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Venezuelanos realizam atos contra e a favor de Maduro

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publicado em 23/01/2019 às 09h08
(Foto: Yuri Cortez / AFP)

Em um clima de tensão, os venezuelanos voltam às ruas na tarde desta quarta-feira (23) para se manifestar contra ou a favor do governo do presidente Nicolás Maduro.

Porém, durante madrugada, protestos nas áreas mais pobres de Caracas deixaram uma pessoa morta, de acordo com a Rádio França Internacional (RFI). Os atos ocorreram em 63 bairros da capital venezuelana, de acordo com o Observatório Venezuelano de Conflito Social.

No distrito de Catia, próximo ao palácio Miraflores (sede do governo), jovens fizeram barricadas e gritaram palavras de ordem contra o governo Maduro. O deputado da oposição Juan Manuel Olivares afirmou que cinco pessoas foram baleadas e pelo menos uma estava em estado crítico. A informação não pôde ser confirmada pela Associated Press.

Oposição

A oposição, presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, escolheu o dia 23 de janeiro para o protesto porque nesta data, em 1958, o ditador venezuelano Marcos Pérez Jiménez deixou o poder.

Do outro, estão os chavistas que sairão de três pontos de Caracas em defesa de Maduro e contra a “ingerência estrangeira” no país.

As duas marchas não correm o risco de se encontrar, mas os moradores de Caracas estão preocupados com o que pode acontecer ao longo do dia, segundo relato da RFI. Em 2017, violentos confrontos durante manifestações deixaram mais de cem mortos no país.

A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodriguez, afirmou que “o governo bolivariano está agindo” e será “muito rigoroso com as regras para evitar a perturbação da paz pública”, de acordo com o jornal “El Universal”.

Rodriguez disse ainda que grupos terroristas financiados por setores extremistas da direita “optaram pelo caminho do golpe de Estado, desestabilização e pretendem retornar às páginas escuras da violência”.

Crise

A situação sócio-econômica do país se degrada e motiva as manifestações, que antes eram isoladas e por motivos pontuais como a falta de fornecimento de água ou de gás. A população tenta sobreviver a uma hiperinflação, que este ano deve chegar a 10 milhões por cento segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O aumento salarial de 400% anunciado por Nicolás Maduro fez com que os preços disparassem ainda mais. Muitos venezuelanos continuam fugindo do país como podem. Quem permanece se pergunta quando a situação irá melhorar.

Apoio dos EUA aos opositores

Os atos espontâneos ganharam força na segunda-feira (21) após a revolta de um dos regimentos da Guarda Nacional Bolivariana, em Cotiza, um bairro pobre no norte da capital.

À agitação provocada pela rápida insurgência se somou a uma sentença do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ, que é governista), que declarou “nulos” todos os atos aprovados pela Assembleia Nacional desde 5 de janeiro.

Na terça-feira (22), o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, divulgou um vídeo em que reafirma o apoio aos opositores do regime e encorajou as manifestações contra o governo chavista.

Nicolás Maduro acusou o vice de Donald Trump que de ordenar um golpe de Estado contra seu governo.

“O que fez o governo dos Estados Unidos através do vice-presidente Mike Pence, de dar ordens para a execução de um golpe de Estado fascista (…), não tem precedentes na história das relações entre Estados Unidos e Venezuela em 200 anos”, disse Maduro nesta terça-feira em mensagem à Nação.

Ele ordenou ao chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, que faça “uma revisão total das relações” com os Estados Unidos para tomar decisões nas próximas horas de “caráter político e diplomático” em defesa da Venezuela.

Maduro tomou posse para um segundo mandato presidencial no último dia 10. A oposição política venezuelana e diversos países – entre eles, os Estados Unidos, o Canadá e os membros do Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte – não reconhecem a legitimidade do novo mandato de Maduro. A Organização dos Estados Americanos (OEA) também declarou, no dia da posse, que não reconhece o governo do socialista.

G1

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