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Jornalista, cronista, diácono na Arquidiocese da Paraíba, integra o IHGP, a Academia Cabedelense de Letras e Artes Litorânea, API e União Brasileira de Escritores-Paraíba, tem vários publicados.

Um poeta  esquecido

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publicado em 02/08/2023 às 07h00
atualizado em 01/08/2023 às 17h44

 

A arte nos aproxima de antigas civilizações e com maior efervescência ao período glorioso dos gregos e romanos que moldaram o pensamento Ocidental. Essa sensação de proximidade proporcionada pela Arte e a Poesia sempre ocorre quando visito algum templo de feições antigas.  

 Essa sensação eu tive por ocasião das homenagens póstuma que a Academia Paraibana de Letras prestou ao poeta Paulo Galvão, quando de sua morte, há sete anos.  

Conhecia este poeta de longe e pelo o que escrevia. Sem que seus poemas me arrastassem a formular uma opinião. Meu contato era de ouvir dizer, arrolado em conversas à porta de livraria, em lançamento de algum livro. Mas sempre o tendo como um bom poeta.  

Entretanto, depois dos depoimentos do historiador Humberto Melo, do poeta/compositor Carlos Aranha e do escritor/médico Astênio Fernandes, fui atrás da obra de Paulo Galvão e, num final de semana, degustei o livro Corpo transitório, ao qual tive acesso na biblioteca do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.  

A arte nos aproximou. Porque a arte é uma conjugação de emoções que move o sentimento humano. A arte aproxima as pessoas por mais distante que estejam. Os poetas entendem isso, e nos atraem por meio de seus poemas.   

Mais do que um tributo ao médico e poeta paraibano falecido em 2016, o evento em sua memória transformou-se em um encontro literário de alto nível. A começar pelas exposições dos convidados a dissecar sobre a vida do acadêmico e a análise da obra dele feita pelos palestrantes, deram a dimensão de que a arte é necessária para aproximar as pessoas.  

Ainda sem ocupar lugar de destaque na galeria dos poetas conhecidos, pouco estudado e com presença discreta nos suplementos de cultura da Paraíba, Paulo Galvão certamente não ficará apenas na imortalidade da Academia Paraibana de Letras. Mas esse, em sua memória, proporcionou conhecer detalhes da vida e da produção literária deste poeta de fina sensibilidade.  

Baseando-me nas palavras escutadas naquela noite, busquei suas obras e, numa leitura preliminar, percebemos que Paulo Galvão integra um escol de elevado poder de criação poética.  

Se o historiador Humberto Melo, no alto de sua capacidade interpretativa de fatos da história e da vida cotidiana da Paraíba, nas últimas décadas, nos apresentou, Paulo Galvão, como um homem singular e familiar. Por sua vez, Carlos Aranha nos levou a pensar como a Paraíba esquece seus talentos. “Paulo Galvão precisa ser resgatado, ou melhor, ser relançado”, disse o autor de Nós, an insight.  

O médico e escritor Astênio Fernandes, na mesma ocasião, trouxe ao conhecimento da plateia apontamentos que nos ajudaram a compreender o valor da obra literária de Galvão. Ele leu trechos de um estudo crítico de autoria de Gilberto Mendonça Teles, igualmente poeta e estudioso da Literatura Brasileira, para quem o paraibano é “um requintado artista da palavra e esteta da linguagem”.  

Goethe nos ensina: “Quem quiser compreender um poeta, deve pôr-se sob o seu domínio”.  

Cabe-nos escavacar na história da literatura paraibana qual a posição Paulo Galvão ocupa, mesmo que, não sendo lembrado como o devido merecimento, sabemos que os poetas se encantam para renascer na neblina que faz brotar as flores em cada amanhecer.  

 As instituições deveriam ajudar na preservação da memória e abrir caminhos para que possamos aprender a viver “sob o domínio” da arte.  

Desse modo poderíamos corresponder a opinião do poeta alemão.  

Como arquiteto da palavra, o poeta sobrevive quando sua obra é refletida.  

Paulo Galvão bem que poderia ser mais divulgado, entrar na programação cultural das universidades e escolas com o patrocínio do governo. Pena que o debate sobre sua obra poética esteve apenas naquela noite quando se fazia memória pela passagem do trigésimo dia de sua morte, e nunca mais se falou nele.  

Temos outros nomes que poderiam estar sendo discutidos e estudados.  

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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