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Menino é arrastado em chão de cascalho de escola por ser gago, acusa mãe

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publicado em 17/11/2015 às 10h22

Uma esteticista acusa a direção de uma escola municipal em Ribeirão Preto (SP) de omissão por não adotar medidas para evitar que seu filho de 8 anos sofresse bullying por ser gago. Na última semana, o garoto chegou a ser arrastado pelas crianças sobre cascalhos. A Polícia Civil e o Ministério Público investigam o caso.

Em nota, a Secretaria da Educação informou apenas que instaurou uma sindicância para apurar fatos, e que a família do menino está recebendo todo o apoio necessário.

Essa, porém, não é a versão apresentada pela mãe do garoto, Viviana Ribeiro, de 40 anos, que procurou o Ministério Público e o Conselho Tutelar nesta segunda-feira (16), solicitando apoio na investigação do caso, bem como auxílio para transferir o filho de colégio.

Viviana contou que o filho estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Paulo Monte Serrat há dois anos. Desde janeiro, porém, o menino passou a dizer que estava sendo alvo de piadas constantes, por parte dos colegas de sala, por causa da gagueira.

“Primeiro, começaram falando que ele era gago, fazendo piadinha. Chamavam ele de gago, diziam que era burro. Depois, começaram a empurrar. Até que, há dois meses, jogaram ele em cima de uma catraca. Ele ficou com um hematoma gigante na virilha”, afirmou.

A mãe disse que relatou o fato à direção da escola e sugeriu uma reunião com os pais dos alunos agressores, no sentido de conscientizá-los sobre o respeito às diferenças e a prática de bullying. Entretanto, a ideia não teria sido acatada.

Violência
Segundo Viviana, a situação continuou se repetindo até que, na última terça-feira (10), o filho saiu do colégio com marcas de arranhões nas costas e dizendo que havia sido arrastado por cinco colegas sobre cascalhos dentro da unidade escolar.

Inconformada, a mãe afirmou ter procurado a direção da escola no dia seguinte, mas não obteve sucesso. “A diretora disse que não poderia fazer nada porque estava fazendo um relatório para a Prefeitura. Eu achei aquilo um absurdo”, reclamou.

Entretanto, a mãe disse ter ficado ainda mais revoltada, depois que o filho chegou da escola relatando que havia sido castigado pela diretora. “Depois que eu fui embora, ela chamou os cinco que bateram nele e mandou todos lerem um texto. Como ele tem dificuldade de leitura, foi colocado de castigo”, afirmou.

Viviana registrou um boletim de ocorrência sobre a agressão. O menino passou por exame de corpo de delito e, desde então, tem se recusado a voltar para o colégio. A esteticista disse que procurou a Secretaria da Educação para solicitar a transferência do filho, mas foi informada de que não há vagas em uma unidade próximo ao local onde ela trabalha.

“Não tem como eu falar que as crianças têm culpa, porque elas não têm informação. Os pais também não têm culpa porque não foram acionados, não sabem o que está acontecendo. A única culpada por tudo isso é a direção da escola, que não soube lidar com o problema”, disse.

Sem respostas
O G1 questionou a assessoria da Prefeitura de Ribeirão Preto sobre a versão apresentada pela mãe, de que a diretora teria castigado o menino após o episódio de agressão, mas a administração se negou a falar sobre o assunto.

A Prefeitura também não se pronunciou em relação às medidas adotadas para incluir o aluno com gagueira em sala de aula. Em nota, a administração limitou-se a informar que está apurando os fatos, e que preserva a imagem e a integridade do garoto.

“A Secretaria Municipal da Educação está instaurando uma sindicância para apurar fatos e responsabilidades, assim como preservar a imagem e integridade da criança. Todo apoio necessário à família está sendo prestado”, diz o comunicado.

G1

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