Domingo passado, o deputado federal Jean Wyllys cuspiu na cara do também deputado federal Jair Bolsonaro. Cusparada foi dada durante a votação da Câmara a respeito do prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Um domingo de muita tensão entre os parlamentares e de extremo desrespeito à democracia.

Jean disse ter sido agredido verbalmente antes de cuspir. Acredito. E mesmo que não tenha sido naquele momento, sabemos que ele e todo o movimento LGBT são agredidos sistematicamente por Bolsonaro. A cusparada de Jean – estou certo disso – não pode sequer ser classificada como agressão. Foi uma reação. Eu também cuspiria.

Bolsonaro não quer uma comunidade gay ativa, consciente de seus direitos e que saiba cuspir. Ele prefere – e deseja – uma comunidade LGBT submissa, amedrontada e babando pelo canto da boca. Sim! Porque da boca de quem não sabe cuspir escorre saliva. A passividade frente a ataques homofóbicos permanentes combina com essa baba. E eu acho muito melhor cuspir do que babar…

Por muitos séculos, gays, negros, mulheres, gordos, nordestinos, pobres e muitas outras vítimas da opressão têm engolido calados o martírio da exclusão, do bullying e do desrespeito total. É possível (e doloroso) engolir calado uma agressão. A censura. O boicote. O controle. Mas, não dá para engolir calado a vida toda. Não sei se você engole. Eu prefiro cuspir.