João Pessoa, 09 de novembro de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
RESGATE

Releia a última entrevista de Vanusa ao jornalista Kubitschek Pinheiro do MaisPB

Comentários: 0
publicado em 09/11/2020 às 16h57
atualizado em 09/11/2020 às 14h24

Em 2015 entrevistamos a cantora Vanusa, que faleceu nesse domingo (08), publicada da capa do Caderno de Cultura do Jornal Correio da Paraíba em 26 de setembro de 2015.  Depois de duas décadas sem entrar em estúdio, ela não só ganharia o relançamento de duas caixas com seus discos da década de 1960 e 1970, pelo selo Discobertas, do Marcelo Froes (foto com ela), como gravou o último CD, em Outubro daquele, que leva seu nome: Vanusa Santos das Flores, com o selo da Saravá, de Zeca Baleiro. A primeira caixa traz quatro discos que ela gravou entre 1967 e 1973. A segunda traz o álbum de 1974, que tem “Sonhos de um palhaço”, de Antonio Marcos e Sérgio Sá. Os discos têm faixas extras de compactos, além de capas raras nos encartes. O MaisPB resgata a entrevista com Vanusa. A conversa foi por telefone e Vanusa falou de sua casa na cidade paulista de Santa Cecília. Ela também lembra os dias em que esteve internada numa clínica após o momento ruim em que cantou errado o Hino Nacional. Quem é Vanusa?  “É uma mulher muito amorosa, era braba, por que tinha de ser, mora sozinha com meu cachorro, faça caminhadas e sou feliz, muito feliz”

1 – Qual foi sua reação quando Marcelo Froes lhe comunicou que a Gravadora Discobertas, iria lançar dois box com seus discos dos anos 60 e 70?

Vanusa – Olha, você sabe que ele nem me falou. Ele mandou para minha casa as duas caixas, juntas com as caixas de Antonio Marcos. Eu fiquei muito feliz, chorei de alegria. Lançar um trabalho com meus discos de carreira, foi tão bom. Eu não aguento mais coletâneas. Foi um presente para os fãs e para mim também.

2 – Você gostou do resultado, seus discos remasterizados com algumas faixas bônus?

Vanusa  – Gostei demais. Fiquei dois dias ouvindo sem parar e terminei redescobrindo canções que eu nem me lembrava mais. Chorei ouvindo cada disco. Está sendo um momento muito valioso para mim. Tenho uma amiga que já procurou em várias lojas e está esgotado. Eu tenho uma fã de 16 anos que me segue no Twitter, que ela ganhou uma caixa da mãe e disse que se não ficar em recuperação, vai ganhar a outra. Já imaginou, que coisa bonita?

3 – Na segunda caixa, de 1974 a 1979, você gravava Caetano Belchior, Luiz Melodia, João Bosco e Aldir Blanc, Luiz Gonzaga e outros compositores famosos. Já era um avanço em sua carreira, não é?

Vanusa – Olha, eu comecei cantando Iê-Iê-Iê (que foi usado como denominação do rock’n’roll brasileiro da década de 1960) Aliás, comecei a cantar com 19 anos e meu grande sucesso foi Pra nunca mais chorar. Eu era da turma de Eduardo Araújo, Silvinha, Tony Angelis e Os Incríveis,nunca fui da Jovem Guarda, mas nos anos 70 quando comecei a amadurecer, mudei e logo cheguei perto desses consagrados compositores. Até então eu não  escolhia o que ia cantar, mas depois só cantei quem eu quis.

4 – Agora em 2015 o pais celebra os 50 anos da Jovem Guarda, você tem muitas lembranças desse tempo já que não era sua patota?

Vanusa  – Tenho muitas lembranças, sim. Nós tínhamos um programa de TV e Roberto Carlos tinha o dele, que era o Jovem Tarde de Domingo, mas não convidava a gente. Um dia fui convidada e cantei lá, uma única vez, mas logo esses programas se acabaram. A Jovem Guarda teve grande importância para a música brasileira. Eu gosto muito do Rei.

