Gustavo Moura inaugura exposição neste sábado na Academia Paraibana de Letras, celebrando Ariano Suassuna

Kubitschek Pinheiro

Uma exposição fotográfica com imagens em preto e branco de várias fases do escritor Ariano Suassuna, já é um bom motivo para sair de casa e fazer essa conexão com a Mostra ´Ariano Suassuna visto por Gustavo Moura´ neste sábado, às 18h, na sede da Academia Paraibana de Letras, localizada no centro da capital paraibana.

Pela primeira vez, a Academia Paraibana de Letras abre suas portas para uma exposição fotográfica, em uma justa homenagem a Ariano Suassuna, um dos maiores expoentes da cultura brasileira, por meio do olhar sensível do fotógrafo Gustavo Moura.  A exposição fica aberta até outubro. Depois, será itinerante.

Gustavo Moura abre a mostra com a escritora Ângela Bezerra – partiu dela a ideia de homenagear Ariano. Gustavo explora a vida do personagem como fez o músico Philip Glass  que ao ver de perto os garimpeiros em Serra Pelada, criou, uma música, cujo som imita o movimento dos homens procurando ouro com suas ferramentas – e deu o nome de  ´Serra Pelada´ a sua música – que nos remeter para as imagens de Gustavo Moura noutro Movimento, o  Armorial criado por Ariano.

As fotografias dialogam com o olhar e trazem o mestre de volta, seus caminhos, descansos, seu amor Zélia e a propagação de seu nome, alegrias nordestinas, raízes profundas na contribuição para a cultura brasileira As imagens são impressionantes e cada ângulo traz uma figura de Ariano solto, pinotando, que inspira e respira como se ele fosse mil em um.

A exposição foi idealizada e realizada pela professora Ângela Bezerra Castro, com quem Gustavo partilha a satisfação de homenagear Ariano Suassuna. “Já me sinto muito grato a Ângela Bezerra por esse impulso, uma mulher inteligente e sensível, que era admirada pelo autor de O Auto da Compadecida, diz Gustavo Moura

O exposição é resultado do trabalho da parceira com  Gustavo Moura com a  Iris Fine Art,  empresa que trabalha com impressão de cópias fotográficas de finíssima qualidade e também oferece molduras com um acabamento muito bom. É lá que GM faz a produção de seu trabalho – “meus parceiros que desde o início participa deste projeto”, registra

A exposição veio acontecer de uma maneira inusitada: “a professora Ângela  Bezerra  de Castro, foi certo dia, a empresa Irisfineart, com quem eu trabalho e sou amigo, parceiro, ela foi esclarecer algum assunto sobre uma reprodução fotográfica e no desenrolar da conversa, Ricardo Vasconcelos, falou sobre o acervo que eu realizei ao longo do tempo, sobre o Ariano Suassuna e ela pediu para fazermos uma reunião com a finalidade de conhecer este trabalho, foi muito rápido e em uma sintonia muita afinada que decidimos rapidamente realizar esta justíssima homenagem ao Mestre”, foca Moura.

Um time exemplar

“Sim. Juntamos um time exemplar, cheio de vontade de realizar em muito pouco tempo a exposição, que começou com a Íris ( Ricardo, Teresinha Vasconcelos, Tiago, Patrícia), o meu amigo, curador e parceiro Paulo Rossi a total receptividade, na pessoa do presidente da APL, Ramalho Leite e pra concluir Tânia abrindo as portas da APL, sem medir esforços. Sou só gratidão”.

Sonho realizado

Para Ângela Bezerra é a realização de um sonho: “como se estivesse entregando ao inesquecível Ariano um presente feito só para ele. E, com ele, a enorme gratidão por tudo que recebi desse escritor imortal, em atenção e afeto. Ariano me fez personagem em seu romance póstumo. Sou uma estudante que chega para entrevistar Dom Pantero”

Foto – Antonio David

Segundo a escritora Ângela Bezerra,  Ariano afirmava que Gustavo fez a foto mais linda dele com Dona Zélia. “Acho que Gustavo eternizou em suas fotos a expressões mais definidoras de Ariano e de seu Universo. Nessa diversidade de flagrantes, está Ariano por inteiro .Adoro todas as fotos , como se fossem um painel , Ariano multiplicado e Único”

De Ariano para Gustavo

“Minha casa, na Fazenda Carnaúba – que está na mão de minha família materna desde o século XVIII – é, para mim, uma espécie de lugar sagrado. Nele, o olhar agudo e de-artista de Gustavo Moura surpreendeu a mim e a Zélia no meio das Cabras e debaixo do pé de Umbu-Cajá que existe em seu quintal, mostrando o casal harmonioso que somos e fazendo justiça à beleza e bondade da minha mulher. É talvez por isso que, de todos os retratos que de nós fizeram, este é o que mais me toca e mais me comove.”, escreveu Ariano Suassuna

Para Carlos Newton Júnior, autor do texto que acompanha a mostra, “Através do olhar de Gustavo Moura, reencontramos o olhar visionário de Ariano. O semblante feliz do escritor que dedicou ao povo brasileiro toda a força da sua intuição criadora. As expressões do quixote sertanejo que procurou corrigir os desconcertos do mundo com as duas armas simples e eficazes que ele próprio concebeu, o riso a cavalo e o galope do sonho. Os gestos do realista esperançoso que se preocupou em criar cabras e cultivar amigos. O sorriso de quem estava consciente de que cumprira uma missão.”.

Na casa de Dona Carminha

A sensação que se tem é que Gustavo Moura fotografa para salvar a imagem. Nasceu para isso. “Comecei a fotografar no final da década de 70 do século passado, tive o privilégio de no começo de tudo fui muitíssimo bem acolhido pelo espetacular fotógrafo (saudoso) Roberto Coura, que abriu sua casa e o laboratório na casa de Dona Carminha( mãe de Coura) e aí eu aprendi tudo que foi possível assimilar, sobre fotografia em preto e branco, me encantei e decide ser fotógrafo, a questão da fotografia preto e branco realizado com filme, o processo analógico tem outra maneira de acontecer, isso me fascina e eu continuo trabalhando dessa maneira ainda hoje, mas não tenho nenhum distanciamento dos outros processos que são maravilhosos e muitas vezes complementares. Quando faço um trabalho em cor, ela tem uma razão muito forte que me chama muitas vezes, para mim, a cor é um mote. Gosto mesmo de fotografar, mas dependendo dos assuntos, luz do ambiente e tantas outras considerações é que eu faço a minha opção estética..”, fecha Gustavo Moura

SERVIÇO
Exposição “Ariano Suassuna visto por Gustavo Moura”
Abertura: 14 de junho de 2025 (sábado)
Horário: 18h
Local: Academia Paraibana de Letras (Rua Duque de Caxias, 37, Centro.

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