditar e persistir.

Muitas outras histórias foram reveladas e o homem de carne e osso apareceu mais do que a imagem e o paletó do político. Bom para o público de casa, que conheceu mais de perto uma figura humana de alto astral, risonha, humana e que fez dos obstáculos e preconceitos o combustível para vencer. Na vida e na política.

Posição…
Um dos três parlamentares da bancada federal a ser contra o impeachment, Damião reiterou sua posição.

…Mantida
“Ela não praticou crime”, sustenta Feliciano, para quem o crime de Dilma foi ter perdido o controle da economia.

Na ponta…
Sobre a sucessão de 2018 na Paraíba, tema que causa expectativa na classe política, Damião foi na veia.

…Da língua
Ele não fez cogitação sobre os planos do PDT e da vice-governadora Lígia: “Esse é um cenário que depende da decisão do governador”.

Raniery PaulinoCurto-circuito
A sessão de hoje na Assembleia registrou fato inusitado. O deputado Raniery Paulino (PMDB-foto) questionou a aparição do nome do presidente Adriano Galdino na contabilidade do painel de votação. A Secretaria Legislativa admitiu o equívoco, mas afastou qualquer má fé.

BRASAS
*Contrataque – As inserções do PSD, com a voz de Manoel Júnior, denunciaram a presença de uma irmã na Secretaria que Cida Ramos (PSB) comandava.

*Resistência – Pessoalmente, Luciano Cartaxo relutou em responder ou confrontar Cida com o tema, mas foi convencido.

*Monitoramente – As quali da campanha de Luciano mostravam que os ataques não surtiram o efeito esperado pela campanha socialista.

*Intuição – A articulação, entretanto, achou melhor se pronunciar e depois reagir ao tiro. O eleitor se inclina a não querer acusação sem resposta.

*Garoto propaganda – O governador Ricardo Coutinho já gravou mensagens de apoio aos seus candidatos nos principais municípios da Paraíba.

FALA CANDINHA!
Contagem regressiva
De Dona Candinha sobre o deputado Damião Feliciano: “Todo dia ele risca menos um dia no calendário”.

PONTO DE INTERROGAÇÃO
Quem é o candidato a vereador de João Pessoa preferido de Ricardo?

TRE-PB-juiz-jose-ferreira-ramos-juniiorPINGO QUENTE
“Eu agora tenho duas datas de aniversário”. Do juiz José Ferreira Ramos Júnior, dizendo que renasceu ao escapar de tentativa de assalto e homicídio, na BR-230.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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