5 – É lindo você cantando “Paralelas” de Belchior. Você ainda canta essa canção sozinha dentro de casa, na rua ou em shows.

Vanusa – Eu amo essa música. Estou há vinte anos sem fazer shows. O ano passado fiz apenas três shows e este ano dois. Estava precisando dar uma descansada. Não é fácil vida de artista. Teve um tempo aí que meu Facebook foi invadido por um Hackear e foi péssimo, nunca me senti tão mal. Mas Paralelas está em minha cabeça, na minha voz.

6 – No CD Vanusa de 1974, que está nesse box da Discobertas, você canta “Sonho de um palhaço” de seu marido Antônio Marcos e Sérgio Sá. Essa canção marcou muito sua vida?

Vanusa  – Ah, nem lhe conto. Antonio Marcos chamou Sérgio Sá lá para casa  e fizeram essa canção. Depois me chamaram  para ouvir e disseram: fizemos e vamos dar para Elis Regina gravar. Eu briguei na hora, disse que a música era minha e que Elis não iria gravar. E fui logo avisando: ou me dá a canção ou não dorme mais comigo. E ele foi dormir no sofá da sala. Até que alguns dias depois ela chegou e disse: “Sonu”, que era assim ele me chamava e me deu a letra e gravei. Naquele tempo todo mundo queria que Elis gravasse uma música sua.

7 – “Outubro” de Milton Nascimento, foi lindo em sua voz. Como aconteceu a oportunidade de gravar essa canção?

Vanusa – Eu amo Milton. Tenho todos os discos dele. Essa está no álbum Paralelas. Pedi e ele disse que eu gravasse. Milton é um dos maiores artistas deste país.

8 – Avôhai, você gravou antes de Zé Ramalho, não foi?

Vanusa  – Sim, conheci Zé quando eu ainda estava casada com augusto Cesar Vanucci, que era diretor musical da Globo. Ele tinha acabado de chegar da Paraíba e foi falar com Vanucci, que pediu que ele mostrasse alguma canção e Zé cantou  Avôhai. Eu ouvi e fiquei louca pela canção. Fomos jantar e ele me deu a música. Inclusive, quem toca violão na minha gravação é ele. Somos amigos até hoje. Ele é um grande artista.

 9 – Como foi essa alegria de quando você estava internada numa Clínica e o Zeca Baleiro lhe procurou dizendo que queria lançar um disco novo seu pelo selo Saravá, dele?

Vanusa – Isso é uma longa história. Esse cara em salvou. Eu estava internada numa clínica de recuperação, tomava remédio para dormir e remédio para acordar. Eu não queria mais cantar. Para entrar na Clínica precisa ter uma senha e ele conseguiu com minha filha Areta. Eu nunca tinha visto ele pessoalmente e começou a me ligar de 15 em 15 dias e ai eu fiquei boa. O Zeca baleiro é uma pessoa que salva outras pessoas. Meu disco está pronto e se chama Vanusa dos Santos das Flores, que é meu nome. Vamos lançar depois do Rock in Rio

10 – Como estão os  filhos, Rafael, Areta e Amanda, nenhum enveredou pela lado música?

Vanusa  – Só o Rafael, era o produtor musical do Cristiano Araújo que morreu recentemente. Mas ele não quis voltar para São Paulo, está lá em Goiás e já trabalhando com outros artistas. E minhas filhas estão bem com suas vidas.

12 – Quem é Vanusa?

Vanusa – É uma mulher muito amorosa, era braba, por que tinha de ser, mora sozinha com meu cachorro , faça caminhadas e sou feliz, muito feliz.

MaisPB

Leia Também

MaisTV

Ministério Público cobra fiscalização e pede prisão para poluidores das praias

LANÇAMENTO DE ESGOTOS - 16/05/2024

Opinião

Paraíba

Brasil

Fama

mais lidas