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Acusados por morte do cinegrafista Santiago Silva deixam a prisão

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publicado em 20/03/2015 às 14h16

Caio Silva de Souza e Fábio Raposo, ambos de 23 anos, acusados de acender e atirar o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, em 6 de fevereiro de 2014, durante um protesto no Rio, foram liberados do Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio, nesta sexta-feira (20). Eles saíram no local nos carros dos advogados e sem falar com a imprensa. A informação foi confirmada pelo advogado Wallace Martins por volta das 12h15.

“Os dois saíram e eles vão descansar, afinal de contas passar um ano e um mês preso não é fácil, ainda mais em uma prisão como essa que foi injusta”, disse o advogado Wallace Martins.

Ao ser questionado sobre a quebra da regra, onde todos os presos saem do Complexo Penitenciário de Gericinó, Wallace Martins afirmou que quis preservar o cliente. “Justamente há uma concentração muito grande de mídia e nós tentamos evitar a exposição. Nós conseguimos. Eles vieram a pé até um determinado lugar e entraram no carro, advogado pode entrar de carro”, disse o advogado.

A dupla não foi solta na quinta-feira (19) por causa da falta de tornozeleiras eletrônicas. Segundo a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, o equipamento não é fornecido há quatro meses, por falta de pagamento.

Caio Silva de Souza e Fábio Raposo não responderão mais por homicídio qualificado, segundo a decisão anunciada por desembargadores em sessão realizada nesta quarta-feira (18). O Ministério Público afirmou que vai recorrer da decisão da Justiça.

Os ativistas respondiam por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, com uso de explosivo e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Depois da decisão, eles podem ser condenados, no máximo, por explosão seguida de morte. A pena, que variava de 12 a 30 anos, agora vai de dois a oito anos.

Entre as medidas cautelares impostas na decisão, ficou determinado o comparecimento periódico ao juízo; a proibição de acesso ou frequência a reuniões, manifestações, grupos constituídos ou não, bem como locais de aglomeração de pessoas de cunho político ou ideológico; proibição de manter contato com qualquer integrante do denominado “black blocs”; proibição de ausentar-se da comarca da capital; recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga, principalmente nos fins de semana e monitoramento eletrônico.

Repercussão

A filha de Santiago Andrade, manifestou sua indignação, por meio de seu perfil no Facebook, após a decisão da Justiça. Ela contou se sentir humilhada pela sensação de “não poder fazer nada”.
“Sou mais uma parcela da sociedade que passa a conviver com assassinos de um homem íntegro e justo em liberdade. É difícil, é doloroso, depois de um ano sem Santiago, a sensação de não poder fazer nada me corrói, me humilha. E lamento. Lamento não ser como os defensores, que perdoam dois assassinos, que transformaram em noites os dias de uma família com um simples voto. Se Caio e Fábio estão livres, lamento mais ainda desapontá-los, mas a minha batalha continua, até a última instância, estou preparada”, disse Vanessa.

A viúva de Santiago Andrade, Arlita Andrade, disse que está indignada. “Eu realmente estou muito magoada, eu espero que o mundo todo também se revolte, porque eu estou revoltada. Que Justiça é essa?”, questionou.

G1

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