Clientelismo, nepotismo e  oligarquismo são três dos agentes catalisadores da corrupção, mas não os principais. Para diminuir a corrupção no Brasil não basta reduzir os cargos públicos comissionados, reformar a lei e pagar bem a todas as categorias profissionais. Não mesmo!

Também não basta regular e fiscalizar  instituições do governo e suas relações com o privado… Carecemos é da essencial reforma de caráter.

Protagonista malévola do noticiário televisivo desta semana, servidora da AL de Goiás mostrou-se representativa da corrupção nossa de cada dia. Edinair Moraes recebia R$ 2 mil para bater o ponto e… não trabalhar.

Abordada por uma repórter na rua e tendo seu crime revelado, dona Edinair Moraes bateu em disparada (enquanto a repórter gritava – em seu encalço – ‘Senhora…! Senhora…!!!’). Virou meme. Centripetou-se no balde da corrupção nossa de cada dia.

Duas vidas. Em uma delas, um senhora de família, cheia de fé e rotina. Na outra, títere de corruptor.  Briquete tiritante.  Envenenada pela corrupção. Fez-me lembrar uma versão bizarra e criminosa da ‘velha senhora’ de Bertolt Brecht.

Dona Edinair remonta à corrupção lapidada pelos gregos e modernizada pelos romanos. Representa aqueles que estacionam irregularmente em vagas para deficientes físicos e também aqueles que furam filas e pagam propinas.

Dona Edinair – que luta pela sobrevivência na selva –  é um pouco de óleo nesta engrenagem maldita que nos corrompe.  É bandida sem perceber a dimensão do crime. Sem, quiçá, saber do crime! Antes fosse apenas uma velha senhora indigna… Mas, a corrupção não lhe deixou brecha… Dona Edinair, a corrupção nossa de cada dia.