João Pessoa, 25 de março de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
MAISPB ENTREVISTA

Renato Vieira faz homenagem a Manoel Barenbein com ‘O Produtor da Tropicália’

Comentários: 0
publicado em 25/03/2023 às 12h14
atualizado em 26/03/2023 às 05h09

Kubitschek Pinheiro MaisPB

Tudo começou com Manoel Barenbein, o homem que avançou no tempo e esbarrou na Tropicália, onde exerceu papel de produtor. Manoel Barenbein é o personagem principal do livro “O Produtor da Tropicália – Manoel Barenbein” (com selo da Garota FM) do jornalista e pesquisador musical mineiro, Renato Vieira. Barenbein está nos álbuns clássicos, de um movimento que revolucionou o Brasil e lá fora.

Tudo começou com Renato Vieira, que ao saber que o mestre Manoel Barenbein, estava se mudando do Brasil para Israel, no ano que o disco Tropicália chegou aos 50 anos – rodando nas vitriolas, foi até Barenbein, onde tudo começou.  

Baseado no podcast de mesmo nome que foi ao ar pela série Discoteca Básica, a obra é um documento necessário, recheado por entrevistas de Barenbein, em que ele conta a Vieira como nasceu a concepção dos trabalhos históricos e a convivência com Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Gal Costa, João Gilberto, Jorge Ben, Mutantes e Maria Bethânia.

Com prefácio de Gilberto Gil, “O Produtor da Tropicália” traz ainda conteúdo extra, entrevistas inéditas sobre os trabalhos que Barenbein fez com Erasmo Carlos, Nara Leão, Rogério Duprat, Ronnie Von, Claudette Soares e Jair Rodrigues.

Neste livro, Manoel fala de seu trabalho como produtor a Renato Viera e relembra vários momentos daquele tempo em que trabalhamos juntos. Uma bela maneira de perpetuar o legado de uma pessoa admirada por todos nós. Aquele abraço, Manoel”, escreve Gil no prefácio.

No livro ‘Verdade Tropical’, Caetano Veloso destaca Barenbein ao afirmar que ele “comprou a briga dos tropicalistas com carinho e determinação”.

Editado pela Garota FM Books, da jornalista e escritora Chris Fuscaldo o livro foi lançado em São Paulo, onde está radicado o autor e no Rio. E certamente vai chegar ao Nordeste.

Gilberto Gil e Caetano Veloso, completaram 80 anos o ano passado bem como o próprio Barenbein (Gil em 26 de junho, Caetano em 07 de agosto e Manoel, em 07 de setembro).


Quem é Renato Vieira

Renato Vieira tem passagens pela TV Bandeirantes, Jornal O Tempo (Belo Horizonte) e O Estado de São Paulo. Pesquisador musical, assinou a curadoria e textos de reedições especiais ou compilações de Belchior, Gilberto Gil, Elis Regina, Ney Matogrosso, Jorge Mautner, Novos Baianos e Tom Zé, além da pesquisa e edição do livro “Foi Assim” (Ed. Record), autobiografia da cantora Wanderléa. É autor de “Tempo Feliz – A História da Gravadora Forma” (Ed. Kuarup), lançado em 2022, e fez a pesquisa de imagens da fotobiografia de Gal Costa, lançada em 2021.

Leia a entrevista que o autor concedeu ao MaisPB, com histórias a mais sobre o Tropicalismo, suas nuances e avanços na história da cultura brasileira

MaisPB – O livro em formato de entrevista com Manoel Barenbein já é um sucesso, pois traz tudo que o leitor quer saber sobre Tropicália, cujo personagem é ele e muito mais, não é?

Renato Vieira – Eu fico feliz de você já anunciar o sucesso da obra. Acho que o livro traz a visão do produtor, porque a Tropicália tem vários livros, tem filmes, os próprios artistas já falaram e faltava essa visão com essa pessoa que produziu. O Manoel Barenbein foi quem acompanhou todos os artistas, bem próximos uns dos outros. Eu acho bacana ter esse livro por uma visão que a gente viu muito pouco – esse é o grande trunfo do livro.



MaisPB – Como você chegou até Manoel, já eram amigos?

