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O grande encontro

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publicado em 22/05/2015 às 09h33

O que faz a diferença em um grande profissional?

Afinal, o que pesa mais? O talento ou a dedicação?

Tenho sempre me questionado sobre isso. E o veredicto preliminar é que a diferença realmente acontece no encontro dos dois – talento + dedicação.

De fato, fenômenos inovadores ocorrem na reunião de uma mente brilhante com a disciplina.

Infelizmente, este encontro é raro. E conheço muitos gestores que passam a vida tentando viabilizá-lo.

Pessoalmente, tenho sido um afortunado. Como minha filha Beatriz Ribeiro costuma verbalizar, somos iluminados também nesta seara.

Porém, testemunhei de perto algumas tentativas mal sucedidas de conviver com supostos grandes talentos. E dispor de seus serviços.

Os bons médicos, por exemplo, parecem sempre indisponíveis. E, mesmo quando se consegue enfim acessá-los, não é nada raro encontrar seus telefones desligados no momento em que mais se precisa de sua assistência.

Advogados e seus escritórios estelares talvez sejam, porém, os profissionais que melhor ilustram a aparente incompatibilidade entre a genialidade e a ação pragmática, dedicada, constante.

Eles são capazes de livrá-lo das acusações do demônio. Mas também podem deixá-lo no limbo eterno, roendo as unhas enquanto olha para o telefone que nunca tocará para orientá-lo sobre a audiência marcada para o dia seguinte.

Uma penitência análoga me foi relata por um amigo próximo. Era justamente dia anterior a audiência e o tal advogado brilhante, tão recomendado, não atendia nenhum da imensa lista de telefones celulares fornecido por seus assessores.

Desesperado, ele fez a última tentativa, discando para o número fixo de sua residência, localizada em estado vizinho. Enfim, ele atendeu.

– Estou tentando falar com você o dia inteiro, a audiência é amanhã cedo – disparou meu amigo para o seu genial advogado.

Do outro lado da linha, ele tentou tranquilizá-lo:

– Não se preocupe, está tudo certo.

– Como tudo certo? Não sei como anda o processo, o que será apresentado amanhã – retruca o amigo.

E o advogado arremata:

– Já estou a caminho de João Pessoa. Neste momento estou aqui em um restaurante de Goiana almoçando e logo mais seguirei viagem. Nos encontraremos daqui a pouco – garantiu o advogado.

Ele foi, porém, traído por seu brilhantismo. A indisciplina venceu, pois não atentou para um detalhe crucial: meu amigo havia discado para seu telefone fixo, o que inviabilizava portanto a veracidade das informações.

Não é preciso dizer que ele foi substituído.

Nem é preciso, também, admitir que entre os geniais e os competentes constantes, sempre apostarei na constância da competência.

O que não impede que se siga sonhando (de olhos bem abertos) com o grande e espetacular encontro.

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