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Ex-deputado federal, empresário e escritor. E-mail: [email protected]

Faz o L que o buraco é mais embaixo

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publicado em 03/01/2024 às 10h22

Alguém já afirmou que, para quem está no buraco a melhor saída é deixar de cavar.

Neste país se pratica o contrário – quanto mais se afunda mais se cava. O ativismo ideológico de quem não sabe conduzir o país, ostenta o lema, gastar mais sem se preocupar com elevadíssimo déficit orçamentário que atinge níveis insanos e irresponsáveis.

 

Pelos dados que se veem ninguém segura este país. Ninguém. Parece que o virou um cabide, balança, balança, mas um dia cai.

 

Quem faz o L é imediatamente remunerado. Que o diga os artistas ricos que receberam em 2023 mais de 16,5 bilhões de reais pela Lei Rouanet. Os políticos receberam no mesmo ano 34 bilhões de emendas parlamentares. É só fazer o L.

Felizmente muitos deles continuaram votando corretamente. Derrubando vetos e aprovando matérias importantes. Estes, realmente estão nos representando.

Recentemente conversando com um colega de legislatura da Câmera dos Deputados de 1991-1995, lembramos às dificuldades que tínhamos para liberar uma simples emenda no valor de 200 ou 300 mil reais para uma prefeitura. E fizemos isso em prol do povo paraibano, principalmente os sertanejos.

Hoje existe até a emenda Pix, facilitando a vida de quem a recebe.

Participamos da Câmera Federal de uma época em que contava com a presença de Ulisses Guimarães, Roberto Campos, Delfim Neto, Luiz Eduardo Magalhães, Nelson Jobim, Abiakel, Inocêncio Oliveira que muito honraram o Congresso Nacional.

Esse Congresso era independente e outro poder não ousava interferir em suas decisões. Foram cassados o presidente Collor, os sete anões do orçamento, o deputado João Alves que era sorteado sempre na Loteria Federal para encobrir suas falcatruas, o deputado Hidelbrando que assassinava seus adversários com motosserra lá no norte do país e ainda o próprio Ibsen Pinheiro, que presidiu o impeachment de Collor.

Naquela época tínhamos um Congresso forte e independente onde eram cumpridas a regras constitucionais, diferentemente de hoje que adotaram um poder judiciário superior a todos.

O ex-ministro do STF Ayres Brito, afirmava com todas as letras: “Não há um Supremo Legislativo, nem um Supremo presidente da República. O Supremo Tribunal Federal é o Supremo entre os Tribunais não há um poder supremo no país, todo poder é controlado pela lei, e emana do povo. Se um poder se diz Supremo ele não responde a ninguém, assim ele não responde também nem a lei e nem a nós.”. IMPOSSÍVEL.

Assim o poder legislativo tem obrigação de assumir as suas legítimas funções previstas em nossa constituição. Se não assumir não merecerá o respeito do povo brasileiro. Mais respeito para o povo que paga as contas do Brasil, mais respeito para os trabalhares, para as mulheres, os idosos e as crianças, que não sabem ainda desse chavão “país do futuro”, com tanta a gente afundado e outro bando levando a melhor.

Pois é, quanto mais se afunda, mais se cava.

Mais respeito com o nosso país, que despenca a olho nu.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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