Renato Vieira – Eu conheci Manoel em 2018, ele estava indo embora do Brasil e morávamos  m São Paulo, ai decidi fazer uma matéria com ele, justamente nos cinquenta nos do disco Tropicália eu fiz matérias com ele para o Estadão. Veio a pandemia eu propus a dele fazer um podcast. Os programas foram acontecendo pelo Podcast Discoteca Básica, que entrou na grade deles e cada episódio era um artista.

MaisPB – O livro “O Produtor da Tropicália – Manoel Barenbein” é bem maior que pensamos, com os álbuns de um movimento, que até hoje despertam curiosidades. Vamos falar sobre isso?

Renato Vieira –Na verdade, eu decidi fazer o podcast, bem independente, à distância, eu aqui e ele em Israel, mas deu tudo certo, foram nove episódios, cada episódio ele contava a história dele com um artista e fiquei bem feliz com o resultado. Foi quando o jornalista Chris Fuscaldo da Editora Garota FM, me procurou, para saber se eu topava transformar esse material num livro. Conversamos eu e o Manoel, e topamos.

MaisPB – Então, o podcast foi avanço para para seu livro?

Renato Vieira Sim, o Manoel é uma pessoa muito importante. Como falei na primeira pergunta, ele não tinha falado ainda, nem se tinha jogado luz sobre ele

MaisPB – Está explicito no livro o afeto de Manoel Barenbein pelos artistas, e deles com MB, mas Caetano Veloso se ressalta mais, era o mais ligado a ele?

Renato Vieira – As histórias são muito boas. Tem a história da canção Dora, que acabou não gravando. O Manoel pedia para Caetano gravar Clarice, que ele não queria, mas eu acho que o carinho é igual, ele gosta de todos os artistas. Gosta muito da Claudette Soares, eles se falam até hoje, gosta muito do Chico (Buarque) mas com o Caetano (Veloso) por ele ser um dos expoentes da Tropicália, as histórias ali são muito boas.

MaisPB  – Como aconteceu o convite de Gilberto Gil para fazer o prefácio?
Renato Vieira  – A jornalista Chris Fuscaldo estava trabalhando no Museu Digital de Gil, ai entramos em contato com a produção dele e veio esse presente. É muito bom ter um artista como Gilberto Gil, da estatura do Gil, prefaciando esse livro. Eu estou muito feliz com isso.


MaisPB  – Manoel Barenbein também fez trabalhos com Erasmo Carlos, Nara Leão, Rogério Duprat, Ronnie Von, Claudette Soares e Jair Rodrigues. Vamos abrir uma janela sobre essa parte?

Renato Vieira – Bom, Erasmo, Duprat, Claudette, Nara e Jair são artistas que não estavam no podcast inicial, mas abamos incluindo no livro porque são artistas muito importantes e relevantes. Com Erasmo Manoel  fez vários discos, inclusive o “Carlo Erasmo” de 1971 que é um clássico e com Claudette ele faz várias coisas

MaisPB – Ele foi citado em várias canções como “Viva o Mané!” por Erasmo, em “Oba, Lá Vem Ela”,  que Jorge Bem Jor fala final da canção “Está acabando, Manoel, e eu estou de olho nela!”. E tem outras né?

Renato Vieira  Sim, Manoel é um personagem da maior importância.

MaisPB – Onde está Manoel Barenbein, o que ele achou do livro?

Renato Vieira  – Ele está morando em Israel. Ele ficou muito emocionado com o livro essa era minha missão, a mais importante

MaisPB – A gente tem percebido que muitas coisas estão chegando no seu tempo, como 50 anos do Clube da Esquina, mais de 50 do Tropicália etc . Isso é muito bom para a história da MPB?

Renato Vieira  – Sobre essa história de cinquenta anos,  Tropicália este ano fez 55 anos, não sei se é uma questão bom ou ruim. A minha missão e a de vários colegas é produzir memorias. Eu acho que no Brasil de hoje, que tem poucos recursos, produzir memórias é um ato de contracultura, um ato de resistência.

MaisPB – É a nossa história sendo escrita, né?

Renato Vieira –   Sim, a história da gente precisa ser escrita, muito bem escrita. É claro que a música brasileira é muito boa e não adianta a gente ficar só olhando para trás, mas a gente precisa rescrever sobre o que passou para saber o que veio antes. A Tropicália sempre foi muito falada mas não  se tinha a visão do produtor e isso é muito importante.  

 

Leia Também